Tradicionalmente considerada a segunda melhor data para o comércio, o Dia das Mães se aproxima em um cenário de contínua retração do varejo e com lentos sinais de reversão econômica que deve afetar as compras deste ano. De acordo com o levantamento de intenção de consumo para o período, realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (Fecomércio-MA), 75,8% dos consumidores de São Luís pretendem comprar algum produto para presentear em função da data. O resultado representa uma queda de 5,8% sobre o índice registrado em 2015.

Com a confiança do consumidor diretamente ligada à estabilidade do quadro político e econômico, fatores como o desemprego, elevado custo de crédito e endividamento, vêm contribuindo decisivamente para que as famílias mantenham o pé no freio em relação ao consumo. “Geralmente é a partir do mês de maio que os empresários começam a recuperar o fôlego, pois recomeçam as datas comemorativas com mais importância afetiva. De fato, com os estoques ainda do ano passado encalhados nos depósitos, os empresários foram perdendo a confiança em novos investimentos e a data aproxima-se sem gerar muita euforia no setor produtivo,” explicou o presidente da Fecomérico-MA, José Arteiro da Silva.

A pesquisa, que entrevistou homens e mulheres maiores de 18 anos nos principais pontos de comércio na capital, identificou que o consumidor mais predisposto ao consumo é formado por homens (80,8%), os que têm de 21 a 35 anos (80,4%), com ensino superior completo (77,3%) e renda familiar mensal de 3 a 6 salários mínimos (84,8%).

Recessão 

De acordo com o estudo, vai se desenhando o pior momento econômico para o Dia das Mães desde o início das pesquisas da Fecomércio em 2011. Com a previsão de queda no índice de intenção de consumo, o levantamento indica retração também na predisposição pela compra de mais de um produto para presentear e desaceleração nos valores de gastos pretendidos pelos consumidores este ano em relação a 2015.

Dos que estão dispostos a ir às compras, 76,4% disseram que pretendem comprar apenas um produto, 19,8% afirmaram pretender comprar dois presentes e 3,4% demonstraram interesse em três itens para presentear. Apenas 0,4% dos consumidores entrevistados indicaram que poderão comprar quatro ou mais produtos. Em relação a 2015, este ano a intenção de comprar apenas um produto avançou 14,4%, enquanto a predisposição de adquirir dois produtos recuou 18,2% e três produtos obteve retração de 50,7%.

Além disso, a faixa de valores mais citada para os gastos nesse período ficou situada entre 51 a 100 reais, indicada por 35,1% dos entrevistados, seguida pela faixa de 151 a 200 reais (16,4%), e pela faixa superior a 400 reais (13,0%). Comparado com 2015, a preferência pelas faixas de gastos de 51 a 100 reais cresceu 39,3% e a preferência pela faixa de gastos de 151 a 200 reais e acima de 400 reais recuou 11,3% e 24,4%, respectivamente. Com isso, a média do valor do presente pretendido pelo consumidor este ano foi calculado em 137 reais, o que representa uma retração de 21,3%.

Em relação à lista de produtos preferidos pelos consumidores ludovicenses, assim como no ano passado, continua sendo liderada pelos artigos de vestuário, com 39,4% de intenção de consumo, itens de perfumaria e cosméticos, com 26,9%, e sapatos, com 12,2%. Destaque para os itens de perfumaria que aumentaram 19,5% em relação 20 15, e para os eletrodomésticos da linha branca (1,7%) que registraram a maior retração nas intenções de compras deste ano, apresentando recuo de 56,4%.

Pagamentos e locais de compra  

A forma de pagamento preferida pelos consumidores para este ano continua sendo a modalidade à vista, que registrou 72,3% da indicação dos entrevistados, tendo 50,1% optado pelo uso do dinheiro e 22,2% optado pelo uso do cartão de débito. Apenas 31,5% dos consumidores apontaram o cartão de crédito como a modalidade de pagamento preferencial. Em relação ao ano passado, a preferência pelo pagamento à vista cresceu 4,6%, enquanto a tendência pelo uso do cartão de crédito caiu 22,8%.

“Verificamos a queda na intenção de comprar produtos mais caros que está relacionada à percepção do consumidor quanto à inflação atual da economia brasileira. A população está evitando as compras a prazo devido ao elevado custo do crédito, ao alto nível de endividamento e ao aumento do desemprego, que são os principais motivadores da deterioração na intenção de compras com essa forma de pagamento. Mas, vislumbramos a continuidade na perda de força da inflação no segundo semestre do ano, o que sinaliza para uma melhora da conjuntura econômica a partir desse período”, enfatizou José Arteiro.

Quanto aos locais em que os consumidores pretendem comprar os presentes para esta data, 57,8% apontaram as lojas de Shopping Center como a preferência, seguido das lojas do Centro Comercial (27,8%). Na comparação com o ano passado, as lojas dos Shoppings avançaram 17,5% na preferência dos consumidores este ano, enquanto as lojas do Centro Comercial recuaram 9,1%.

O estudo apontou também quais os motivos que levam os consumidores a entrarem nas lojas e efetuarem as compras. Para 49,3% dos entrevistados, as promoções é o fator primordial no momento das compras, já 39,3% deles apontaram os preços como o fator que mais influencia nessa hora. Outros motivos que também formaram a lista de motivações dos consumidores foram as vitrines atraentes (25,1%), a qualidade dos produtos (15,0%), a variedade (12,8%) e a recepção dos vendedores (8,3%). Talvez

A análise avaliou ainda que 75,1% dos consumidores devem celebrar a data de alguma forma, já 21,1% disseram que não deverão comemorar. Em comparação ao ano passado, o índice registra uma retração de 2,8% na predisposição dos consumidores à comemoração.

Com a margem de erro amostral de 3,7% e o nível de confiança de 95%, o estudo entrevistou 700 pessoas entre os dias 4 e 9 de abril de 2016.