OPÇÃO

Costume de não comer carne diminui durante a Semana Santa

Com o aumento de preço do pescado no período da Semana Santa, muitos cristãos católicos que seguiam os ritos religiosos optaram pela carne

Foto: .



Os frigoríficos já se abasteceram de carne para os consumidores que não se abstêm durante a semana santa

Segundo a tradição, durante a semana santa, cristãos católicos não consomem carne vermelha, apenas pescados. Porém, com o tempo, esta realidade tem mudado e mesmo os católicos têm optado pela carne durante a Semana Santa.
O peixeiro Rodrigo Pereira estava comprando carne para ser consumida durante a Semana Santa e explicou que ele e a esposa não come carne vermelha, mas os filhos que são jovens não respeitam o rito. “Essa nova geração não respeita nada. Todos os anos têm que comprar carne para eles, pois se recusam a seguir a tradição. Quando eram crianças, obrigávamos, mas depois de crescidos é complicado. A solução é comprar carne para eles”, revela.
A dona de casa Eliza Moreira fala que, apesar de se considerar católica, não segue à risca a tradição. Primeiro, porque o peixe neste período aumenta de preço consideravelmente. E, em segundo, não acredita que deixa de ser cristã por optar pela carne durante a semana santa. “Com o preço do pescado alto, não tem como comer peixe durante toda a semana, talvez na Sexta-Feira Santa eu e minha família iremos comer pescado. Talvez! Pois vai depender das finanças”, dispara.

Comércio

Nas feiras, os frigoríficos e as barracas que vendem carne bovina e suína encontram-se abastecidos para os consumidores que optarem pela carne no cardápio da semana santa. Muitas opções de corte são oferecidas, tais como bistecas, costelinhas, patinho entre outros. Paulo Basto, proprietário do frigorífico 6 irmãos, localizado no Mercado Central, afirma que o movimento desde o início da semana tem sido intensa. E que muitas pessoas têm comprado carne, tanto bovina, como suína. Segundo ele, as pessoas não seguem mais a tradição como antigamente. E o preço do pescado é um dos motivos que levam os consumidores a comprar carne.
Paulo explica que os donos dos restaurantes também compram carne durante a semana inteira para colocar a opção no cardápio. “Muitas pessoas compram carne durante a semana e na sexta-feira vem muitas pessoas em busca de carne também, principalmente os evangélicos, para mostrar que a prática de não comer carne está errada”, conclui.
Prática plurissecular

Abster-se de carne e jejuar na quarta-feira e na sexta-feira é uma prática plurissecular da Igreja e tem argumentos fortes em seu favor. O primeiro deles é que todos os cristãos precisam levar uma vida de ascese. Esta é uma regra básica da espiritualidade cristã.

Santo Tomás de Aquino diz que o “jejum foi estabelecido pela Igreja para reprimir as concupiscências da carne, cujo objeto são os prazeres sensíveis da mesa e das relações sexuais”. Importante recordar que, na época de Santo Tomás, a disciplina exigia esta prática não só na sexta-feira, mas também na quarta e, além da carne, englobava os ovos e os laticínios.
Historicamente, fazer da sexta-feira um dia penitencial é algo que afunda suas raízes na época apostólica. A Didaqué, uma espécie de catecismo dos primeiros cristãos, dá conta de que o jejum era feito na quarta e na sexta-feira. A Igreja do Oriente, inclusive, permanece com esse costume.
VER COMENTÁRIOS
Polícia
Concursos e Emprego
Esportes
Entretenimento e Cultura
Saúde
Negócios
Mais Notícias