PESQUISA CIENTÍFICA

Planta maranhense auxilia no combate ao câncer e Aids

A partir do princípio ativo da Chanana, pacientes de câncer e portadores de HIV têm conseguido bons resultados no tratamento das doenças

Foto: Karlos Geromy/OImp/D.A Press.


Karlos Geromy/OImp/D.A Press

Herbário da Universidade Federal do Maranhão conta com a podução de 78 medicamentos à base de plantas

A Chanana, planta característica da flora maranhense, conhecida por suas propriedades energéticas e muito utilizada na medicina natural, tornou-se uma nova opção de tratamento de pacientes com câncer e soropositivos do vírus da Aids. Um fitoterápico, à base da planta, há 22 anos, vem sendo desenvolvido pelo Departamento de Farmácia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Segundo as pesquisas realizadas pela doutora Terezinha Rêgo, farmacêutica e diretora do Herbário Ático Seara, que há 52 anos trabalha no segmento, o remédio melhora a qualidade de vida dos pacientes, agindo de forma reativa ao enfraquecimento causado pelas seções de quimioterapia e combativo às infecções oportunistas decorrentes dos portadores de HIV. “Essa tintura fitoterápica foi produzida no herbário através do isolamento do princípio ativo da Chanana. Ela tem a vantagem de permanecer própria para consumo por um período de um ano. E os resultados no tratamento tem sido bastante interessante. O medicamento está sendo utilizado por pacientes com câncer antes e depois das seções de quimioterapia, por possuir princípios ativos energéticos, que propiciam uma melhora no estado físico do paciente. ‘O câncer causa fadiga e as seções de quimioterapias enfraquecem os pacientes. Fazemos isso com carinho para melhorar a qualidade de vida dele”, explicou a farmacêutica especialista em medicina fitoterápica, que realiza o atendimento, além de doação dos medicamento.
doutora Terezinha Rêgo

Durante a entrevista a O Imparcial, a farmacêutica Terezinha Rêgo revelou que o fitoterápico também é utilizado no combate de infecções. “Tenho 27 pacientes soropositivos, portadores do Vírus HIV. O tratamento consiste na ingestão da tintura, um vidro de 100 ml, doado aos portadores atingidos pelo HIV. O medicamento está sendo utilizado por pacientes com câncer antes e depois das seções de quimioterapia, por possuir princípios ativos energéticos, que propiciam uma melhora no estado físico do paciente”, explicou a especialista. Já os males decorrentes da doença como diarreia, pneumonia, entre outras, são combatidos também com a medicação natural. Remédios, como o xarope de urucum, próprio para diarreia, cabacinha e uma tintura feita com a planta chamada Asa Peixe, substituem o xarope no caso dos diabéticos. Terezinha Rego acrescentou que algumas plantas são oriundas do município de Cajapió.

Importância do herbário
A experiente pesquisadora Terezinha Rêgo conta que a partir de 1994, ano de fundação do Herbário Ático Seabra, graças a uma ajuda do CNPQ, Conselho Nacional de Pesquisas Científica, que se interessou por fazer o levantamento das plantas do Maranhão. A professora fora escolhida para fazer o mapeamento geral da flora do estado. Como farmacêutica, Terezinha Rêgo começou a fazer também simultaneamente a seleção das plantas consideradas medicinais e já usadas na medicina popular. “Hoje o projeto é um orgulho para a universidade. Realizamos algo inédito no Maranhão ao registra-lo no grupo dos Herbários de Nova York. Hoje, com a sigla SLS, o Herbário Ático Seabra recebe e troca informações com todos os herbários do mundo. É de âmbito internacional. Uma grande vitória para área da pesquisa”, disse a pesquisadora. A coleção atual do herbário conta com 10.800 espécies catalogadas, a grande maioria pertence a flora do Maranhão. Os pesquisadores dos cursos de biologia e farmácia trabalham estudando e isolando o princípio ativo das plantas e produzindo os medicamentos. Pesquisas transformadas em teses de doutorados e dissertações de mestrados.
Trabalho: Dedicação de toda uma vida

Terezinha Rêgo, que no próximo dia 5 de fevereiro completa 83 anos, atua há 52 anos como influente pesquisadora de plantas medicinais. ‘’Minha primeira experiência foi aos oito anos de idade’’, lembrou Terezinha Rêgo. A farmacêutica contou que anos atrás quando precisou fazer um check-up, o médico que lhe avaliou detalhadamente a fez ficar por cinco horas no consultório. Ele utilizou equipamentos de ponta e quando a liberou, entregou seus exames, e não a deixou pagar nada. “ Ele pediu que eu levasse os exames para meu cardiologista. Eu me surpreendi. Após três semanas, a mãe do médico que havia lhe atendido foi até meu consultório fazer uma consulta e disse-lhe que seu filho estava muito feliz, pois conseguiu retribuir à professora Terezinha Rêgo o que ela fez por ele aos três anos de idade quando o curou de uma adenoide e sinusite, relembrou, emocionada, a doutora Terezinha Rêgo. ‘‘Pessoas de todas as classes, ex-alunos, pacientes, professores, amigos, médicos, que algum dia fizeram o tratamento fitoterápico conosco, retornam para agradecer pelos benefícios obtidos com o tratamento, retribuindo de uma forma muito carinhosa. Tenho pacientes de várias partes do Brasil, de Portugal, Argentina, entre outros”, disse ela em tom emocionado.

TRÊS PERGUNTAS // TEREZINHA RÊGO
Processo

Segundo a pesquisadora, as plantas são descobertas através da informação popular. Logo após, as espécimes que compõem a distribuição geográfica devem ser devidamente caracterizadas e registradas. Uma exigência do Conselho Nacional de Pesquisa. Mandamos o material de nossas analises pré-fabricadas para São Paulo na Escola Paulista de Medicina, única em análises de plantas no Brasil, o que gera uma demora no resultado do material. No local é verificado o que deve ser corrigido. Após a analise, separamos os princípios ativos como flavonoide, alcaloides. ‘’A flora maranhense possui uma composição química intensa e representativa. Fazemos questão de trabalhar com material genuíno de nossa terra, mas algumas são de outras regiões, temos tido respostas positivas.

Apoio

A Universidade Federal do Maranhão apoia nossos projetos. O dinheiro adquirido com a venda acessível dos fitoterápicos volta para o herbário, revertida para o pagamento de funcionários treinados que trabalham no local e que não fazem parte do quadro de funcionários da universidade. È necessário manter as despesas do herbário, que ainda não possui um laboratório específico de controle de qualidade. A doação dos fitoterápicos é dividida em dois sistemas. Aqueles que podem pagar e compram o medicamento ajudando na manutenção do local. E o programa de extensão da universidade, que abraça toda área das comunidades carentes adjacentes à UFMA. Locais onde são realizadas consultas e doação dos remédios. Assim como a casa de apoio Terezinha Rêgo situada no bairro do São Bernardo, que também é beneficiada com os trabalhos.

Fitoterápicos

Atualmente, o herbário da UFMA produz 78 medicamentos com grande aceitação popular e indicação realizada a partir das pesquisas realizadas. A farmacêutica Terezinha Rêgo explicou que ’, contou a pesquisadora.todo medicamento possui contra indicação, dependendo da dosagem. A vantagem do fitoterápico é que os efeitos colaterais são menos agressivos, ao contrario dos alopáticos (fabricados pela indústria farmacêutica), que é uma soma de substâncias químicas diferentes. ‘’A essência de cabacinha que levei cerca de 20 anos para isolar o principio ativo, quando ainda estudava na Universidade de São Paulo (USP). Com a descoberta ganhei prêmios relevantes para minha carreira. Na China, país em que atualmente represento o Maranhão. Em Córdoba na Espanha local que estive por três meses desfrutando do maior Jardim Botânico do mundo, entre outros”, contou a pesquisadora.

 
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