Foto: Arquivo/ Lissandra Leite.
Devotos ou não, milhares de pessoas comparecem ao local
“Vou para ser feliz”, assim algumas pessoas definem o porquê de, por vários anos, comparecerem ao festejo no largo da Capela de São Pedro, nas comemorações durante o período junino no Maranhão. Devotos ou não, milhares de pessoas comparecem ao local, seja para pagar promessa, agradecer ou simplesmente celebrar o dia do santo padroeiro dos pescadores.
Comemorado no dia 29 de junho, a celebração ao santo, que reúne cultura e religiosidade, inicia na noite do dia 28 com missa e apresentação de grupos de bumba-meu-boi. A festa, que é tradicional há 74 anos, de acordo com a comunidade local, recebe várias pessoas para pedir bênçãos e agradecer pela temporada junina ao santo padroeiro.
Ao longo dos anos, o festejo acontece na forma de duas procissões: a primeira marítima, com dezenas de embarcações, e a segunda com centenas de fiéis que percorrem as ruas do centro da cidade até à capela. Entre pedidos de bênçãos e de proteção, muitas pessoas vão também por admiração à cultura local.
Há 10 anos, a jornalista Lissandra Leite vai ao festejo. Ela diz não ser devota do santo, mas que adora a alegria das pessoas durante a festa. “Amo ver a devoção das pessoas. Ali, diferente do que vemos em um arraial, onde os grupos vão só se apresentar, vemos a devoção deles aflorada, o amor pelo santo, pelo boi. É lindo!”, afirma. Ela conta ainda que antes acompanhava toda a celebração, mas que hoje fica apenas por algumas horas, por tradição. “Antigamente eu virava a noite e amanhecia lá. Agora durmo e saio cedinho”, finaliza.
O estudante de comunicação social, Emerson Machado, conta que também vai praticamente todos os anos ao largo por se sentir bem e feliz no festejo e ver esta manifestação de fé dos devotos: Eu sempre amanheço lá, sou devoto de outro santo, mas isto não me impede de também adorar e celebrar o dia de São Pedro. Adoro”, disse. Alessandra Sousa é devota e comenta que nem sempre vai ao festejo para pedir algo, apenas para agradecer: “São muitas bênçãos em minha vida. É bom vir não apenas para pedir algo em troca, mas também para devolver em forma de gratidão ao padroeiro”, disse.
História
O festejo teria se originado no Desterro, em 1939, indo para a Madre Deus em 1940, onde havia mais pescadores, cujo padroeiro é o santo. Na época, a capela era de taipa e coberta com palha.
Em 1945, o comunitário João Fonseca criou a comissão organizadora. Assim, a festa ganhou leilão de prendas, procissões terrestre e marítima, além da louvação de bumba-bois. Naquela época, só os bois de zabumba, como os de Mizico, Medonho e Lorentino, parabenizavam São Pedro. Depois, os de matraca passaram a participar do encontro, que atualmente reúne grupos de todos os sotaques. Em 1949, houve a inauguração do templo, com apoio da Colônia de Pescadores Z-1, da Madre Deus. A capela foi reformada por mais três vezes, duas delas pela Prefeitura de São Luís, em 1973 e 1995. A arquitetura atual data de 1997.
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