ARTIGO

Aspirando esperança

Para muitos, a universidade é fundamentalmente um espaço para transmissão do conhecimento no intuito de formar pessoas qualificadas. Assim, durante muitos anos, o Ensino era considerado a função preponderante da universidade. A Pesquisa e a Extensão foram incorporadas gradativamente e fazem parte da história recente da universidade brasileira. A visão clássica de hoje que restringe […]

Para muitos, a universidade é fundamentalmente um espaço para transmissão do conhecimento no intuito de formar pessoas qualificadas. Assim, durante muitos anos, o Ensino era considerado a função preponderante da universidade. A Pesquisa e a Extensão foram incorporadas gradativamente e fazem parte da história recente da universidade brasileira. A visão clássica de hoje que restringe a visão da universidade a uma entidade desenvolvedora do tripé ENSINO – PESQUISA – EXTENSÃO deixa de ter sentido a partir do momento em que nós não sabemos para quê serve este Ensino? Para quê serve o conhecimento gerado? e qual será o papel dos milhares de profissionais que colocamos no mercado a cada ano?
O distanciamento observado entre a universidade e seu entorno: sociedade, meio empresarial, meio industrial e meio governamental está colocando em xeque este modelo e o papel da universidade na sociedade. Tal visão está se tornando caduca, principalmente porque tanto o ensino, como a pesquisa e a extensão não estão amplamente voltados para sociedade.
Ao analisarmos o contexto e o cenário maranhense, deparamos em uma realidade alarmante, pois, apesar de ser um estado potencialmente rico, com uma abundância de recursos naturais e uma localização estratégica invejável, o Maranhão apresenta os piores indicadores sociais e econômicos da federação. É inadmissível que, em pleno século XXI, mais de 20% da polução maranhense ainda é analfabeta. Além disso, o Maranhão detém os piores índices de mortalidade infantil, mortalidade materna, baixa expectativa de vida, baixo Índice de Desenvolvimento Humano –IDH, baixa produtividade, baixo Produto Interno Bruto -PIB, Baixos índices educacionais (IDEB, etc.), alto índice de pobreza, alto índice de violência, alto índice de desemprego, etc.
Diante deste cenário perverso, surge a seguinte pergunta: Qual é a nossa parcela de responsabilidade nisso? Qual deva ser o grau de nossa preocupação com este cenário? O que estamos realmente fazendo para reverter este quadro perverso? Enfim, qual é, de fato, o papel da universidade na sociedade?
A UFMA detém a maior concentração de inteligências no estado com mais de 80% de seus mestres e doutores. Infelizmente, apesar deste potencial extraordinário, o Maranhão continua o pior estado da federação. Ao olharmos entorno da nossa universidade deparamos com muita pobreza e descaso no entorno! E o pior, estamos bem acomodados no nosso ninho. A nossa universidade está desconectada da realidade e pouco impacta a sociedade.
Não podemos negar a importância da universidade como um instrumento de papel fundamental na formação dos acadêmicos, lhes proporcionando um importante crescimento profissional e pessoal. Porém, este papel não é determinante, pois qualquer instituição acadêmica de qualquer escala e em qualquer local pode cumprir este papel. A UFMA, por ser uma universidade e não apenas uma faculdade, pelo potencial que tem e pelo montante de recursos que recebe, não pode se limitar a esta função. Acredito que nossa querida universidade tem uma responsabilidade bem maior e deva de fato impactar seu entorno e a sociedade. Formar é a função básica da nossa universidade, que deve ser fortalecida e desempenhada com qualidade e excelência. Entretanto, nós não podemos se limitar a esta função.
Nossa academia tem um débito muito grande perante a sociedade. A UFMA ainda não casou com o Maranhão. Precisamos nos reconciliar com os trabalhadores, com o homem do campo, os movimentos sociais, o setor produtivo, o empresariado, as comunidades carentes, e as diferentes classes sociais. Estes segmentos reúnem as condições para quebrar o ciclo perverso do atraso e retomar as bases do verdadeiro desenvolvimento que deve ser baseado no conhecimento. Acredito muito no nosso potencial, que hoje se encontra subestimado e sub explorado, e na nossa força em contribuir efetivamente com nosso estado, um estado tão carente e tão necessitado da contribuição de suas inteligências.
A universidade, que é uma das células mais importantes da sociedade, encontra-se em um momento crucial de sua existência. A instituição acadêmica está enfrentando os desafios do século, além disso, sua responsabilidade perante a sociedade está aumentando a cada dia. Porém, sua estrutura arcaica e engessada e sua inercia estão travando seu avanço e colocando em xeque seu papel na sociedade.
A inovação é o motor da evolução da sociedade e a educação é seu fundamento. A inovação passa, em primeiro lugar, pela geração de conhecimento que a universidade sabe fazer muito bem e em segundo lugar pela transformação do conhecimento gerado em riqueza. Isto passa pela interação com a sociedade e com a empresa. É principalmente neste segundo aspecto que estamos pecando.
Com tanto recurso que nossa universidade recebeu nos últimos anos jamais visto na história, devíamos fazer muito mais pela UFMA. Infelizmente, esse esforço não foi acompanhado por uma melhoria na gestão e no tripé Ensino-Pesquisa-Extensão e a nossa universidade encontra-se hoje no pior momento de sua história. Prova disso são os indicadores de qualidade da UFMA que estão despencando seguindo os dados do MEC (IGC, etc.) e o rombo milionário legado da atual gestão.
Felizmente, junto com um novo governo no estado, uma nova gestão está se instalando na UFMA, a quem desejamos boa sorte e pedimos para que sejam abolidas as práticas retrógradas e negativos que assombrarem a nossa universidade nos últimos anos: centralização, falta de democracia, arrogância, perseguição, corporativismo, distanciamento da comunidade cientifica e estudantil, além de atacar os 4 problemas básicos de restaurante, alojamento, segurança e transporte.
Precisamos se aproximar da indústria e da micro e pequena empresa. Precisamos criar as condições para explosão do potencial da academia rumo a uma universidade moderna, inclusiva, inovadora, aberta, e transformadora da sociedade. A UFMA precisa de um novo modelo de Gestão para se modernizar e se preparar para enfrentar os novos desafios da era da mudança e do conhecimento. Precisamos ter uma verdadeira política institucional de interação com a sociedade e de transformação da Pesquisa em Riqueza.
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