São Luís vai ganhar 14 novas ruas que prometem mais mobilidade urbana com desafogamento do trânsito e maior agilidade no tráfego das avenidas principais. O projeto Interbairros, parceria Governo do Estado e Prefeitura, propõe a ligação entre alguns bairros com a construção de vias de acesso. Foram escolhidas áreas onde há grande fluxo de veículos e que costumam formar engarrafamentos nos chamados horários de pico. Serão realizadas 19 conexões em ruas e avenidas de bairros onde há grande fluxo no trânsito, totalizando 23,6 quilômetros de novas vias. Os recursos para esse projeto estão orçados em R$ 32 milhões e a previsão é que, no prazo de seis meses, ou seja, até o final deste ano, a obra esteja concluída.
O impacto principal do projeto, aponta a Secretaria Estadual de Infraestrutura (Sinfra), responsável pela execução da obra, é a diminuição do fluxo nas avenidas principais e a melhoria na mobilidade urbana facilitando o tráfego entre os diversos bairros da capital. Com a interligação das vias, o usuário não precisará utilizar as avenidas, que ficarão mais livres para o transporte público coletivo, por exemplo. As novas ruas vão receber asfalto, calçada, drenagem superficial com sarjetas, meio-fio, sinalização horizontal e vertical. A logística de construção vai fazer com que os motoristas não tenham a necessidade de trafegar pelas ruas e avenidas principais. Estas intervenções, prevê a Sinfra, vão modificar o aspecto urbanístico e garantir melhor fluxo de veículos e também de pessoas.
A comunidade das áreas a serem interligadas dizem esperar que o projeto cumpra seu principal objetivo, que é a garantia de fluidez do trânsito. “Esse pedaço de caminho aí é perigoso. Andar por aí é correr risco de assalto ou coisa pior.
Tomara que esse projeto acabe com essa marginalidade”, disse uma moradora, que preferiu não se identificar, se referindo à Rua Delci Batista, no Bequimão. A localidade está no cronograma do projeto e em lugar de uma estreita ponte que dá acesso às vias adjacentes, será construída uma rua asfaltada. A empresária Maria Antônia Macedo dos Santos, 54 anos, avalia que a interligação prevista para a Via Expressa e o Maranhão Novo vai acabar com os congestionamentos no trecho. “Aqui, fim de tarde, é tanto carro. Em dias críticos eu já cheguei a passar duas horas no engarrafamento”, diz. “É sempre bom termos acessos para escapar dos engarrafamentos”, pontuou a contadora Ana Celina de Souza, 32 anos, sobre a intervenção que ligará o Angelim ao Turu.
Os bairros que receberão interligações são: Parque Vitória, Chácara Brasil, Turu, Cohatrac, Forquilha, Cidade Operária, Vila Janaína, Jardim São Cristóvão, Tirirical, Angelim, Anil, Cohama, Bequimão, Ipase, Vinhais Velho, Vila Conceição, João Paulo, Renascença e Vila Maranhão. Em quatro interligações será necessária a desapropriação de moradores para destinação de espaço à ampliações que devem ser realizadas nas vias. Haverá desapropriação nas seguintes interligações: Avenida 2, no São Cristóvão (286 metros); no Angelim, em rua não nominada (411 metros), na Avenida Principal da Cidade Operária (310 metros) e a Rua Duque de Caxias, no Pão de Açúcar (210 metros). As desapropriações somam 1,01 quilômetros que se transformarão em vias. Ainda de acordo com o projeto, 12,8 quilômetros serão requalificados (receberão ampliação e/ou reforma e pavimentação); e 12,8km executados sem a necessidade de indenização. Paralelo ao Interbairros, mais 120 quilômetros de ruas e avenidas na capital serão pavimentadas com o programa Mais Asfalto.
Alternativa viável
A capital esta entupida de veículos e é precise que se crie alternativas para garantir uma fluidez, ressalta o arquiteto e urbanista Marcos Antônio Azevedo. Ele atribui essa dificuldade de deslocamento ao planejamento errado da cidade, que se desenvolveu tendo uma região central sempre engarrafada. “O trânsito se concentrou em uma única área e quando se ampliou tomou vias que antes, eram praticamente de fluxo de pessoas. Estas vias não possuíam a estrutura adequada para aquela demanda”, explica. Segundo ele, as ligações interbairros podem ser uma boa alternativa, por fazerem elo entre vários bairros populosos – como João Paulo, Turu e Cidade Operária – a núcleos habitacionais próximos de avenidas, tendo a periferia como acesso.
“A interligação já é utilizada nas grandes cidades. É um meio breve para desafogar áreas mais demandadas fazendo o trânsito fluir, além de diminuir o tempo do deslocamento”, diz o especialista. A abertura de acessos, como propõe o Interbairros, é a alternativa mais viável para resolver a curto prazo os problemas de congestionamento da cidade, observa Azevedo. “A este projeto, poderiam se somar outras medidas que podem ter a colaboração da própria sociedade.A carona solidária é um ótimo meio de ajudar no desafogamento do trânsito. Menos carros na rua, é, certamente, menos engarrafamento”. Outra ação citada por ele é a divulgação de rotas alternativas, que os próprios motoristas descobrem no cotidiano. “Placas indicativas, divulgação dessas rotas e uma boa sinalização das vias podem também contribuir para que tenhamos um trânsito mais fluído”, avalia.