Transporte

Evolução e desenvolvimento com o transporte público na capital

Os meios de transporte tiveram papel fundamental para a modernização da capital maranhense. Os veículos de tração animal e bondes ?animálicos? e ônibus artesanais marcaram os primeiros anos de mobilidade urbana

A ocupação do território maranhense no início do século XX favoreceu a integração política, social e econômica do Estado. Imigrantes se juntaram aos maranhenses para fundar vilas, ocupar vales dos rios e contribuir para ligação das regiões de matas, cocais, baixada maranhenses e florestas da pré-Amazônia. Os pioneiros no setor de transportes marcaram uma época ao fazer a transição dos meios de transportes fluvial e ferroviário para o rodoviário. Acompanharam e estimularam a modernização e, por meio de parceria com o Poder Público, tornaram possível a conexão entre os diversos pontos da Ilha.Como bem citou o historiador Wagner Cabral da Costa, “mais que pessoas e mercadorias, transportaram as paixões e angústias,os desejos e medos, os sonhos e esperanças com que foram forjados em chama ardente o Maranhão de hoje”. 
A história evolutiva deste setor, de 1871 a 2004, com ênfase para o transporte público, é relatada, em parte neste material, com contribuição de estudo do pesquisador Gabriel Nava Limae coordenado por Marcos Aurélio Alves Freitas e Leila Lúcia Rocha Barros de Jesus. O estudo foi encomendado pela Federação das Empresas de Transportes Rodoviários dos Estados do Ceará, Piauí e Maranhão (Cepimar), em parceria com Sest/Senat São Luís. Informações e fotos que remontam a evolução deste setor podem ser revisitadas em exposição permanente instaladana sede do Sest/Senat São Luís, no bairro Filipinho. “Um dos pontos interessantes é que,na década de 60, os transportes público levavam os nomes dos modelos dos veículos e, mais tarde,das localidades onde rodavam”,ressalta a coordenadora do Senat, Tatiana Coqueiro.
Primeiros meios de transportes a servir a capital foram os veículos de tração animal e bondes ‘animálicos’, graças a contrato de parceria entre o então Governo da Província e o empresário do ramo, José Maria Bernes. Desse contrato nasceu a Companhia Ferro-Carril São Luiz do Maranhão, que ficou em atividade de 1872 a 1879. Depois desta empresa foi criada a Ferro-Carril Maranhense, cujo dono, Joaquim Marques Rodrigues, atuou até 1886. Esta empresa inaugurou um marco no setor de transportes, pois foi responsável por colocar em funcionamento o primeiro bonde a vapor do Maranhão, com a Estação Central/Anil, em 1893 atuando por 30 anos. A partir de 1924, os bondes movidos a eletricidade chegaram ao estado pela mãos da empresa norte-americana Brigthmam e Company Incorporation. O negócio foi rescindido apenas dois anos depois, devido ineficiência e má prestação do serviço pela empresa.
Dos bondes elétricos aos ônibus industriais
Foto: REPRODUÇÃO DA INTERNET.


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No ano de 1959, bondes elétricos tomaram boa parte ocupado pelos ônibus artesanais e industriais

Os caminhões com carrocerias feitas artesanalmente despontaram na década de 30, fizeram surgir com toda força o interesse pela exploração do setor. As carrocerias sugeriram mais comodidade e acolhimento dos passageiros. Em 1946, empresas subordinada ao governo fabricava as carrocerias tanto para caminhões, quanto para ônibus artesanais e os bondes, com esta estrutura fazia um novo resgaste deste meio de transporte. Este serviço viria a ser regulamentado três anos após, pela Lei Municipal n° 107, de 4 de abril de 1949. Mais três anos depois, a primeira cooperativa de motoristas e donos de veículos. Com a entidade eles tentaram baratear custos com maquinário, combustível, e demais equipamentos que faziam girar o sistema de transporte publico na capital. Para a defesa dos interesses dos associados, um ano depois criaram a Associação dos Proprietários dos Transportes Urbano de São Luís (APTUS), que funcionou por seis anos.

Em 1959 os bondes elétricos tomaram boa parte do meio ocupado pelos ônibus artesanais e industriais. O segmento era coordenado pelo Departamento de Transporte Urbanos de São Luís. A instituição trouxe melhorias técnicas para veículos como as catracas, chamadas ‘borboletas’, na parte dianteira dos veículos, utilizadas até hoje. Em 1967, os bondes elétricos foram definitivamente retirados de circulação das linhas, findando uma historia de 95 anos de utilização deste meio de transporte.
Transporte mais dinâmico
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O setor de transporte de passageiros ganhou uma dinâmica maior com a criação dos Terminais da Integração de São Luis a partir de 1996

Para integrar o empresariado do setor e dinamizar as informações e serviços, além de garantir o controle da atividade, foi criado o Sindicato das Empresas de Transporte de São Luís (SET) , em 1989, que se mantém até hoje, com a mesma denominação.

Nesse cenário, segmentos da sociedade foram beneficiados com leis e medidas que garantiram a meia-entrada no transporte público para estudantes (Lei Municipal n° 807, de 8 de agosto de 1957), a gratuidade para idosos ( Lei Municipal n° 2.653, de 12 de julho de 1984) e também para portadores de deficiências física (Lei Municipal n° 3.161, de 23 de julho de 1991). Outras melhorias vieram somar para usuários de maneira geral, como criação dos terminais de integração do Transporte de Passageiros de São Luís, em 1996. O sistema nasceu com objetivo de interligar os bairros, reduzir custos do usuário com o serviço e facilitar o deslocamento na capital. A pesquisa finda com a construção de dois terminais em bairros de grande fluxo de população da capital: o do São Cristóvão e do Maracanã, zona rural, em 2004. “É uma historia importante e que diz muito sobre a nossa sociedade”. Vale a pena conhecer diz a coordenadora do Senat, Tatiana Coqueiro.
“No país, verificamos diversas iniciativas para recuperar o tempo perdido e com objetivo de operar o sistema de maneira mais eficiente. Ainda não conseguimos essa meta” avalia. É o que observa o sociólogo André Miranda ao analisar o setor do transporte publico coletivo urbano nas varias transições sofridas, após um período de crises continuas. Segundo ele, o cenário politico e econômico brasileiro contribuem para a estabilização e existência de clara tendência de manter os níveis atuais de demanda. A implantação e expansão dos corredores exclusivos para o transporte coletivo, os terminais de integração e as melhorias nos grandes centros brasileiros são fatores principais para não deixar que os níveis atuais de demanda diminuam. Para a mobilidade urbana, esse momento de transição é de extrema importância, pois segundo ele, ocorre uma melhoria no setor. O reflexo de todas essas mudanças que a historia conta influi diretamente sobre serviços de transporte coletivo urbano, conclui.
Pioneiros dos transportes
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Viação Primor, que está ainda em atividade, chegou em São Luís em 19 de junho de 1969 e possuía apenas três carros, mais hoje conta com uma frota

Capitaneando o desenvolvimento e crescimento do setor de transporte público da capital, nomes marcaram uma época cuja contribuição permanece ate os dias atuais. A empresa Primor, em atividade ate hoje nasceu pela iniciativa de Valdir Alves, que resolveu investir no setor em 1954. No inicio utilizava a chamada jardineira para transportar passageiros na capital. A primor foi fundada em 5 de junho de 1969 e operava nas linhas Raimundo Correa, atual bom milagre; Habitacional turu, Monte Castelo, Liberdade e Solar dos LusíadasTuru. Junto, atual linha do Ipem Turu. Junto com a empresa São Benedito e São Cristóvão, foi uma das primeiras a utilizar o ônibus com catraca e cadeira para cobrador–considerado uma inovação para a época. Operadora por mais de 10 anos nas linhas de coletivos pela zona urbana de São Luís, a empresa Cetracol, fundada pelo cearense José Barreto de Carvalho Moreira, se estabeleceu na capital maranhense na década de 60. A empresa foi vendida e, dentre as denominações, dela foi criada a autoviária São Jose, que ficou atividade apenas um ano.

O transporte interurbano despontou na década de 50, pelas mãos do também cearense Raimundo Florêncio Monteiro. Em 1960, ele deixou o setor de cargas e inaugurou varias linhas interurbanas, após perceber a deficiência na prestação de serviços dessa área. Começou com um caminhão misto fazendo linha Bacabal Olho d’água das cunhas. Em 1968, fundou a empresa Florência Ltda. Em Bacabal para atender o vale do Mearim. O roteiro era para pelos municípios de Alto Turi, Arari, Bacabal, Caxias, Bom Jardim, Coroatá, Pedreiras, Pinheiro, Pio XII, São Luís e a vizinha Terezinha. O empresário cearense expandiu o negocio com a criação de outras empresas no segmento e possibilitou mais rotas de viagens pelos interiores e, pela continuação para o transporte rodoviário tem seu nome dado a uma das importantes ruas do município de bacabal, onde tudo começou: Rua Florêncio Monteiro.
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