Dia 18 de agosto, estive em Imperatriz para atividade da Associação Maranhense de Advogados-AMAd. No auditório da Unisulma, exibiu-se o vídeo “Evandro Lins, o Defensor da Liberdade”, seguido de exposição sobre o papel e as transformações da advocacia nos dias de hoje. Advogado de presos políticos nos anos trinta e quarenta do século passado. Procurador, Ministro do Supremo Tribunal Federal, foi cassado em 1969, por não se submeter a legislação autoritária dos atos institucionais de pós golpe militar de 64. É ao lado de Ruy Barbosa, Sobral Pinto, Evaristo de Moraes, por compromissos cívicos, e a coragem do patrocínio de causas difíceis e impopulares, um dos ícones da profissão.
Depoimentos de colegas e familiares reportam a preocupação de Evandro com a mercantilização da advocacia. Em outras palavras, com os lobbismos e os tráficos de influências, aparentando-se equivocadamente com a arte e a técnica de advogar. As advertências são necessárias, sobretudo aos mais jovens, para que não confundam empresários com advogados.
O escritor Edmilson Sanches, que brindou aos presentes com explanação plena de erudição, surpreendeu-se com as ligações de Evandro com o Maranhão, que eu já sabia por conta da convivência com o seu sobrinho, professor Fábio Konder Comparato, nas reuniões da Escola de Formação de Governantes. Naquela noite, Sérgio Tamer, presidente do CECGP, firmou parceria com a Unisulma, representada por seu presidente, Dimas Salustiano, para a realização do primeiro curso de Mestrado em Direito, em Imperatriz. Ao tempo que se lançou a edição da “Revista Juris”, contendo matéria especial dedicada a cidade, e homenagem póstuma ao empresário José de Ribamar Cunha, um dos principais empreendedores da região, no ato representado por seus familiares.
Já que o acadêmico Edmilson Sanches recordou a condição de meu ex-aluno na disciplina Sociologia do Direito, iniciei a intervenção lembrando a frase conhecida de Augusto Conte, um dos líderes da corrente positivista: “os mortos comandam os vivos”. Para exemplificar, bastava dizer que Evandro Lins e José de Ribamar Cunha estavam mais presentes naquela noite do que se estivessem em existência física. Presentes na memória de amigos, dos familiares, e dos seguidores das suas lições de conduta ética.
Prossegui, lembrando o episódio relacionado ao Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão, ministrado no Campus avançado da cidade, naquele tempo enfrentando séria crise da falta de professores. Tomei o avião, passei uma semana conversando com os juízes e promotores do Foro, acertando a realização de concurso a fim de incorporá-los ao corpo docente do Curso. Tudo deu certo, anos depois, efetuada a sua avaliação, na parte prática, estava melhor do que o de São Luís, por conta da ponte estabelecida com o Foro.
Outro momento me veio à mente. Após a instalação da Comissão do Conselho de Reitores, encarregada de acompanhar os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, de que fazia parte, sugeri a realização de seminário em Imperatriz. Antecedendo-o, publiquei artigo sob o título: “A Imperatriz da Constituinte”, no afã de mobilizar a comunidade educacional e a sociedade local a participarem do evento. Altamente produtivo, de suas conclusões, várias foram encaminhadas como valiosas contribuições aos trabalhos da Assembleia.
Sempre tive por Imperatriz, e pelo Sul do Maranhão, especial afeição, pelas raízes da minha família, pelo lado materno, que se fixou na região. O maranhense de lá, tem identidade cultural própria, determinada pela formação histórica mais libertária, por vínculos menores com o escravagismo. A preponderância da pecuária como atividade econômica criava menor dependência da mão-de-obra escrava.
Os vaqueiros são mais livres, valentes e criativos. A migração de outras regiões do país colaborou para a criação da mentalidade mais empreendedora dominante na região Sul do Maranhão. Sem a dependência dos empregos do Estado, é responsável pelo dinamismo da economia local, apesar da crise nacional. Aproveitei para anunciar o convênio celebrado entre a Associação dos Advogados de São Paulo-AASP e a AMAd, disponibilizando serviços e apoios indispensáveis ao exercício da advocacia. Assinei quando de minha última passagem por São Paulo termos de parcerias com a AASP. A entidade que congrega 92 mil associados, fundada em 30 de janeiro de 1943, é símbolo de eficiência associativa, possibilitando aos associados da AMAd o acesso a uma gama de instrumentos e serviços: cursos, jurisprudências on-line, revistas, boletins, salas de apoio, dentre outros produtos. Pela acolhida, manifesto agradecimentos ao seu presidente Leonardo Sica, ao vice Luiz Périssé Duarte Jr, e ao Superintendente Roger A. Fragata Tojeiro Morcelli.
O anúncio se fez na hospitaleira Imperatriz. Sempre Imperatriz.