Foto: Karlos Geromy /OIMP/D.A Press.
Por trás das grades: comerciantes da Cidade Olímpica não dispensam o uso de grades para se proteger de assaltos e outros crimes
Com 17,2% em ocorrências, o bairro Cidade Olímpica é considerado o mais violento dos 99 bairros atingidos da Grande São Luís, formada pelos municípios de São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa. Dado foi apontado pelo Centro de Apoio Operacional do Controle Externo da Atividade Policial (CAOp-CEAP), do Ministério Público do Maranhão (MPMA). No relatório de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs), o bairro do Coroadinho aparece em segundo lugar, com 12,5% e Araçagy, com 9,4%. Estatística é referente ao primeiro trimestre de 2015 e avalia a faixa etária, o gênero das vítimas e os instrumentos utilizados nos crimes.
Foto: Karlos Geromy /OIMP/D.A Press.
Coroadinho é o segundo bairro mais perigoso. Em terceiro, o bairro do Araçagi
O documento, que estabelece uma comparação com os primeiros trimestres dos anos de 2010 a 2015, contém a análise dos dados apurados diretamente dos registros do Instituto Médico Legal (IML), cruzando com registros do Centro Integrado de Polícia e Segurança (CIOPS) do governo estadual. Nos três primeiros meses deste ano, foram registradas 281 ocorrências, enquanto que, em 2014, foram 299, uma queda de 6,4%. Ainda de acordo com o relatório, em razão dos altos índices de criminalidade constados nesses bairros, o policiamento é mais reforçado, como é o caso das Unidades de Segurança Comunitária (USC).
Porém, ainda com o policiamento, dona Elineusa Araújo, dona de um comércio na Cidade Olímpica há 10 anos, afirma que é mais do que necessário colocar grades para proteger o local bem como sua residência: “aqui acho seguro enquanto há policiamento e também este reforço com as grades. Mas não fosse isso, seria pior. Aqui o crime organizado é que manda, alguns não mexem com nós que somos moradores, mas só por isso. Podem notar que todos os comércios são gradeados ao máximo para evitar assaltos”, comenta a moradora que preferiu usar um nome fictício para a matéria.
Segundo o coordenador do CAOp, promotor de justiça José Cláudio Cabral Marques, o tráfico de drogas é a origem de todos os crimes praticados nesses bairros e observa que, as questões socioeconômicas desses bairros também colaboram com a influência desse tipo de sistema: “O tráfico de drogas é o crime mãe de todos os outros delitos. A maioria dos homicídios está insolúvel, devido a lei do silencio imposta pelos traficantes”, pontua.
Ele explica ainda que até dezembro de 2012, os registros apenas indicavam homicídios, sem especificar os tipos e instrumentos utilizados. Contudo, a partir de 2013, os dados sobre os Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) passaram a ser mais bem detalhados, indicando mortes por “arma de fogo”, “arma branca”, “instrumentos de ação contundente” e/ou “perfurocortantes”, “esgorjamentos”, “estrangulamento”, “espancamento” e “agressão física”, como determina a metodologia da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp).
Jovens, na faixa etária de 16 a 30 anos, foram os mais vitimados por crimes violentos na Grande São Luís, praticados com arma de fogo (63,5%), arma branca (51,9%), arma perfurocortante/contundente (60%) e por outros meios (61,5%). Entre os crimes registrados no primeiro trimestre deste ano, pessoas do sexo masculino foram as mais vitimadas em ocorrências praticadas com armas de fogo (98,6%), armas branca (88,9%), armas perfurocortante/contundente (96%) e por outros meios (84,6%). No que se refere aos assaltos a ônibus na Grande São Luís, ocorreu uma queda de 26,1% no número de ocorrências nos primeiros três meses deste ano (124 casos), em comparação com o mesmo período de 2014 (168 casos).
Maranhão quadruplicou número de vítimas por arma de fogo
Ainda quanto aos índices de CVLIs, a maioria dos 281 CVLIs ocorrências registradas neste ano (33,5%) ocorreu no período noturno, das 19h às 23h59. No que se refere aos instrumentos utilizados nos crimes, o relatório aponta que 75,1% dos casos analisados foram praticados com o emprego de arma de fogo. Nas outras ocorrências registradas, foram utilizadas armas brancas (10%), instrumentos contundentes/perfurocontantes (9,6%) e outros (5,1%).
Já no “Mapa da Violência: Mortes Matadas por Arma de Fogo”, da Secretaria-Geral da Presidência da República, Secretaria Nacional de Juventude e Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, o estado do Maranhão quadruplicou o número de vítimas por armas de fogo na última década. Documento refere-se ao primeiro trimestre deste ano. O índice de mortalidade na região nordeste também aumentou, duplicando em 89,1% o número de vítimas. Na região, a maior parte apresenta elevados índices de crescimento, com destaque para o Ceará e o Maranhão.
Bairros que apresentaram maiores índices de CVLI*
Cidade Olímpica – 17,2%
Coroadinho – 12,5%
Araçagy – 9,4%
Pedrinhas – 9,4%
Centro – 7,8%
Jardim São Cristóvão – 7,8%
Maiobão – 7,8%
São Raimundo – 7,8%
Vila Sarney – 7,8%
Sol e Mar – 6,3%
Vila Conceição – 6,3%
*acima de 4 mortes, no primeiro trimestre de 2015. Fonte: IML
Estatísticas de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) segundo instrumentos utilizados
Arma de Fogo: 57
Arma Branca: 10
Inst.ação contundente/perfurocortante: 03
Espancamento,estrangulamento 02
TOTAL: 72
Linha do tempo
Óbitos por Arma de Fogo na população total entre 2002/2012, no Maranhão, de acordo com o Mapa Nacional da Violência
2002 – 286
2003 – 370
2004 – 363
2005 – 522
2006 – 524
2007 – 654
2008 – 769
2009 – 868
2010 – 907
2011 – 1.008
2012 – 1.235