Rodas empenadas, pneus rasgados e motoristas reclamando da buraqueira. Esse é o cenário das borracharias, localizadas em Paço do Lumiar. Só é preciso passar 10 minutos em qualquer borracharia da cidade para perceber o que tanto aflige os condutores.

O Imparcial esteve em alguns estabelecimentos e constatou que, além dos já conhecidos buracos, surgiram novos por conta das fortes chuvas, o que está deixando muito motorista nervoso e borracheiros satisfeitos com as finanças. “A cidade está repleta de crateras. Elas estão em todo lugar. Cheguei à conclusão de que as ruas daqui são feitas com uma mistura entre asfalto e açúcar, pois, quando chove, tudo se desfaz”, disse, em tom irônico, o técnico em edificações Bruno Alvarenga.

Bruno conta que em menos de seis meses já teve que trocar três pneus, e que apesar de dirigir com todo cuidado não consegue escapar dos buracos, pois eles estão em todas as avenidas.

Os danos mais causados nos veículos por conta dos buracos são as rodas empenadas, os pneus rasgados e também a parte da suspensão. O borracheiro Erisnaldo Frazão afirma que recebe cerca de 20 veículos por dia com tais problemas. A borracharia dele fica localizada na Avenida 08, que cruza com a Avenida do Contorno Sul no bairro do Maiobão, e as duas estão cheias de buracos, o que acaba sendo lucrativo para o borracheiro. “Agora até melhorou, pois colocaram umas pedras dentro dos buracos. Há algumas semanas, a situação estava pior, tinha cliente na fila aguardando o atendimento e eu faturei bastante”, diz.

Segundo ele, o condutor gasta entre R$ 10 e R$ 15 com esse tipo de conserto (cerca de R$ 10 remendando o pneu, e se precisar trocar, R$ 15). Erisnaldo trabalha de segunda a sábado, das 8h às 18h, e fala que no fim da tarde os clientes procuram mais por seus serviços devido a problemas com buracos.

Em outro estabelecimento, localizado na Avenida 06 do bairro Paranã, o proprietário Ismael Santos ressaltou que sua loja está sobrecarregada e que cerca de 80% dos seus clientes estão atrás dos mesmos serviços. “Antes o serviço era feito com uma hora e meia. Agora, com essa demanda, estou entregando em três horas”, afirma.

Ismael relata que está trabalhando muito, pois conserta três vezes mais pneus do que antes. Conta ainda que também recebe motos e bicicletas na oficina, embora “o que chega mesmo é carro”. Problemas na jante, na suspensão e no amortecimento também são comuns. Segundo ele, com frequência não é possível reparar a peça em 100%, mas, nesses casos, “dá para dar um grau e o carro segue andando”. Ele aproveitou a presença da reportagem para mostrar um enorme buraco ao lado de sua oficina. “Até agora não houve nenhum acidente aqui. Isso porque sempre coloco um galho de árvore para alertar os motoristas”, disse.

Dando uma volta pelos bairros próximos, é comum encontrar os buracos expostos nas ruas e avenidas, porém, também as borracharias são facilmente encontradas ao longo do município. Já em algumas oficinas, os danos mais encontrados em veículos que trafegam pela capital e sofrem prejuízos com a buraqueira são alinhamento e balanceamento e troca de amortecedores.

O consultor técnico Antônio Lima, da loja Play Car, localizada na Curva do 90, disse que cerca de 20 carros por dia chegam à oficina com esse tipo de problema. “Aqui chegam cerca de 20 carros por dia com problemas de alinhamento e balanceamento por conta dos buracos, inclusive pneus rasgados. Quando acontece de rasgar o pneu ou criar bolhas, imediatamente tem de ser trocado, pois o risco é muito grande para os condutores”, explica.  Os valores variam de R$ 60 a R$ 120 dependendo do nível de desalinhamento do veículo.