FOGO SOB ENCOMENDA

Ataques nos últimos dias são pressão por concessões em Pedrinhas

Ações foram ordenadas por líderes de facções criminosas de dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas

O grande causador dos ataques a ônibus realizados na última quinta-feira, dia 19, e ontem em São Luís é o crime organizado no Complexo de Pedrinhas. Uma das facções que comandam o crime organizado estaria pressionando as autoridades por concessões dentro de Pedrinhas.
O Imparcial apurou que nos últimos dias as reivindicações das facções criminosas foram negadas pela direção do sistema, ocasionando a ordem para incendiar ônibus pela capital maranhense. O modus operandi dos bandidos é bastante parecido com o que ocorreu em 2014, quando vários ônibus foram queimados em São Luís.
O secretário de Segurança Pública, Jefferson Portela, confirmou a motivação dos ataques, ressaltando se tratar de represálias dos criminosos às ações que as polícias vêm realizando com mais intensidade. Segundo ele, a polícia tem focado na prisão dos grandes traficantes e no fechamento das chamadas ‘bocas de fumo’ nos bairros, além das interceptações e apreensões de armas e drogas, causando, assim, grandes prejuízos às organizações criminosas.
Principais Causas dos Ataques
1. Itensificação das revistas no transporte coletivo
2. Maior combate às drogas feito pela polícia
3. Divisão interna do grupo criminoso dentro de Pedrinhas
4. Não atendimento às reivindicações das facções no sistema penitenciário
Ajuda Federal
Em seu perfil no Twitter, o governador Flávio Dino informou que fez contato com ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e que logo teria definição se pediria ou não ajuda federal em relação aos ataques registrados em São Luís desde a quinta-feira (19). À tarde, Dino esteve reunido com a administração do sistema penitenciário.
Cidade sem ônibus
Ônibus incendiado na noite de sexta-feira no Residencial Nova Terra

Novos ataques a ônibus registrados no início da noite levaram o Sindicato dos Rodoviários a suspender completamente o transporte coletivo em São Luís, ao contrário do que próprio sindicato havia informado anteriormente, que se houvesse algum incidente, o transporte seria suspenso somente nas imediações da ameaça.

Um ataque foi à linha Vassoural, na região do Parque Jair; e outro foi à linha Nova Terra, na estrada de São José de Ribamar. Não há informação de feridos, mas no Parque Jair o fogo atingiu residências.
Segundo o presidente do sindicato, Isaías Castelo Branco, toda a diretoria dos Rodoviários foi convocada para reunião hoje no início da manhã. Com isso, muito provavelmente a cidade deve amanhecer sem transporte. “Não há mais condições de manter a frota nas ruas”, disse.
Policiamento
De acordo com o secretário de Segurança Pública, Jefferson Portela, "Acionamos todo o recurso ostensivo para cobrir a Região Metropolitana e garantir  a tranquilidade e o direito de ir vir da população".
Para coibir essas ações, o secretário de Segurança Pública do Maranhão, delegado Jefferson Portela, mobilizou grande contingente policial. Após reunião com o governador Flávio Dino, a Secretaria de Segurança traçou estratégias para mobilizar a Polícia Civil e Militar em localidades específicas para a prisão de criminosos.
“A força do Estado não vai permitir o retorno dessas ações violentas. Todo o contingente policial do Maranhão está mobilizado. A Polícia Civil e a Polícia Militar atravessaram a madrugada e continuarão o dia inteiro, estabelecendo revezamento, se for o caso. Neste momento, o sistema atua integralmente, em conjunto”, esclareceu.
A Polícia Civil e Militar do Maranhão segue com operações em toda a cidade, segundo informa o secretário. “Estamos ocupando pontos estratégicos, em núcleos de bairro originário onde esses elementos agem. Vamos promover uma ação muito forte. Já temos informações de outros executores e vamos capturá-los com a integração das polícias”, finalizou.
Tática do pânico

“Quero pedir à população que não leve em conta mensagens falsas, porque essa é uma estratégia desses grupos criminosos”, Flávio Dino, governador

Um das táticas mais usadas pelos criminosos é a disseminação do pânico na cidade por conta da divulgação de mensagens em redes sociais. Muitas vezes, essas mensagens contêm informações falsas e geram medo na população.

Em virtude disso, o Governo do Maranhão alertou a população quanto a essa medida dos bandidos para mostrarem força diante da ação do Estado. Sendo assim, orientou que a população não espalhe tais mensagens, baseando-se apenas nas informações e orientações emanadas das autoridades policiais.
O governador Flávio Dino reiterou o pedido para a população manter a calma. “Eu quero pedir à população muito especialmente, que não leve em conta boatos, mensagens falsas, porque essa é uma estratégia, inclusive desses grupos criminosos, quando eles buscam criar uma instabilidade na ordem pública. Eles se utilizam muito especialmente do WhatsApp”, enfatizou.
Facções
Vista aérea do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, local de onde teriam saído os mandos e desmandos de ataques ocorridos na quinta-feira e manhã desta sexta

O Bonde dos 40 e PCM (Primeiro Comando do Maranhão) são as duas principais organizações que comandam as barbáries na capital. Elas disputam, entre si, comandos de pontos de tráfico de drogas e regalias dentro de presídios.

Desde o início dos ataques, circulou nas redes sociais um áudio atribuído a um integrante do Bonde dos 40 no qual ele justificaria os ataques. Além disso, ele recomenda aos seus “comparsas” que os ônibus sejam atacados, preferencialmente, nos pontos finais das linhas, quando a possibilidade deles estarem vazios é maior.
Inspirados e próximos ao Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, os integrantes do PCM criaram a facção com criminosos do interior do Maranhão, os chamados “baixadeiros”, por atuarem na Baixada Maranhense. Eles montaram um estatuto próprio baseado no do PCC – com dizeres como “irmão ajuda irmão” – e organizaram uma hierarquia própria. Os “soldados” (bandidos com menos de cinco anos no crime organizado) e os “torres” (aqueles com mais tempo na quadrilha) só agem segundo as ordens do “conselho”, a cúpula da facção. Quem não obedece é considerado traidor e condenado à morte. Os que passam pelo sistema prisional têm o hábito de tatuar no antebraço as palavras “paz, justiça e liberdade” – lema do PCM.
A facção mais violenta é o Bonde dos 40, que reúne – com menos organização – uma série de bandos que atuavam em bairros diferentes e distantes de São Luís, sobretudo as áreas de palafitas. As áreas de domínio do grupo criminoso são citadas em letras de funk maranhense, como o bairro de Fátima e Vila Embratel. A inteligência da Polícia Civil já identificou que o bando ampliou sua organização, criando um conselho de líderes. Eles também estão formando pontes com traficantes do Rio de Janeiro, segundo a polícia.
Prisões
Presos apresentados pela Segurança Pública

Desde o início das operações realizadas pelo Governo do Maranhão e executadas por meio da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP), iniciadas logo após os primeiros incêndios, 33 pessoas já foram identificadas e presas, algumas delas em flagrante e com acusações de participação nos ataques de 2014.

“Estamos em uma ação ininterrupta desde as primeiras informações sobre esses ataques. Já nas primeiras horas acionamos todo o recurso ostensivo e agora implementamos mais recursos para cobrir toda a região metropolitana e garantir a tranquilidade e o direito de ir e vir da população”, declarou o secretário.
A secretaria também já garantiu que não recuará e manterá todas as equipes na rua, para garantia da segurança da população. “Já sabemos quem são os mandantes, os executores e de onde saíram as ordens para os ataques. Alguns têm ligação com a quadrilha que realizou ataques semelhantes a dois anos. Estes criminosos sentirão o poder da força da Segurança”, ressaltou o Portela.
As informações levantadas pela investigação da Segurança foram apresentadas ao Poder Judiciário ainda na manhã de ontem. O secretário Portela reuniu com dois juízes da Vara de Execuções Penais para solicitar a imediata emissão do mandado de prisão em flagrante dos suspeitos.
“Esses criminosos foram presos na ocasião do primeiro evento, há dois anos, e deveriam permanecer presos. Querem implantar o mesmo clima de terror que houve em 2014, mas isso não será aceito”, afirmou Jefferson Portela.
VER COMENTÁRIOS
Polícia
Concursos e Emprego
Esportes
Entretenimento e Cultura
Saúde
Mais Notícias