Como forma de valorizar os trabalhos artesanais realizados dentro das unidades prisionais da capital, a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (Sejap) promoveu, na noite de sexta-feira, dia 26, uma exposição de artesanatos no Arraial do Ipem. Ao todo foram mais de 50 peças confeccionadas por detentos e exibidas ao público, que marcou presença no local.
A iniciativa em expor estes objetos partiu da supervisão de Trabalho e Renda com apoio da equipe Psicossocial da Sejap. O valor arrecadado com a venda de almofadas, telas, panos de prato com aplicações, toalhas bordadas, cofres e decorações em gesso, barcos de madeira, abajures e porta-retratos em palitos de picolé, cestos de papeis, entre outras peças, serão destinados aos familiares dos presos. Os objetos foram vendidos com valores que variavam entre R$ 2,00 a R$ 100,00.
A supervisora do Trabalho e Renda da Sejap, Grazielle Barcellar, contou que a matéria-prima utilizada pelos artesãos em cárcere é levada por parentes e amigos como forma de garantir renda extra à família do apenado. “Quando as peças ficam prontas a família do interno vende para comprar mais materiais e ajudar no sustento da família”, afirmou a supervisora.
Ao todo 25 apenados tiveram seus trabalhos apresentados, inclusive internos de Paço do Lumiar e Rosário. O detento Valdelício Henrique Pacheco, de 29 anos, contou que se sente valorizado por ter o trabalho exposto no evento. “Acho que isso vai mostrara para as pessoas que tem muita gente talentosa nos presídios”, comentou.
Henrique, que antes de cometer delitos trabalhava como artesão, já ensinou a mais de 10 internos da Unidade Prisional de Rosário a profissão. “Eu aprendi com o Valdelício a arte e hoje serve pra minha família como fonte de renda”, disse Fernando Pacheco, de 30 anos.
Estimulando o artesanato
Buscando eliminar o tempo ocioso dos internos, a Secretaria Adjunta de Atendimento e Humanização da Sejap tem estimulado os trabalhos artesanais através de oficinas terapêuticas e profissionalizantes. Além disso, foi feita a aquisição de máquinas de costura para garantir a inserção de detentos no mercado de trabalho.
A produção do artesanato dentro das unidades prisionais está prevista também na Lei de Execução Penal que prevê a redução de um dia de pena para cada três dias trabalhados. O diretor da Unidade Prisional de Ressocialização (UPR) do Olho D´água, Raimundo Fonseca, contou que hoje tem 36 internos trabalhando com artesanato na unidade. “Eles fazem pintura em telha e fazem móveis de madeira e todos recebem o benefício da LEP”, contou.