ENTREVISTA
“Nada, na condição de secretário, me faz diferente da condição de militante”, diz Márcio Jerry
Presidente do PCdoB e um dos mais fortes secretários de governo, ele também falou sobre política, projetos para o Maranhão e impeachment da presidente Dilma e eleições 2016
O eleitor maranhense decidiu experimentar a proposta da mudança nos costumes políticos e administrativo elegendo o candidato Flávio Dino, em 2015. Uma longa trajetória, muitas vezes com poucos aliados, levou o PCdoB a ocupar o Palácio dos Leões trazendo na bagagem a vivência na militância política e dos movimentos sociais de muitos membros que atualmente foram empossados em cargos estratégicos. A imagem do governador continua intacta, como foi de líder universitário, advogado, professor, juiz federal e deputado federal.
O processo de blindagem do grupo de Flávio Dino contou nos bastidores, mas sempre surgindo para o confronto aberto, com a presença do articulador Márcio Jerry, figura que jamais teme a polêmica, mantendo aceso o debate político.
Sua decisão de conquistar o poder no Maranhão nasce no movimento estudantil, que teve um papel fundamental na construção permanente do seu perfil na vida partidária, a disputa ficou no natural. O meio político e da imprensa reconhece o seu papel de principal secretário de estado, nunca afirmando a sua influência no amigo Flávio Dino e no atual governo. Sem perder espaços, mantêm um discurso de unidade com os aliados, mesmo com muitos não concordando com a composição na estrutura de governo.
O sempre militante e atual Secretário de Estado de Articulação Política concedeu uma entrevista exclusiva para o O Imparcial, mostrando no seu estilo direto suas opiniões sobre assuntos que envolvem o presente e futuro no governo, partidos, impeachment, poder, economia, eleições, população e relação pessoal.
O Imparcial – Em que momento Márcio Jerry descobre o seu papel no processo político do Maranhão?
Márcio Jerry – Não situo um momento, foi um processo. Sou militante desde adolescente, desde o movimento secundarista. Junto a outros tantos companheiros e companheiras acho que construímos uma trajetória, marcamos nossa presença na cena política do Maranhão.
O Imparcial – Sua atuação sempre foi muito discutida durante sua trajetória de militante político partidário, a polêmica sempre esteve como marca de atuação?
MJ – Polêmica sempre, não. Mas quem faz política com a marca da ideologia, da coerência a valores, irá sempre disputar ideias, confrontar concepções, é natural.
Como entende as permanentes denúncias da oposição apontando a sua interferência nas ações do governo?
MJ – O governador Flávio Dino me escolheu pra ser Secretário de Assuntos Políticos e Federativos, tarefa que cumpro com dedicação, humildade e zelo. Não interfiro para nada além do que sou chamado a interferir, sempre dentro das atribuições inerentes ao cargo.
Em que diferencia o olhar do militante político do atual Secretário de Estado de Articulação Politica do governo de Flávio Dino sobre os problemas do Maranhão?
MJ – Estou secretario porque sou militante político. O mesmo olhar. Nada, na condição de secretário, me faz diferente da condição de militante, a não ser aquilo que é intrínseco exclusivamente a uma ou outra condição.
Como a população poderia entender o seu papel no governo de Flávio Dino?
MJ – Papel de colaborador. Muito mais de colaborador, de assessor, do que, por exemplo, de amigo de longas datas. Ser amigo não credencia, por si, a assumir um cargo de confiança.
A miséria sempre envergonhou o Maranhão nacionalmente e internacionalmente, quais as soluções que podem inserir a população na capacidade de independência financeira?
MJ – O governador Flávio Dino está construindo concretamente um caminho novo para superar a pobreza, a miséria. A aposta decidida que ele fez na produção, nas políticas de desenvolvimento econômico com justiça social, e na educação, dá a dimensão desse esforço civilizatório. Ao final dos quatro anos, com absoluta certeza, o Maranhão será um estado muito mais justo, muito melhor para todos.
Que leitura faz das ações do atual governo desenvolvida para a população no Maranhão?
MJ – Há ações emergenciais, de curto prazo, que fazem com que as políticas públicas alcancem os que mais precisam das ações do estado. Há melhorais em várias áreas e em todas as regiões do estado. E há a aposta estratégica, planejada, para o Maranhão deixar de ser um estado rico de povo pobre para ser um estado marcado pela justiça e por oportunidades para todos.
Existe a possibilidade de uma transformação na vida da população em quatros anos?
MJ – Sim, este é o compromisso inarredável do governador Flávio Dino. As mudanças estão em curso, as sementes estão plantadas e o resultado disso em quatro anos será muito bom para os maranhenses.
Muitos aliados reclamam de estarem fora do governo e de suas decisões. Como está a relação com os partidos que apoiaram a campanha do governador Flávio Dino?
MJ – Relação respeitosa, democrática. Há sempre reclamações, é normal. Mas para cada reclamação há o diálogo para resolver problemas, manter a unidade, fortalecer os laços dados no compromisso em melhorar as condições de vida do nosso povo.
O PCdoB será o maior partido do Maranhão como tradicionalmente sempre aconteceu com as legendas dos governadores?
MJ – Não temos essa pretensão. Aliás, temos dito que não queremos inchar, mas sim crescer, como queremos também ver fortalecidos todos os partidos aliados. Não temos uma visão hegemonista, jamais. Trabalhamos muito para manter unido o Partido do Maranhão, que envolve muitos partidos, movimentos sociais, enfim, uma ampla aliança para assegurar ao Maranhão um definitivo e sustentável processo de mudanças.
Como político pensa em concorrer nas próximas eleições a que cargo?
MJ – Com absoluta sinceridade, não penso nisso. Poderei pensar, se pensar direi. Mas por enquanto trabalho incessantemente para ajudar o governador Flávio Dino e a ajudar o nosso partido.
Como analisa a possibilidade do PMDB do grupo Sarney voltar na próxima eleição ao poder do Maranhão com um impeachment da presidente Dilma Rousseff?
MJ – Primeiro, não haverá impeachment, não creio. E se houvesse não asseguraria a volta de um grupo político que em quase cinco décadas perdeu todas as oportunidades de ajudar o Maranhão. Esse grupo preferiu pilhar o estado a desenvolvê-lo.
Qual o papel do PCdoB na defesa do governo da presidente Dilma Rousseff? Isso pode garantir mais espaços no governo federal?
MJ – Defendemos o governo da presidenta Dilma por convicção política. Não fizemos nenhum cálculo pragmático. Mas é claro que o protagonismo do governador Flávio Dino na cena política nacional em defesa da presidenta Dilma cria um ambiente politico mais favorável, é inegável.
Existe a decisão de mudança no primeiro escalão do governo em 2016?
MJ – Não sei. É assunto do governador Flávio Dino, que não se manifestou sobre.
Qual a importância das eleições de 2016 e 2018 na mudança política no Maranhão?
MJ – É importante reforçar a agenda de mudanças e o campo político amplo que lidera essas mudanças sob comando do governador Flávio Dino.
Pode afirmar que o eleitor maranhense conquistou a independência no voto?
MJ – Há uma autonomia bem maior do eleitor maranhense hoje. Uma nova configuração desse eleitorado foi se constituindo, fortalecendo a ideia de um voto mais independente dos tristemente famosos “currais eleitorais”.
O governo de Flávio Dino conseguiu a harmonia entre os poderes?
MJ – Sim, relação ótima, estável, colaborativa. Todos veem o governador Flávio Dino como aquilo que ele é: um político preparado, comprometido com seu povo, que tem palavra, ética, e que conduz nosso Maranhão a uma nova e melhor realidade.
Como Marcio Jerry olha Flávio Dino?
MJ – Olho com respeito, amizade, companheirismo e muita reverência ao talento e a capacidade política e gerencial que ele tem. Flávio Dino é um quadro político respeitado em todo o Brasil. Respeitado como jurista, político, intelectual, advogado, professor, enfim. Uma pessoa muito inteligente, de sólida formação e, como agora está se confirmando, com grande capacidade de gestão.
O que acredita para o presente e o futuro no Maranhão e no Brasil?
MJ – O Brasil é muito forte, belo, de grande potencial. Temos um lugar na geopolítica do mundo, mas sobretudo temos a possibilidade de assegurar justiça social. E o Maranhão é um estado de imenso potencial. É uma pena que o Maranhão tenha sido tão maltratado ao longo dos anos; e é muito bom vermos agora se instaurando uma nova realidade. O Maranhão está em movimento, em processo de mudança, algo histórico que fará com que nosso estado saia dos últimos lugares em indicadores sociais para posições compatíveis com o seu potencial e a grandeza de nosso povo.
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