Foto: Gilson Teixeira /OIMP/D.A Press.
Para os consumidores dispostos a comprar presentes para o Dia das Crianças neste ano, 41,4% demonstrou interesse de adquirir apenas um produto
Inflação acumulada no ano próxima de dois dígitos, juros do cartão de crédito acima de 400% ao ano, endividamento em São Luís atingindo quase 70% dos consumidores em setembro e mercado de trabalho em estagnação com variação positiva de apenas 0,15% em julho. O cenário econômico na capital maranhense preocupa consumidores e, consequentemente, vem retraindo as intenções de compras dos ludovicenses. De acordo com o levantamento de intenção de consumo para o Dia das Crianças 2015 em São Luís, 70,7% dos consumidores estão predispostos a ir às compras no período. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o índice de intenção de compras registrou uma queda de 3,4%.
A pesquisa foi realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (Fecomércio-MA) em parceria com a Câmara de Dirigentes Lojistas de São Luís (CDL) e entrevistou 700 pessoas, entre homens e mulheres com mais de 18 anos, nos principais pontos de circulação de consumidores da capital maranhense nos dias 9 a 12 de setembro de 2015.
“A combinação entre inflação elevada, juros recordes e a confiança do consumidor nos pisos históricos tem marcado negativamente o ano de 2015 em termos do desempenho do setor varejista. Com o aquecimento das vendas do comércio se tornando cada vez mais refém de datas comemorativas, o último trimestre do ano se aproxima com o Dia das Crianças para otimizar o comércio e gerar expectativas positivas aos empresários”, analisa o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (Fecomércio-MA), José Arteiro da Silva.
Para os consumidores dispostos a comprar presentes para o Dia das Crianças neste ano, 41,4% demonstrou interesse de adquirir apenas um produto, 32,0% afirmou que deve comprar até dois produtos e 15,5% considerou a possibilidade de comprar até três produtos. Já para 11,1% dos consumidores entrevistados, a data deverá motivar a compra de quatro ou mais produtos. Apesar do nível de intenção de consumo ter regredido na comparação anual, a disposição dos consumidores em comprar mais de um produto cresceu. Em 2014, o índice de pessoas que afirmavam que deveriam comprar apenas um presente era de 87,1%, revelando uma queda de 52,5% desses consumidores mais econômicos e, consequentemente, um crescimento de 166,6% entre aqueles que pretendem comprar dois presentes e de 3.000% entre os consumidores que desejam adquirir três produtos.
Quanto aos gastos pretendidos pelos consumidores nesse período, a pesquisa demonstrou que os valores que serão utilizados para a compra dos presentes ficaram situados principalmente nas faixas de 51 a 100 reais (31,0%), de 101 a 150 reais (15,5%) e de 151 a 200 reais (14,6%). Desse modo, o valor médio do presente que será comprado este ano ficou em 90 reais e o valor médio das compras, incluindo a comemoração e quem vai comprar mais de um presente, ficou em 172 reais. Em relação a 2014, o valor do presente recuou 32,3%, enquanto o valor geral da compra avançou 5,5%, motivado principalmente pelo aumento do número de presentes que os consumidores pretendem comprar este ano, ou seja, os consumidores de São Luís pretendem comprar maior número de produtos, no entanto, itens mais baratos.
“O que consideramos mais significativo é o fato de que o cliente do comércio de São Luís continua tendo o desejo do consumo, e é esse espírito que devemos alimentar para garantir que os centros de compra tenham o movimento típico dos finais de ano”, avalia o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de São Luís, Fábio Henrique Reis Ribeiro.
Produtos
A lista de presentes preferenciais para os consumidores neste período, segundo a pesquisa da Fecomércio e CDL, continua sendo liderada pelos brinquedos, que obteve 61,4% das indicações, seguido dos artigos de vestuário, com 31,9%. Na comparação com o Dia das Crianças do ano passado, a intenção dos ludovicenses em presentear com brinquedos cresceu 3,0%, enquanto a predisposição em adquirir roupas caiu 11,4%. Completam a lista dos produtos citados pelos entrevistados os calçados (8,0%), tablet’s (3,4%), livros (2,7%), bicicleta (2,6%), celular (2,3%), videogame (1,6%), computador (0,9%), patins/patinete/skate (0,6%), relógio (0,5%), cd’s ou dvd’s (0,4%) e chocolates (0,4%).
Os itens de vestuário tem peso maior entre as mulheres (36,6%), pessoas com idade entre 21 a 35 anos (34,5%), ensino superior completo (41,5%) e renda familiar mensal superior a seis salários mínimos (38,8%). Aliás, entre os consumidores mais ricos, ou seja, aqueles que possuem renda superior a seis salários mínimos, além dos artigos de vestuário (38,8%) e brinquedos (29,5%), também foram indicados com relevância os calçados (20,0%), livros (11,2%), videogame (10,3%), computador (10,3%) e tablet (10,3%), que são produtos geralmente mais caros, principalmente os artigos eletrônicos que sofrem influência direta da cotação do dólar. Já entre os consumidores com renda familiar inferior a três salários mínimos, as opções concentraram-se praticamente somente entre os brinquedos (60,6%) e vestuários (36,8%).
Do total dos consumidores que irão às compras, 31,7% pretendem comprar produtos para os meninos, 30,8% para as meninas e 37,5% das pessoas afirmam que irão comprar presentes para ambos os sexos. A pesquisa revelou ainda que a relação de parentesco entre o consumidor e o presenteado é principalmente de filhos (43,1%), sobrinhos (25,7%) e netos (17,2%). Também deverão ganhar presentes os afilhados (4,8%) e enteados (1,2%), além de 7,9% que apontaram outras relações de parentesco como irmãos e primos.
Perfil do consumidor
Na análise por gênero, a pesquisa deste ano demonstrou que os homens, com 71,4% de intenção de consumo, estão ligeiramente mais predispostos ao consumo nesse período do que as mulheres, que somaram 70,0% de intenção de consumo. Na visualização por faixa etária, os consumidores com idade entre 21 a 35 anos destacaram-se com 76,0% de intenção de consumo, seguido das pessoas com mais de 36 anos, com 72,7%, e aqueles com menos de 20 anos, com apenas 59,1%. Por grau de instrução, o estudo apontou que aqueles com ensino superior são os mais predispostos ao consumo, com 77,4% de intenção de compras, seguido das pessoas com ensino médio (70,9%) e ensino fundamental (52,0%). Quanto à renda, as famílias que recebem mais de seis salários mínimos demonstraram 87,3% de intenção de compras, caindo para 82,0% entre os que recebem de três a seis salários mínimos e alcançando 63,5% entre os entrevistados com renda familiar inferior a três salários mínimos.
Já em relação aos gastos pretendidos no período, no corte por gênero, as mulheres, com média de gastos geral da compra de 189 reais e média por presente de 94 reais, aparecem com maior intenção de gastos do que os homens, com média geral da compra de 158 reais e média por presente de 89 reais. Por faixa etária, a média de gastos geral é crescente em função da idade, uma vez que entre aqueles com menos de 20 anos o valor foi de 138 reais, passando a 175 reais para aqueles entre 21 a 35 anos e chegando a 182 reais para aqueles com mais de 36 anos. Na análise por faixa de renda, as famílias que recebem até três salários mínimos indicaram média de 150 reais para a compra geral e 77 reais por presente; já aqueles que recebem de três a seis salários mínimos obtiveram média de 194 reais para a compra geral e 107 reais por presente; os que mais deverão gastar ficaram entre os que recebem acima de seis salários mínimos, com média de 269 reais para a compra geral e 117 por presente.
Locais e pagamentos
Com a queda na intenção de gastos com os valores dos presentes, além do encarecimento dos produtos em função da inflação acumulada no período e da alta do dólar que afeta diretamente os preços dos produtos importados, o levantamento constatou que a preferência este ano será pelas compras no Centro Comercial, sendo que 46,5% dos consumidores indicaram esse local para realizarem as compras para o Dia das Crianças. Os shopping centers ficaram na segunda colocação com 38,3% das indicações dos ludovicenses. Ou seja, houve uma inversão na preferência de locais em relação ao ano passado, uma vez que o Centro Comercial cresceu 15,7% e assumiu a primeira posição, enquanto os shoppings recuaram 11,7% e caíram para a segunda colocação deste ano. Também foram citados pelos consumidores como locais para realizarem as compras as lojas de rua/bairro/galerias comerciais (12,5%), supermercados (1,3%), comércio informal/camelôs (1,0%), lojas de departamento (0,9%) e a internet (0,5%).
No que diz respeito à forma de pagamento, 69,4% dos entrevistados afirmaram que deverão efetuar as compras à vista, sendo que 51,2% devem utilizar o dinheiro e 18,2% devem recorrer ao cartão de débito. Já 33,8% dos ludovicenses disseram que utilizarão o cartão de crédito. Na comparação com o ano passado, o pagamento à vista manteve no mesmo nível e o cartão de crédito registrou uma queda de 11,7% na preferência, reflexo do endividamento e do aumento dos juros no período.
O uso do cartão de crédito se destaca principalmente entre as mulheres (36,2%), consumidores com mais de 36 anos (37,2%), com ensino superior completo (41,6%) e renda familiar mensal entre três e seis salários mínimos (41,1%).