ESPECIAL MULHER

Mulher: O desafio de ser mãe e profissional

Três histórias diferentes mostram mulheres às voltas dos desafios de conciliar maternidade e profissão

Selo Dia Internacional da Mulher

Ao longo da história a mulher conquistou importantes vitórias, no lar, na escola e no mercado de trabalho. Nas últimas décadas, ela passou a atuar também em lugares onde apenas os homens reinavam, e hoje ocupam espaço onde são mais que profissionais. São indispensáveis naquilo que fazem.

Mais do que exercer uma profissão, mostrar valor e se firmar na área de atuação, a mulher não deixa de ser mulher, e paralelo a isso mantém a aspiração de ser mãe.

A maternidade é certamente um momento marcante para muitas mulheres. Essa fase é acompanhada de desafios, principalmente quando a ela precisa conciliar a vida profissional com o sonho de ser mãe.

Para muitas mulheres, a maternidade foi um projeto adaptado à carreira. Para outras, algumas mudanças foram necessárias para atender à necessidade de ser mãe.

Em todos os casos, prevalece o amor e a atenção dispensados aos filhos que são a razão de viver dessas mulheres bem sucedidas em suas carreiras, que no dia a dia se desdobram com muita competência para serem mães e profissionais.

Conciliando

Juliana

A empresária e jornalista Juliana Silveira, 36 anos, tem duas filhas. Isadora de dois anos e Catarina de sete meses. Ela optou por não se afastar tanto de sua empresa e conciliar sua carreira com a maternidade. Para manter a rotina de forma a balancear tanto maternidade, quanto a carreira, Juliana conta com a ajuda da família. Ela ressaltou que sempre contou com a compreensão de seus clientes. Na primeira gravidez, ela trabalhou até o limite para tirar a licença. Já a segunda gravidez, ela fez a mesma coisa, porém, só pode ficar um mês com a pequena Catarina, e logo voltou à sua rotina de trabalho.
 
“Minha rotina não é nada fácil, mas é muito gratificante. Acordo às 6h já arrumando minha filha caçula para levar à creche infantil e vou para o trabalho. A minha filha mais velha estuda durante meio período, quando não está na escola ela fica com minha mãe. Durante a fase de adaptação das meninas na escola, eu me afastei do trabalho e estive com elas. Sempre as acompanhando. Tenho certeza que quando elas estiveram maiores, vão compreender todo meu esforço para oferecer uma vida confortável para elas,” declara.

Entre os desafios diários, Juliana ressalta um episódio um tanto desagradável. Como voltou a trabalhar um mês após ter a Catarina, ela precisou resolver alguns assuntos no banco, e fez o uso da fila preferencial – um direito lhe conferido enquanto lactante – no entanto, e por estar sem a filha no momento, mas a amamenta em períodos regulares, muitas pessoas questionaram se realmente ela teria esse direito. 

“Fiquei muito chateada com a situação. Mas logo o gerente resolveu o transtorno. Questionei o que fazer nessa situação, pois assim como eu, outras mães poderiam passar por esse constrangimento. Desabafei nas redes sociais quanto ao caso, e recebi varias mensagens de apoio”. finaliza. 

Rearranjando

Jéssica

Casada há cinco anos, Jéssica Araújo, 27 anos, decidida a ser mãe, mudou totalmente de carreira. De supervisora de laboratório em uma multinacional no ramo de bebidas, passou a trabalhar em casa e se dedicar mais ao seu filho Nicolas, hoje com um ano. Com o objetivo de ficar perto do filho, Jéssica abriu uma loja virtual de artigos infantis. Todo esse momento foi programado, inclusive, a empresária deixou a fábrica de bebidas, cinco meses antes de engravidar, e já tinha planos para abrir seu próprio negócio.

“Eu sempre tive o sonho de ser mãe. Quatro anos depois de me casar, decidimos então ter um filho. Tudo isso foi planejado. Eu optei por ter um trabalho que me permitisse ficar perto do Nicolas e ao mesmo tempo, manter ativa profissionalmente. Antes mesmo de Nicolas nascer, eu já estava muito encantada com o universo infantil, então resolvemos abrir uma loja virtual do ramo. Hoje já não pretendo voltar para a industria, adorei poder manter minha carreira e poder ficar bem pertinho do meu filho. Quando o Nicolas crescer um pouco mais, eu pretendo voltar para os estudos, me capacitar mais e fazer meu mestrado.” revela.

Mudando o ritmo
Foto: Arquivo pessoal.


Arquivo pessoal

Liliane Moreira tentava adaptar a rotina de trabalho com o filho Gabriel, hoje com 5 anos

Para a jornalista Liliane Moreira, mãe do Gabriel de 5 anos, os desafios foram enormes. Ela conta que até tentou manter uma rotina diária de trabalho, mas ficar longe do filho o dia todo, não era o que ela queria, e, portanto teve que fazer mudanças na carreira para ter mais tempo com o filhote.

Liliane, como muitas mulheres, trabalhou grávida até a semana de ter o filho. E só pode ficar de forma integral com ele durante os quatro meses de licença-maternidade. No quinto, já teve que voltar a trabalhar dois expedientes.

“Embora o Papa Francisco diga que não existe mãe solteira, que o que existe é mãe e pronto, eu preciso destacar que sou mãe solteira, para que se imagine o jogo de cintura de quem vive sozinha com um bebê e tem que trabalhar. Mas isso é a realidade de muitas mulheres do nosso país. Minha sorte é que pude contar no pós-parto com o apoio da minha mãe e o da minha fiel ajudante, que conheci grávida e que está comigo até hoje”, ressalta.

Foto: Arquivo pessoal.


Arquivo pessoal

Liliane colocava Gabriel no carrinho, ao lado da mesa de trabalho, e ligava a TV no desenho. Assim ele foi crescendo, às voltas com livros e brinquedos

Logo de início, a supermãe optou por morar sozinha com o pequeno Gabriel, para que ele aprendesse desde cedo como seria a rotina. Ela conta que tentou colocá-lo em creche, mas a tentativa durou três dias. “Não conseguia ficar tranquila no trabalho sabendo que meu bebê estava com quem não conhecia, embora soubesse que a creche era de alto nível de qualidade. Queria que ele tivesse o espaço dele, na casa dele. Então, tive que aprender uma nova forma de viver. O primeiro aprendizado foi o de abstrair sons de desenho animado. Antes de ter Gabriel, eu nunca assistia a desenhos. Achava chato. Mas passei a assistir, a conhecer e, o que é pior, a gostar! Quando ele fez um ano, optei por trabalhar numa empresa que me dava liberdade de em alguns dias da semana enviar os trabalhos de casa. Isso foi maravilhoso, e acho que as empresas deveriam considerar esse tipo de alternativa”, relata.

Para Liliane, a dificuldade começou a agravar-se quando foi trabalhar em outra empresa que lhe permitia apenas uma hora para o almoço. “Tinha que sair muito cedo e só retornar à noite. Foram três anos assim, três anos muito difíceis para mim. Neste trabalho, eu ainda tinha que viajar bastante, o que fazia eu me sentir ainda mais culpada pela ausência. O tempo que eu tinha livre era todo para ele. Eu nem sabia mais o que era fim de semana para mim. Tudo para compensar o tempo perdido da semana”, ressalta.

Apesar da rotina desgastante, Liliane tentava acompanhar a vida do filho, conversando com as professoras pela agenda e por telefone, além das reuniões periódicas. “Não era essa a relação que queria ter com ele! Não esperei 40 anos para ter um filho para não compartilhar de seus pequenos momentos”. A mãe do Gabriel permaneceu nessa rotina o tempo que pode, pretendendo transformar sua vida assim que possível. E o possível aconteceu ano passado (2015), quando ela decidiu sair do emprego fixo e voltar a prestar serviços, para, assim, organizar seu tempo com o filho. “Nossa relação mudou imediatamente. Ele ficou mais falante e mais alegre. E a coisa que eu mais amo nesta vida é poder buscá-lo na escola e ouvir o grito dele de alegria quando me vê”, expressa.

“Voltei a trabalhar home office e digo para ele o quanto amo meu trabalho, para que entenda que às vezes que estou trabalhando à noite ou fim de semana é porque eu estou de acordo com isso. Porque eu gosto e quero fazer o melhor que eu puder. Quero que ele tenha essa concepção de trabalho, que pode ser nosso aliado, se soubermos dividir o tempo com todas as demais áreas da vida que nos são essenciais: família, saúde, relacionamento afetivo, espiritualidade”, sabiamente ensina.

VER COMENTÁRIOS
Polícia
Concursos e Emprego
Esportes
Entretenimento e Cultura
Saúde
Negócios
Mais Notícias