RELIGIOSIDADE

Igreja Católica lança Campanha da Fraternidade

O foco central o saneamento básico, que é um grande problema hoje, pois a responsabilidade de cuidar do planeta é de todos

Camapnha da Fraternidade
A Igreja Católica se prepara para as celebrações da Campanha da Fraternidade de 2016, no momento em que atos de grupos terroristas abalam o mundo, a economia do país enfrenta grave crise e a política é notícia diária pelos escândalos de corrupção. Eventos que levam a congregação a se posicionar e atuar para manter os cristãos integrados. Em meio à falta de água em São Paulo e o rompimento de uma barragem que deixou centenas de desabrigados em Mariana, região central de Minas Gerais, a Igreja vai discutir o tema Casa comum, nossa responsabilidade. O subtema será Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca, ambos definidos em reunião da Comissão Nacional da Campanha. O foco é a discussão dos problemas causados pela ausência de saneamento básico.
Nesta campanha, a celebração será ecumênica, ou seja, reunirá outras igrejas cristãs além da Católica, que integram o Conic – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, e coordenador do evento. Fazem parte da instituição a Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia e Igreja Presbiteriana Unida. A novidade desta edição é a participação da Misereor – entidade episcopal da Igreja Católica da Alemanha, que trabalha na cooperação para o desenvolvimento na Ásia, África e América Latina. O ecumenismo na campanha é realizado a cada cinco anos. A Campanha da Fraternidade será aberta, oficialmente, na quarta-feira de Cinzas, dia 10 de fevereiro, início da Quaresma. O ano de 2015 marca ainda o Ano do Jubileu da Misericórdia, que ocorre a cada 25 anos e concede aos cristãos o perdão a todos os pecados.
O ritual se concretiza com a passagem por ‘portais sagrados’ – entradas de igrejas que comumente são locais de peregrinação. No Maranhão, os portais serão os santuários de São José de Ribamar, Nossa Senhora da Conceição e na Igreja do Carmo. O próximo estava marcado para 2025, mas o papa Francisco pediu um Jubileu extraordinário, por ser este o Ano Santo da Misericórdia. Em entrevista a O Imparcial, o arcebispo de São Luís, Dom José Belisário, fala do ecumenismo da celebração e sobre comportamentos que levam a desavenças e guerrilhas, supostamente em nome da fé. “Instituições ligadas à questão ambiental solicitaram que fosse dedicada uma campanha onde se discutisse o saneamento básico, por ser uma questão dramática no país”, pontuou. A reportagem conversou ainda com o coordenador de Pastoral da Arquidiocese de São Luís, padre Crizantonio da Conceição Silva, que explica como será trabalhado o tema da campanha e as atividades programadas.
Na campanha deste ano a celebração será ecumênica. Qual o significado para a Igreja?
Dom José Belisário – O sentido é muito importante, pois mostra que os cristãos estão de acordo em alguns pontos fundamentais, especialmente nestas questões de ordem social. Onde podemos, perfeitamente, trabalhar juntos como este tema que trata do saneamento básico. São as igrejas pertencentes ao Conic, conselho no qual trabalham permanentemente juntas e representa a união destas igrejas.
Padre Crizantonio – São participantes as congregações que integram o Conic, mas, por se tratar de tema amplo e que diz respeito a todos, a Igreja Católica convida todas as denominações de fé a participar desse momento. O carro-chefe da campanha aqui no Brasil é o saneamento básico, que é um grande problema hoje, e a responsabilidade de cuidar do planeta é de todos nós. Essa celebração tem como ponto forte unir as igrejas por um bem comum que é o cuidado com o nosso meio ambiente por um mundo melhor para todos.
Como a Arquidiocese vai trabalhar o tema da Campanha da Fraternidade 2016?
Padre Crizantonio – A Igreja já mobiliza e motiva as comunidades para abraçar e trabalhar o tema.Vamos iniciar com os ‘repasses’, que são cursos para formação de multiplicadores que vão atuar junto às comunidades e orientar a respeito do tema da campanha com início em janeiro. Serão 15 no total, em paróquias nos municípios da Grande Ilha e ainda em Santa Inês, Rosário, Primeira Cruz e Santo Amaro. Teremos eventos também em fevereiro, dia 12, Sexta-Feira Santa, com uma coletiva de imprensa para expor o tema; e dia 13, a abertura oficial, com um culto ecumênico e Santa Missa, no Ginásio Castelinho. A campanha tem seu ponto alto no período no dia 11, Quarta-Feira de Cinzas, início da Quaresma, mas a Igreja trabalha o tema durante todo o ano.
Como o senhor avalia a escolha do tema e qual a importância destas discussões?
Dom Belisário – A Confederação dos Bispos do Brasil, a CNBB, é quem escolhe o tema, a partir de demandas de organizações e da sociedade. Instituições ligadas à questão ambiental solicitaram que fosse dedicada uma campanha onde se discutisse o saneamento básico, por ser uma questão dramática no país.
Qual o sentido do perdão a ‘todos os pecados’ neste período, que propõe o Jubileu da Misericórdia?
Dom Belisário – É um equívoco pensar que todos os pecados serão perdoados com uma passagem por uma porta. A porta é apenas um símbolo. Digamos que a porta é Cristo e nós, para termos o perdão dos pecados, é fundamental haver o arrependimento e o bom propósito de não voltar a cometer os mesmos erros. O Ano Santo da Miserciórdia se firma na indulgência, que é diferente do perdão. O pecado é sempre perdoado na medida em que há arrependimento e o bom propósito; a indulgência perdoa também as penas originadas do pecado.  
Padre Crizantonio – Temos algumas simbologias para este ano do Jubileu e da Misericórdia. O cristão deve seguir, senão todas, algumas das 12 orientações cristãs. Entre estas, anunciar a misericórdia de Deus, realizar peregrinações aos santuários; ir ao encontro de quem vive nas periferias para refletir e praticar as obras da misericórdia; perseverar na oração, jejum e caridade; realizar as 24 horas para o Senhor, vigília; participar da peregrinação à porta santa; acolher missionários da misericórdia enviados pelo papa – em todos os países do mundo há esse padre indicado e aqui na capital será o frei Ivaldo, do São Francisco; perdoar a todos de todo coração e participar da sacramento da Reconciliação; receber a indulgência; participar da eucaristia nas santas missas; e se converter. Temos aí uma série de seguimentos cristãos para este período.
Qual o posicionamento da Igreja Católica sobre os recentes ataques de grupos extremistas, geralmente justificados pela fé?
Dom Belisário – Trata-se de uso indevido e inadequado da fé – seja a fé cristã ou outra religião – que certamente existem outros motivos por trás, geralmente são motivos econômicos. A religião entra muito mais como uma espécie de ideologia, não totalmente como uma visão religiosa. As grandes religiões, especialmente as monoteístas, nada têm a ver com estas guerras.
Padre Crizantonio – O evangelho diz que Deus veio para que todos tenham vida em abundância e não guerras, morte ou violência. Em nome de Deus não devemos provocar situações que levem à agressão da vida. Esses comportamentos vão contra as leis de Deus. Isso é de um extremismo exagerado, que não condiz com a fé, com as congregações, com os ensinamentos de Deus. A Igreja Católica trabalha no sentido de estimular a tolerância, o respeito à fé do outro. Não se deve agredir a fé das pessoas para que não se tenha respostas adversas. Deve-se respeitar o que o outro acredita e congregar pela disseminação da palavra de Deus. É diálogo, união e tolerância religiosa.
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