CONJUTURA

Jovens também se veem afetados pela crise econômica

Na faixa de 18 a 24 anos, o desemprego é maior do que em faixas acima

Foto: Honório Moreira/OIMP/D.A Press.


Honório  Moreira/OIMP/D.A Press

Segundo Tiago Santos (Centro), a crise tem tomado grandes proporções que podem ser notadas nas atividades do dia a dia

Os jovens de hoje vivem a primeira grande crise econômica e política. Até então, o que se sabia de aperto financeiro vinha de casos contados pelos pais ou lidos em livros de história do Brasil. Esta crise, segundo especialistas, deve também deixar sua marca na história. Chega para essa geração em um momento decisivo, no qual se escolhe um curso superior e ingressa no mercado de trabalho. Na faixa de 18 a 24 anos, por exemplo, o desemprego é maior do que entre os adultos. Em meados deste ano, a taxa de desocupação era de 16,4%. No mesmo período de 2014, a taxa ficou em 12,3%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A reportagem conversou com um grupo de estudantes do Ceuma sobre o assunto. Eles reclamam que a crise tem atingido diretamente os momentos de lazer e também as atividades diárias, como ir à faculdade.

Segundo o estudante Claudio André Mendes, de 18 anos, o impacto financeiro tem sido significativo, pois não precisa voltar muito ao tempo. No ano passado, o custo de vida estava bem abaixo do que atualmente. Ele lembra que, no ano anterior, saía com a namorada para o shopping com R$ 50 e dava para se divertir. “Hoje tenho que ter, no mínimo, R$ 100 para ir ao shopping e curtir com a namorada ou com os amigos. Pois os preços estão altos demais, a inflação só aumenta”, disse.
O estudante destacou que viajar para o exterior é um sonho que deve ser adiado por tempo indeterminado e as compras no exterior nem pensar, afinal, o dólar está em alta.
Claudio contou que os pais relatam sobre a crise de 1990, de como foi difícil sobreviver a ela. As famílias chegaram ao ponto de estocar comida, porque os preços aumentavam assustadoramente e o dinheiro era escasso. Mesmo assim, André e os pais dele esperam que a crise atual não atinja o país como atingiu na época.
Impactos
Depois de anos de consumo fácil, custo de vida relativamente estável e expansão econômica, o Brasil entrou em um período de inflação acima do limite de tolerância, queda do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas geradas em um ano, e aumento do desemprego. Guardadas as devidas proporções, esse cenário lembra as crises dos anos 1980 e 1990, antes da implementação do Plano Real.
O cenário atual, porém, não tem um único vilão. O que se vive hoje tem origem, em parte, em gastos públicos de baixa qualidade e acima do que se tinha em caixa. Na prática, quanto mais se gasta dinheiro público, mais pressão é gerada sobre a inflação. Se essas despesas são alocadas em folha de pagamento e em gastos que não geram riqueza para o país, o peso sobre o custo de vida aumenta ainda mais.
Para o estudante Tiago Santos Carvalho, de 18 anos, a crise tem tomado grandes proporções que podem ser notadas no dia a dia. Antes, ele conseguia encher o tanque do carro com R$ 50 e passar a semana inteira.
“Agora tenho que abastecer o tanque com R$ 100, e às vezes ainda nem dá. Para conseguir preços mais baratos vou a vários posto ou então peço sugestões de amigos”, falou. Muitas atitudes foram mudadas em casa para conter os gastos, disse Tiago. A primeira foi de economizar energia, com horários para acender as luzes e apagá-las. Também o consumo de água foi reduzido, entre outras medidas. Mesmo assim, a situação continua difícil. A mesada diminuiu, foi cortada pela metade.
O jovem André Sousa, de 19 anos, relatou que tem sentido na pele a crise econômica. Ele é filho de comerciante. Escuta diariamente as reclamações do pai em relação ao negócio. Segundo André, o pai afirma que antes a movimentação era intensa, havia muitos clientes. Com a crise, o movimento caiu.
“Toda esta queda nos negócios do meu pai atinge diretamente no meu orçamento, tento economizar de todas as formas. Eu saía antes com R$ 100 e fazia a festa. Atualmente, tenho que ter, no mínimo, R$ 180. A crise tem sido um dos motivos para nós jovens ficarmos mais tempo em casa”, afirmou
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