Foto: Diego Chaves/ O Imparcial.
O personagem 'Pirata' está há cinco anos em São Luís e comoveu a todos, após o fusca em morava ser recolhido pela prefeitura
“Precisa-se perder para achar lugares que não se acham, se não todos saberiam onde fica” já dizia o Capitão Barbosa personagem do filme Pirata do Caribe. O paraibano natural de Catolé do Rocha, Antônio Carlos da Silva, 43 anos, mais conhecido como o “Pirata da Litorânea”, possui a frase de Barbosa como lema.
Após viajar a vários estados do país, o “Pirata” chegou a São Luís em 2010, se apaixonou pela praia e então resolveu montar sua barraca e morar no calçadão da Avenida Litorânea, orla de São Luís. Infelizmente, nem todos tem o privilégio de ter o mar como quintal. Antônio, por diversas vezes, foi chamado de mendigo e discriminado por suas roupas simples, cabelos dredados e enfeitados com fitas coloridas, bijuterias e bandanas.
Foto: Diego Chaves/ O Imparcial.
“Agora uso a farda do Exército … Eu gosto de usar por causa do termo “capitão”, igual ao capitão Jack Sparrow
“Eu criei o pirata justamente por viver na praia. Se eu andasse de terno, gravata e sapatos sociais e vivesse aqui eu com certeza seria chamado de louco. Quando se fala em pirata associa-se logo ao mar. Não tenho dinheiro para um barco ou navio, mas, só o fato de estar próximo ao mar, já me sinto um pirata” diz Antônio com um leve sorriso.
O que muitos não sabem é que o “Pirata” é apenas mais um personagem que Antônio vem interpretando há cinco anos em São Luís. Em outros estados brasileiros, Antônio é conhecido por interpretar Carlitos e Mahatma, personagens criados por ele. Além de ator, o Pirata também é cantor, compositor, mímico, ilusionista e pintor. O seu palco é o calçadão e a plateia são todos que passam pela Avenida Litorânea.
“Agora uso a farda do Exército doada por um amigo. Eu gosto de usar por causa do termo “capitão”, igual ao capitão Jack Sparrow. A diferença é que ele tem um navio e eu não. Antes eu usava coletes e tapa olho, só para que todos me conhecessem apenas como um pirata, e deu certo”, esclarece Antônio.
O Pirata disse que se sente lisonjeado por ser reconhecido no país inteiro, pois existem pessoas de outros estados que vêm a São Luís e não deixam de ir conhecê-lo. Também é observado o amor que o Pirata sente por São Luís mesmo sendo da Paraíba.
“Quando eu cheguei aqui em São Luís não quis ir mais a nenhum outro lugar. Esse mar me encanta. Agradeço todos os dias a Deus por eu ter a oportunidade de poder viver aqui”, assegura o Pirata da Litorânea.
Todas as manhãs o Pirata pega sua bicicleta doada e toma café em uma panificadora da capital. O almoço e o jantar geralmente compra quando consegue dinheiro em suas intervenções artísticas na praia.
Antônio morava em um fusca do ano 1983 que ficava estacionado na Praça de Alimentação da Avenida Litorânea. No entanto, no dia 12 de fevereiro de 2014, agentes da Secretaria Municipal de Trânsito e transporte (SMTT) retiraram o veículo do local, fazendo assim com que o Pirata perdesse seu “lar”. Atualemnte o Pirata possui uma barraca doada.
Na época, a Prefeitura de São Luís informou que a SMTT só retirou o veículo para atender a uma solicitação do Ministério Público do Maranhão (MP-MA). Os representantes das secretarias municipais de Criança e Assistência Social (Semcas) e Turismo fizeram um levantamento sobre a situação do proprietário do veículo recolhido.
A retirada do veículo da Avenida Litorânea causou revolta em muitos cidadãos da capital maranhense. A repercussão foi tamanha que tomou conta das principais redes sociais como Facebook e Instagram.
No auge da polêmica, o que chamou atenção foram os pedidos feitos na timeline do Facebook do apresentador Luciano Huck, onde os internautas pediam que o Pirata participasse do quadro Lata-Velha do programa Caldeirão do Huck. O apresentador se manifestou em sua rede social: “Desde cedo recebi milhares de mensagens sobre a história do ‘Pirata da Litorânea’. Já estamos na missão. Valeu a todos pelas dicas e olhos abertos de sempre. Bjs L”, declarou Luciano Huck.
Mesmo com todas as dificuldades e incertezas do amanhã, Antônio continua sonhando. “É melhor prover mais um louco praticando o certo, do que um certo praticando um louco” disse Pirata da Litorânea.
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