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Os códigos gráficos não se restringem mais ao pagamento de contas

Aplicativos de smartphones usam a solução para indicar a origem de um produto e até contabilizar as calorias de alimentos

Códigos de barras são aquele tipo de coisa de que ninguém se lembra até tentar imaginar a vida sem eles. Os que já passaram dos 40 anos devem recordar como era cansativo enfrentar uma fila do supermercado quando o funcionário tinha de digitar, um por um, os preços dos produtos na máquina registradora. Os mais jovens também não devem ter saudade de escrever uma sequência numérica imensa para pagar as contas no internet banking. Mas, graças a esses risquinhos intercalados com espaços, tarefas assim ficaram muito mais fáceis e ágeis de executar.
Ainda mais hoje, quando qualquer celular com câmera e acesso à internet faz as vezes de leitor de códigos de barras. No Brasil, sexto país do mundo em número de smartphones, aplicativos com essa funcionalidade são populares nas lojas da Apple e do Android. O brasileiro PagBoleto, um dos primeiros do tipo no país, já chegou ao primeiro lugar da AppStore, ultrapassando os populares Angry Bird e Instagram. Também nacional, o BoaLista, que faz comparação de preços, foi baixado por cerca de 1,2 milhão de usuários.
Além de pagamento de boletos de consumo e cobrança, os aplicativos com leitor de código de barras dão as informações nutricionais de alimentos, mostram a bula de remédios, revelam a origem de um produto (se é orgânico e se a embalagem é sustentável, por exemplo), substituem o cartão de embarque e o ingresso em papel e ainda ajudam na dieta, calculando calorias e pontos de alimentos nos apps de programas de reeducação alimentar.
“Nos produtos, o código de barras funciona como uma extensão da embalagem. Cada vez mais, existem exigências de rótulos, as pessoas querem saber se um alimento tem glúten ou lactose, por exemplo. Assim, a embalagem fica limitada. Com a leitura do código de barras, você pode saber tudo isso e até aprender a preparar um produto”, observa Flávia Ponte Costa, coordenadora da Associação Brasileira de Automação — GS1-Brasil.
Para ela, o fato de os celulares desempenharem a função de leitura está aproximando mais o consumidor das informações. “Inclusive, a pessoa tem o poder de decidir que tipo de informação quer”, diz. A GS1, associação sem fins lucrativos, criou um aplicativo gratuito, o Inbar, que captura e interpreta vários padrões de códigos de barras e informa ao consumidor coisas como o processo de produção, a forma de embalagem e os meios de chegar ao fabricante.
O poder na palma da mão do consumidor é uma das grandes vantagens de os celulares lerem códigos de barra, acredita Roberto Ferreira, da startup carioca DotLegend. No fim de 2010, ele e o engenheiro de sistemas e computação Fabio Freitas, que havia passado uma temporada no Vale do Silício, idealizaram um aplicativo que pudesse fazer comparação de preços de lojas físicas. A ideia era que, no supermercado, o consumidor apontasse o celular para o código de barras do produto e visualizasse o valor cobrado em diversos estabelecimentos físicos e virtuais.
Assim, surgiu o BoaLista, que funciona de forma interativa e colaborativa. O usuário pode cadastrar qualquer supermercado que não esteja no sistema e adicionar os preços, que ficarão disponíveis para todos. Muitos varejistas torceram o nariz para o aplicativo e se negaram a facilitar o trabalho, repassando as listas de preços. “Tivemos um pouco de dificuldade de seguir em frente”, admite Ferreira.
Embora não tenha acabado o app não passou por atualizações, mas o cofundador da DotLegend diz que há planos de voltar a trabalhar com ele. “Além de tecnologia e inovação, há o papel social”, afirma, lembrando que, em tempos de crise, tirar o celular do bolso e saber, na hora, onde encontrar um produto mais barato aumenta o poder do consumidor.
Hoje, a diretora de arte Giseli Bueno não consegue imaginar a vida sem um aplicativo que ajudou a criar, o PagBoletos. “Troquei meu celular por um Android. Então, pago as contas pelo iPad porque, no mês que fiquei sem, me senti completamente perdida”, conta. O aplicativo, que só roda em iOS, captura as informações codificadas de contas e boletos e envia as informações para o internet banking.
Ele surgiu em 2012, antes de os aplicativos de bancos oferecerem a leitura de código de barras e, apesar de ter menos downloads hoje, ainda é um sucesso entre usuários. “Tudo é por código de barras. Você pega a câmera, tira a câmera e pronto, pode fazer diversas coisas”, diz Giseli, que pretende criar aplicativos com a funcionalidade embutida.
 
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