ARTIGO

O Maranhão pode dar certo

O artigo no Jornal Pequeno desta semana do Ex-Governador e atual Deputado Federal Zé Reinaldo da bancada maranhense trouxe informações que nos proporcionam alento. Uma delas é que os deputados maranhenses se uniram e conseguiram recursos para duplicar a BR135 até o município de Miranda. Isto possibilitará um desafogo na chegada a São Luís. Esta […]

O artigo no Jornal Pequeno desta semana do Ex-Governador e atual Deputado Federal Zé Reinaldo da bancada maranhense trouxe informações que nos proporcionam alento. Uma delas é que os deputados maranhenses se uniram e conseguiram recursos para duplicar a BR135 até o município de Miranda. Isto possibilitará um desafogo na chegada a São Luís. Esta cidade e Belém do Pará, ao que eu saiba e conheça, são as únicas capitais brasileiras que tem apenas um acesso. Belém fez o dever de casa já faz algum tempo. São Luís continua com aquele funil que, além de provocar congestionamentos terríveis, já ceifou muitas vidas humanas e de animais.
Eu ainda avalio que tudo ficaria melhor ainda se fosse proibida a circulação de caminhões pesados (com mais de dois eixos) na cidade. E os mais leves transitando apenas noite adentro. As cargas pesadas poderiam ser desembarcadas num terminal em Miranda e vir para São Luís em vagões de trens. Forma muito mais econômica de fazer o transporte. Contudo, para que isso acontecesse precisaria da existência de uma linha ferroviária eficiente, com trens modernos e potentes. Isto, atualmente é um sonho que nem parece ter alguma chance de se concretizar num futuro previsível.
Outra boa nova que o texto do Deputado nos trouxe é a que fala da instalação de um Campus Avançado do ITA no nosso estado. Seria um excelente instrumento para alavancar os atuais indicadores de educação do nosso estado, que estão entre os dois piores do Brasil. Uma entidade de ponta, como essa, traria professores altamente qualificados que, mesmo vindo apenas para dar as aulas e fazer pesquisas, já treinariam estudantes maranhenses em tecnologias avançadas, que proporcionariam um grande efeito transbordamento em todo o estado. As chamadas externalidades positivas.
Claro que a vinda de uma sucursal do ITA será bem vinda. Mas precisamos também voltar as nossas energias e sinergias para as nossas potencialidades atuais, face ao quadro de qualificação da força de trabalho de que dispomos. Em documento que fiz para a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Maranhão, e que está no “youtube”, eu falei, com base nas estatísticas oficiais do IBGE que eu trabalhei em Tese recente, que a maior tragédia maranhense é a deseducação. Temos 20% de analfabetos maiores de 15 anos; a escolaridade média do estado é de apenas 6,7 anos; e não menos do que 61,5% da população maior de 25 anos não completou nove anos de escolaridade. Óbvio que com indicadores tão ruins não chegaremos a lugar algum. Isto porque com este tipo de qualificação pode acontecer do ITA se instalar aqui e vir estudantes de outras partes do Brasil ocuparem as vagas porque os maranhenses não terão condições de competir.
No vídeo em referencia eu falo em “radicalizar” na educação. Este é um indicador que precisa de tempo para mostrar resultados. Talvez por isso não seduza quem tome decisões políticas, embora nos discursos de campanha eles sempre digam que irão priorizar a educação. Esquecem no primeiro dia depois que tomam posse. Nem governos se interessam em mudar o cenário, tão poucos os senadores, deputados federais, estaduais e os vereadores incomodam quem está no exercício do poder executivo para mudar o panorama. E assim o tempo passa e um contingente enorme de brasileiros continua deseducado. No Maranhão o quadro é mais cruel.
Como sempre falo, e não sou o único, todos que conhecem o Maranhão sabem do enorme potencial que o nosso estado tem para deslanchar produção de alimentos, materiais primas, inclusive produtoras de energia. Mas para que isso aconteça é preciso que os recursos para os órgãos que encaminham as politicas públicas voltadas para essas atividades sejam competentes, eficientes e não estejam pulverizados.
Observa-se que os estados mais pobres (os do Sudeste e do Sul não embarcaram nessas ideias) imitam o que é feito erroneamente pelo Governo Federal, em que criaram duas Secretarias voltadas para trabalhar os temas voltados para a agricultura. Uma dessas secretarias, segundo alegam, trata do que chamam de agronegócio e a outra está voltada para Agricultura Familiar, não se sabe por que. Sim porque a hipótese subjacente é que o agricultor familiar não gosta de ter renda com a sua atividade. Trabalhariam apenas para sobreviverem. Não tem equivoco maior do que este. Quem tiver alguma dúvida é só perguntar para qualquer um deles. Esta é uma das manias do Estado burocrata-interventor que acha que pode decidir tudo pelos cidadãos.
Um estado pobre como o Maranhão precisa ter um serviço de assistência técnica eficiente. Feita por profissionais com formação em ciências agrárias (Agrônomos, Veterinários, Zootecnistas, Técnicos Agricolas) bem treinados e bem remunerados. Funcionários concursados e de carreira. Não sendo terceirizados, sem qualquer garantia trabalhista como acontece no Maranhão e em todos os estados do Norte e Nordeste atualmente. Somente assim o estado pode galgar produção de alimentos, matérias primas com agricultores sendo bem remunerados, como gostam, ao contrario do que pensa aqueles que os querem tutelar. Apena assim se deslancha um virtuoso progresso que deve estar ancorado em investimentos pesados para reverter o quadro atual da escolaridade dos maranhenses. De outra forma, o excelente e comprometido Deputado Zé Reinaldo e nós todos veremos o ITA instalado na nossa terra, como queremos, mas com estudantes dos estados do Sudeste ocupando todas as vagas. O que não queremos.
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