despoluição

Lagoa da Jansen pode estar própria para lazer em 2017

Especialistas opinam sobre medidas para despoluir o parque estadual e estimam em quanto tempo a Lagoa estará apta para o lazer da população

lagoa da jansen
Um problema recorrente no meio-ambiente de São Luís pode estar com os dias contados. O Parque Estadual da Lagoa da Jansen, criado em 1988, está passando por uma série de intervenções de saneamento e deverá estar em pleno uso até o fim de 2017.
É o que assegura a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, em palavras do seu titular, Marcelo Coelho. A Sema, que é responsável pela gestão do parque estadual, comparte as ações com a Secretaria de Infraestrutrura (Sinfra) com a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema).
“Nós vamos dividir um trabalho e fazer um estudo desse sítio biológico. Eu acho que dessa primeira etapa, até o fim do ano vamos finalizar a execução da retirada de lançamento de esgotos. E aí no próximo ano, a gente vai tratar de fazer um estudo para ver o que existe lá embaixo, para ver o que é necessário ser feito adicionalmente. Até o fim de 2017 isso vai ser concluído”, assegura.
david telles diretor caema
Davi Telles, presidente da Caema, garante que o trabalho de despoluição já foi iniciado e está avançando em bom ritmo, e que em quatro meses não haverá nenhum esgoto jogado na lagoa. “A primeira etapa foi a identificação dos pontos de lançamento de dejetos. Eram 30, nós tiramos 15 pontos no ano passado. Doze pontos com uma obra que nós fizemos e três pontos com uma intervenção da diretoria de operações da Caema. Os outros quinze pontos nós começamos a tirar na quarta-feira passada. É uma obra um pouco mais complexa que a de 2015, mas está em curso, então até julho não tem mais nenhum ponto e poderemos avançar”.
Telles e Coelho concordam que essa é a etapa mais importante do trabalho. Em um segundo momento, será avaliada a necessidade de ser realizada uma dragagem no material depositado.
As medidas adicionais são amplas – após a interrupção do lançamento de dejetos não tratados, será realizado procedimento de biorremediação, recuperação das comportas de conexão com o mar e um levantamento para definir a necessidade (ou não) de dragagem de resíduos.
“Nós vamos começar agora a licitação de uma coisa chamada biorremediação – que é um processo físico-químico natural, ambientalmente correto. De forma simples, ‘ele come esse esgoto’ que está lá sedimentado. E por parte da Sinfra, as comportas estão tendo uma solução com um bom custo-benefício, para ter uma renovação frequente”, afirma David Telles.
Segundo o Secretário Marcelo Coelho, a Sema se encarrega da conservação do espaço, enquanto a Sinfra trata da execução de obras estruturais e a Caema trabalha nas ações de despoluição.
Sobre os resultados finais do trabalho, a Caema é otimista: “O impacto social é direto, porque você cria uma cadeia nova, principalmente em relação aos esportes náuticos. A qualidade de vida das pessoas que moram no entorno cresce, e não devemos pensar só nos turistas e visitantes. Mas também nisso, algo fundamental muda. Hoje, a gente desfruta da lagoa no entorno, em uns meses a gente vai desfrutar da parte de dentro. A lagoa vai deixar de ser um cenário para ser participante. São ações relativamente simples, com um impacto enorme, que nunca se fez porque nunca se quis”.

Ação rápida é requerida
“Uma bomba relógio, se nada for feito” – assim descreve a situação da Lagoa da Jansen o Professor pós-Dr. Walter Muedas, do Departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Maranhão.

Residente em São Luís desde 1999, já viveu nas imediações da Lagoa da Jansen, e traz duas perspectivas: como especialista e como antigo morador.
Quando perguntado sobre a origem do problema, é direto: a expansão imobiliária e a falta de saneamento básico. “O principal problema são os afluentes domésticos, o esgoto da rede pública não tratada. A poluição da Lagoa é consequência dessa liberação de dejetos in natura. Concretamente, podemos ver que o crescimento vertical que está ocorrendo nessa região altamente valorizada é preocupante – onde antigamente viviam três ou quatro famílias, agora vivem 70, 80 famílias. Isso, indo tudo para a Lagoa da Jansen faz daquele espaço uma bomba relógio”, Walter Muedas – oceanógrafo.
Segundo o professor, a principal esperança de recuperar o espaço se dá porque a Lagoa é, na verdade, uma laguna – e se comunica com o mar através de comportas. Essa simples característica permite um maior dinamismo no ambiente do parque, e dá alguma esperança de recuperação em um curto espaço.
“Se não fosse por essa comporta, a lagoa já teria colapsado há muito tempo. Isso traz uma respiração à Lagoa da Jansen, fazendo uma renovação, uma troca de águas, pelo menos duas vezes por dia (a cada preamar). Isso retira o excesso de material orgânico e mantém certa vida na região”, assegura.
Muedas afirma que a recuperação é possível, mas depende de um trabalho integral. Além de evitar que o esgoto siga sendo depositado nas águas represadas, são necessárias medidas adicionais para devolver a balneabilidade ao local.
“Paralelamente [ao cesse de lançamento de esgotos], tem que haver uma dragagem desse material acumulado. Neste caso, em alguns meses a recuperação vai ser evidente, porque a natureza tem uma capacidade de se recuperar assombrosa. Com essa entrada de água, que é uma oxigenação, milhões de organismos detritívoros entram ali e recuperam essa área em curto prazo. Digamos que de 3 a 6 meses, vai ser notado que a Lagoa está com um aspecto diferente. Logicamente, devem ser feitas verificações e análises microbiológicas (de coliformes fecais, por exemplo) antes de liberar esta área para banho e para a pesca. Mas seis meses após a conclusão dos trabalhos é ser um prazo suficiente”.
Preservação das águas doces em discussão

A gestão da água doce, um problema em escala mundial, está em discursão em São Luís durante a X Semana de Proteção e Preservação das Águas Doces. O evento começou na última sexta-feira, 18, e vai até o dia 22, Dia Mundial da Água.

Durante a abertura da semana, no auditório da Casa Civil, estiveram presentes representantes da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais, Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), ambos realizadores do evento, além do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema) e da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de São Luís.
O primeiro dia de discursões começou com o painel sobre Gestão de Recursos Hídricos, ministrado pela analista ambiental da Sema, Kiara Mesquita, pelo Professor Doutor da UEMA, Lúcio Macêdo e Fábio Nahuz, representante do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Maranhão. A discursão girou em torno da importância do usuário na gestão dos recursos hídricos que consomem.
Durante o evento, o presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão, Davi Telles apresentou a carteira de investimentos da Caema para o biênio 2016-2017. Segundo o executivo a Companhia opera agora para sanar décadas de atraso no saneamento básico.
“Foram 30 anos sem investimentos consideráveis em saneamento no Maranhão. Vamos levar segurança, qualidade e regularidade no fornecimento de água e tratamento de esgotos no estado. Até 2020 teremos a universalização da hidrometração em todas as cidades”, comentou o presidente da Caema.
Para a presidente do Instituto Maranhão Sustentável, Luzenice Macedo, presente na plateia do evento até 2026 a crise hídrica no Maranhão chegará à níveis alarmantes. “Precisamos pensar em medidas intragovernamentais. Não se pode pensar, por exemplo, em dinamizar cadeias produtivas no estado, sem pensar na gestão sustentável dos recursos”, disse.
Pesquisadores presentes no evento levantaram, ainda, a falta de secretarias, segundo eles, chaves para a discursão sobre a gestão da água doce no estado, como Secretaria da Agricultura, Pesca e Pecuária, Sagrima, Secretaria de Estado da Agricultura Familiar – SAF, e Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba, uma vez que a agricultura e pecuária são um dos maiores consumidores de água doce em todo o mundo.
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