COMPORTAMENTO

Quando a vida virtual se cruza com a vida real: vício ou necessidade?

A rotina dos hiperconectados

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Doze, treze, quatorze, quinze, até 24 horas online. Quando a vida virtual se cruza com a vida real. Para alguns, um vício, para outros, apenas um motivo para facilitar o trabalho e também proporcionar o lazer. A reportagem conversou com jovens que estão conectados seja pelo computador, celular ou tablet e como é a rotina deles. Em pesquisa divulga em março deste ano pelo Pew Research Center (PRC), um think tank, localizado nos Estados Unidos, destaca o Brasil na sétima posição no ranking mundial de uso de internet, com 75%.
A pesquisa analisou o comportamento dos internautas de 32 países emergentes ou em desenvolvimento. Um dos resultados do levantamento definiu que socializar é o principal motivo para o uso da internet para a maioria das pessoas. Em seguida aparecem notícias, informações de saúde, serviços públicos e empregos. O técnico em informática, Rodrigo Abreu, afirma que a finalidade para o uso da internet reúne todos esses fatores e, por isto, fica praticamente o dia inteiro conectado. Questionado sobre quantas horas online, ele conta que ainda não havia parado para notar, pois sempre está conectado:
“Quando não estou em frente ao computador, uso o 3G pelo celular, na rua. Em casa, o wifi é 24h ligado, não desliga nunca. Uso tanto para trabalhar quanto para o lazer na mesma medida. Não consigo ficar sem. Fico inquieto quando, por exemplo, vou para o interior e em alguns deles no tem conexão, então me sinto no meio de um deserto. Fico imaginando que o mundo está girando, coisas estão acontecendo e eu por fora.”, disse.
Ele admite ainda ser um vício, mas não se incomoda com isto. “Já voltei de um carnaval no interior e estava extremamente cansado, mas passei duas horas na frente do computador só pra atualizar as notícias. Não penso que isto seja caso de tratamento, pois se vive no mundo da informação e mais próximo de todo mundo. Se você fica sem conexão, instantaneamente, abre-se um abismo. É estranho ficar off-line”, explica. Ele conta ainda que já tentou ficar alguns dias sem usar a internet, mas não durou muito.
Já a estudante universitária, Kesia Alves, afirma que usa a internet da hora que acorda até a hora que vai dormir. “Às vezes, fico no PC e no celular ao mesmo tempo, então, contanto, acho que rende umas 14h diárias de uso”, conta. “No começo era por causa de jogos online, agora é por causa dos grupos que faço parte. Eles se tornaram próximos e acho que quero manter contato constante. Minha rotina normalmente envolve debates em grupos de facebook”, diz.
Mas, para a estudante, ficar muitas horas online a prejudica. “Eu trabalho na contabilidade da prefeitura da cidade onde moro e estudo ciências contábeis, portanto, não é necessário ficar antenada na internet tanto tempo e às vezes atrapalha meu trabalho. Acumulo serviço por ficar falando em grupos. Lá não é proibido, mas não é recomendado. Considero um vício prejudicial e nada saudável. Teve uma época que eu só falava com pessoas de redes sociais. Mas nunca pensei em procurar ajuda”, conta.
Porém, seriam as pessoas que vivem conectadas na internet viciadas? Luis Callegario atua como psicólogo clínico com terapia individual, casal e familiar, e considera o “vício em redes sociais” uma adicção comportamental, de acordo com o novo manual de diagnóstico de doenças mentais (dsm v). “Isto é, quando alguém começa a ter prejuízos na sua vida (trabalho, relacionamentos interpessoais e relações afetivas) por causa do uso abusivo de redes sociais, ela pode estar sofrendo da dependência”, esclarece.
“Contudo é difícil definir o que é abusivo, justo que vivemos numa sociedade que nos exige estar constantemente conectados nas redes sociais. A dependência pode servir para camuflar alguma dificuldade de relacionamento interpessoal, comportamental ou afetiva. As pessoas que têm dificuldades de se relacionar no mundo real, podem recorrer às redes sociais como uma forma de minimizar suas carências afetivas”, prossegue o especialista.
O psicólogo afirma ainda que caso a pessoa identifique que tenha dificuldades ou prejuízos que ela pode começar procurando um psicólogo para orientá-la. “O tratamento para este tipo de dependência inicia com a identificação das dificuldades de interação interpessoal de cada pessoa, após mapeadas os principais déficits o profissional irá discutir com seus pacientes as melhores propostas de intervenção que podem incluir terapia medicamentosa e acompanhamento psiquiátrico e terapia comportamental onde o paciente irá desenvolver habilidades e comportamentos para lidar com suas dificuldades afetivas e de interação”, finaliza.
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