ESTATÍSTICA

Maranhão quebra série histórica de crescimento do número de homicídios

Os dados são do Atlas da Violência no Brasil, apurado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

Homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte somaram 58.559 casos em 2014

O Atlas da Violência no Brasil, divulgado nesta terça-feira (21), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aponta série histórica de crescimento de 244,3% no número de homicídios no Maranhão entre 2004 e 2014.

Apesar da linha crescente na última década, as estatísticas demonstram uma reviravolta. Em 2015, o índice de homicídios na Região Metropolitana de São Luís caiu 12% em relação ao ano anterior. A área é considerada emblemática no comparativo por figurar em primeiro lugar no ranking do Ipea com o maior registro de homicídios antes de 2015.

A política de segurança pública do Governo do Maranhão passou por uma total mudança estrutural para alcançar a guinada no ano passado. As ações incluíram alterações propostas na gestão penitenciária, como a reestruturação e intensificação nas atividades de ressocialização dos apenados, até o incremento promovido pela gestão estadual na estrutura da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-MA).

O Governo do Estado requalificou os equipamentos do sistema de segurança pública. Já estão em circulação 80 novas viaturas e 1.500 novos policiais, entre civis e militares. Eles foram distribuídos pelo estado, reconfigurando a atuação policial. Além disso, a aquisição de armamento e o treinamento especializado de grupos especiais têm sido diferenciais no dia a dia das guarnições.

A nomeação de novos policiais, a partir de concurso público, e a promoção de militares quebraram uma cultura histórica de desvalorização da categoria no Maranhão. A medida contribuiu para reduzir o déficit de profissionais da segurança no estado, considerado um dos maiores do país.

De acordo com o secretário de Estado de Segurança Pública, Jefferson Portela, a integração das polícias Civil e Militar, com adequado reaparelhamento da radiocomunicação e a atenção às curvas de variação da criminalidade – modalidades e localidades – colaboram para elaboração de estratégias específicas e mais diretas de combate à violência e à criminalidade.

O combate à criminalidade com destaque para crimes mais graves, como homicídios, representa uma das metas macro da segurança pública em todo o país. O Atlas da Violência, produzido pelo Ipea, indica que o Brasil teve 59.627 mil homicídios em 2014, o que equivale a 123 assassinatos por dia.

“É preciso seguir o pacto nacional pela redução de homicídios, estabelecido pelo governo federal, e todos os estados se colocam nessa condição. Aqui no Maranhão, nós ultrapassamos a indicação de redução de 5%. E fechamos 2015 com uma redução bem maior que a indicada”, afirmou Jefferson Portela. Ele se refere a queda de 12% na taxa de homicídios na região metropolitana, que registrou 910 assassinatos em 2014, contra 801 no ano passado.

Perfil da vítima
Segundo o superintendente de Combate a Homicídios e Proteção a Pessoas da Polícia Civil do Maranhão, delegado Augusto Barros, cerca de 80% dos homicídios registrados em 2015 são resultantes do que ele denomina de “lógica do narcotráfico”. As principais motivações dessa ‘lógica’ são vinganças pessoais, dívidas não pagas e disputas de território.

“Muitas das vezes as passagens anteriores pela polícia, a ligação familiar ou a própria forma de execução já demonstram que aquela vítima tem vínculo com as drogas e corroboram com esse panorama. A dívida da droga é cobrada na base do sangue. Se você não pagou o traficante que te passa a droga, os superiores vão cobrar e se você não pagar, você morre. E para não morrer, você mata”, explica Augusto Barros, referindo-se ao rito do tráfico de drogas.

O delegado-geral da Polícia Civil do Maranhão, Lawrence Pereira, explica que outro traço do perfil, tanto do homicida quanto da vítima, é a idade. O Atlas da Violência 2016 constata essa evolução da morte de pessoas na faixa etária entre 15 e 29 anos. No Maranhão, entre 2004 e 2014, houve um aumento de 244% em vítimas dentro dessa faixa etária.

“É uma disputa entre facções que agem no narcotráfico, briga por espaço. São pessoas que têm a vida ligada ao banditismo, já têm a vida ligada à criminalidade. Com a morte dessas pessoas, cada vez mais se recruta criminosos mais cedo. Então, temos um perfil cada vez mais recorrente de adolescentes envolvidos com a criminalidade, inclusive em função da ausência durante décadas de políticas públicas que afastassem esses adolescentes da bandidagem”, confirmou Lawrence.

No ano passado, ações foram desenvolvidas para a contenção do narcotráfico, o que resultou no aumento da apreensão de drogas no estado. Com isso, a prática criminosa migrou para outra modalidade de crimes: os assaltos.

O combate aos assaltos está sendo executado pelas polícias por meio de diversas operações dentro e fora da Região Metropolitana de São Luís. Na capital maranhense estão em andamento operações como a Transporte Seguro, Alvorada, Malha Metropolitana e Cerco Total, que trabalham a ampliação do patrulhamento com viaturas e revistas. Em municípios do interior do Estado, o efetivo especializado foi reforçado para combater assaltos de maior porte.

Atlas
Na divisão por microrregiões, o estudo do Ipea apurou que, entre os anos de 2004 e 2014, um aumento de quase 500% de homicídios foi registrado nas Chapadas do Alto Itapecuru. Já na microrregião de Codó, o aumento crescente do número de homicídios totalizou um percentual de 436% e no Litoral Ocidental Maranhense, foram 390% a mais de assassinatos no intervalo de dez anos.

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