ARTIGO

Violência na escola

A relação entre televisão e seu assistente não é uniforme. Varia entre tipos diversos que vão desde aqueles viciados, verdadeiros dependentes, aos que dela se servem apenas em situações especiais, por uma exigência de ordem lúdica (entretenimento), informativa (noticiosa), ou cultural (aprendizado, erudição). Ao primeiro grupo pertencem os noveleiros, sempre presos ao desdobramento folhetinesco da […]

A relação entre televisão e seu assistente não é uniforme. Varia entre tipos diversos que vão desde aqueles viciados, verdadeiros dependentes, aos que dela se servem apenas em situações especiais, por uma exigência de ordem lúdica (entretenimento), informativa (noticiosa), ou cultural (aprendizado, erudição).
Ao primeiro grupo pertencem os noveleiros, sempre presos ao desdobramento folhetinesco da trama infindável e repetitiva. Nesse universo, não deixam de ser uma subclasse elitizada, porque alguns vão ao excesso quando se entregam aos repulsivos reality shows.
Já no campo dos que assistem noticiários, reportagens ou entrevistas, estes o fazem com a só intenção de estarem atualizados, às vezes até por dever profissional ou interesse consumerista. Quase sempre acham que a TV a brasileira notadamente, pela sua péssima programação não faz outra coisa senão embrutecer, deseducar ou até mesmo perverter a sociedade (além do que por natureza já é). Dela dizem ser uma grande perda de tempo, pois sempre têm coisa melhor a fazer, e em prol de sua tese alinham dois “causos” (não sei se verdadeiros) a título de ilustração. Aduzem, por exemplo, que a única coisa boa acaso dita pelo político Leonel Brizola é que fecharia a TV-Globo, em nome da moralidade pública, se um dia chegasse à presidência da República. Em outro “causo”, afirmam que em certo país bem evoluído (Islândia ou Finlândia, não me lembro), a televisão, estatal, sai do ar um dia na semana para que nesse dia as famílias possam conversar e as pessoas tenham oportunidade de aperfeiçoar seu xadrez, verdadeiro esporte nacional. Faz sentido.
Pois bem. Digo tudo isso porque, esta semana, os noticiários da TV, no horário nobre, trouxeram dois quadros horripilantes (para dizer o mínimo), ambos conectados ao tema “violência em sala de aula”.
A primeira notícia vem dos Estados Unidos. Em sala de aula, um segurança ou policial, branco, de compleição bem robusta, usa de explícita violência física para dominar e arrastar, juntamente com a cadeira escolar, uma aluna, já moça, de cor negra. A imagem, pela inegável violência que exibe, é realmente chocante. E o locutor, em off, aproveita para condenar “aquela” violência como forma de opressão racial, com isso aumentando o coro de certo ressentimento social.
O que o quadro não mostra, no entanto, é que a aluna rebelde já fora instada pela professora, ou professor, para que não usasse o aparelho celular em sala de aula. Ou que entregasse a alguém. E que, diante da terminante sua recusa, houve necessidade de chamar-se a segurança para pôr ordem nas coisas. O que se seguiu a TV exibiu, com as cores da lamentável realidade, é bem verdade, mas omitindo de sopesar se a violência do policial foi gratuita ou se resultou de uma reação plenamente justificável em termos de imposição da disciplina escolar.
O outro quadro é aqui nosso, bem brasileiro. Um fedelho de 7/8 anos, se tanto, em assomo de ira incompatível com sua pequena idade, se põe a destruir tudo que encontra na sala dos professores de sua escola. Vê-se que uma professora ou orientadora, cujo rosto não é mostrado, mas que certamente é entusiasta da Lei da Palmada, adverte os circunstantes: “Não toquem nele, deixem-no livre, os pais ressarcirão os prejuízos”. Uma atitude absurda, digo eu, porque a realidade do momento, algo emergencial, estava a exigir uma providência imediata: pegar o pequeno rebelde pelos fundilhos e jogá-lo no corredor, até mesmo em seu próprio benefício físico e em defesa do patrimônio escolar. Resultado: aquela orientadora, que supostamente defendeu o menor de uma severa disciplina escolar, certamente concorreu para projetar, ali, um futuro marginal. Quando não se prestigia o princípio da autoridade e se permite que o Estado se intrometa na relação familiar ou escolar, a coisa começa a degringolar.
A TV em si, essa, coitada, está inocente pela violência. Culpados são aqueles, do marxismo cultural, que infestam as redações e ditam regras no poder público.
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