Foto: Honório Moreira / O Imparcial.
Contrastes revelam um dois lados Lagoa da Jansen vivenciados por moradores e pequenos comerciantes
Um dos cartões postais de São Luís, frequentado tanto pelos maranhenses, como por turistas, a Lagoa da Jansen é dividida por duas realidades distintas. A reportagem esteve na Lagoa da Jansen e constatou que são ambientes totalmente diferentes. De um lado muita pobreza e sujeira. Já do outro, luxo, segurança e urbanização.
Moradias simples, canteiros tomados por mato. Assim, muitos moradores com residências localizadas na Lagoa, no trecho próximo do São Francisco, convivem com lixo, pneus, plásticos espalhados nas ruas. Uma parte da serpente sucumbiu na lama, só restou a cauda.
De acordo com o comerciante Domingos Martins, há mais de seis meses, o trecho da lagoa não passava por uma limpeza. Apesar da coleta regular de lixo, recolhendo os resíduos toda a noite nas ruas, não é o suficiente para atender a demanda da região. “Do outro lado, sempre tudo limpinho, nem tem mato pras banda de lá, mas aqui, muita vezes, os moradores se juntam para tirar a sujeira de dentro da lagoa e do meio da rua”, reclamou. Os trabalhadores da Empresa Supritech começaram a limpeza na Lagoa da Jansen, na última quinta-feira.
Para muitos moradores da Lagoa da Jansen, a caminhada na área fica prejudicada por falta de segurança. “Ontem mesmo uma menina foi assaltada durante o dia passando por aqui. Não podemos nem ficar sentados na porta de nossas residências, é muito arriscado. Quando há pessoas caminhando por aqui, alertamos sobre o perigo”, disse o porteiro Alcides Marques.
Alcides Marques disse que durante a noite tem alguns pontos que não são iluminados, deixando assim as pessoas mais vulneráveis, e reclamou da ausência da ronda policial no local.
O morador Miguel Carvalho reclama de uma constatação: o mau cheiro que vem da lagoa. O problema é antigo, mas até agora nenhuma solução eficiente foi adotada. “Até hoje nunca mais as pessoas apareceram e nem fizeram nada para mudar esta situação. Ao contrário, cada vez mais piora. As crianças e os idosos são os que mais sofrem com o odor que exala da lagoa”, disse.
Luís Almeida, que trabalha na Lagoa da Jansen há mais de 10 anos, afirmou que a cada dia a situação no local só piora. O cenário encontrado para quem visita é de descaso e abandono, um patrimônio deteriorado pelo tempo. “Não existe mais movimento do lado de cá, não há segurança para as pessoas, que já não costumam passear nesta área. Gostaria que fizessem algo para melhorar essa situação”, desabafou o comerciante.
Muitos comerciantes, segundo Almeida, também fecharam os quiosques e desistiram do negócio. Ele e outro são os únicos que resistiram ao tempo e às dificuldades. A reportagem tentou contato com a assessoria do Governo do Estado, mas até o fechamento da edição não obteve resposta.
O outro lado
Foto: Honório Moreira.
Gilberto Martins aproveita a tranquilidade do local para passear com o seu animal de estimação
A Lagoa da Jansen, próxima a Ponta d’ Areia, é marcada pela presença de edifícios residenciais, comerciais e mansões. Do lado de cá, um espaço para praticar caminhada e fazer exercícios físicos. Um parquinho é usado para o lazer de jovens, adultos e crianças.
O gerente de um dos restaurantes do local, Sérgio Gondim afirmou que é uma área tranquila, tudo limpo e conservado. “Há policiamento direto, tanto de dia quanto à noite, o lugar mais seguro de São Luís. Não há do que reclamar da Lagoa da Jansen. Por isso é um lugar bem frequentado”, avaliou o gerente.
Lagoa da Jansen
A Lagoa da Jansen está localizada na área noroeste da ilha do Maranhão (Upaon-Açu), tendo como coordenadas geográficas 2º29’08’’ de latitude sul e 44º18’02’’ longitude oeste, sendo delimitada ao norte com a praia da Ponta d’Areia, ao sul com o bairro do São Francisco, a oeste com o bairro da Ponta d’Areia e leste com o bairro do Renascença.
A área fica a 4 km do centro urbano de São Luís, podendo ser acessada a partir de vários pontos da cidade. A comunicação da Laguna com o mar dá-se através de um canal de drenagem durante a preamar, por ocasião das marés de grande amplitude. Preamar é a denominação do nível máximo de uma maré cheia.
A área da Laguna possui extensão aproximada de 140 hectares, sendo elevada à categoria de Unidade de Conservação Estadual denominada Parque Ecológico da Lagoa da Jansen. Entretanto, até 1974, era um exuberante manguezal com 169 hectares.
