Contagem de atas feita por agência mostra González com 6,89 milhões de votos; número oficial mostra Maduro com 6,4 milhões

Na última sexta-feira (2) pela oposição do país mostra, segundo a agência, que Edmundo González recebeu significativamente mais votos nas eleições.

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Uma contagem realizada pela Associated Press de atas eleitorais da Venezuela divulgadas na última sexta-feira (2) pela oposição do país mostra, segundo a agência, que Edmundo González recebeu significativamente mais votos nas eleições do último domingo do que o governo diz que Maduro obteve.

A AP processou quase 24 mil imagens de atas eleitorais, que representavam os resultados de 79% das urnas de votação do país. Cada folha continha contagens de votos cifrados em QR codes, que a AP decodificou através de um programa e analisou, resultando em um total de 10,26 milhões de votos

Segundo os cálculos da agência de notícias, González recebeu quase meio milhão a mais do que o governo diz que Maduro obteve (veja abaixo).

Contagem da AP* de atas eleitorais divulgadas pela oposição (representando de 79% das urnas de votação do país):

  • Edmundo González: 6,89 milhões de votos
  • Nicolás Maduro: 3,13 milhões de votos

*O formato dos números – com duas casas depois da vírgula – respeita o padrão divulgado pela agência.

Já com base na contagem oficial do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que é responsável pelas eleições no país e presidido por um aliado de Maduro, com 96,87% das atas apuradas, os números foram os seguintes:

  • Nicolás Maduro teve 6.408.844 votos
  • Edmundo González teve 5.326.104 votos

O CNE, porém, não apresentou as atas —os boletins de urna que detalham os resultados—, o que tem sido objeto de cobrança de autoridades e países, entre os quais o Brasil.

Sob pressão internacional, o conselho atualizou na sexta os resultados da eleição da Venezuela e reafirmou Maduro como vencedor com os números acima. 

Elvis Amoroso, presidente do CNE, atribuiu a demora na atualização dos resultados a “ataques informáticos massivos de várias partes do mundo” que “retardaram a transmissão das atas e o processo de divulgação dos resultados”.

A AP não conseguiu verificar independentemente a autenticidade das 24.532 atas fornecidas pela oposição. A agência de notícias extraiu dados com sucesso de 96% das atas. A qualidade das imagens restantes (4%) era muito ruim para serem analisadas.

González e a líder opositora María Corina Machado disseram na segunda-feira que haviam assegurado as atas das seções eleitorais em nível nacional e que elas mostravam que Maduro perdeu de forma esmagadora sua tentativa de governar por um terceiro período de seis anos. 

Inicialmente, a oposição divulgou cópias das atas digitalizadas através de um link. Mas na última sexta-feira, após vários dias de ataques de Maduro e de pessoas próximas ao seu governo contra González e Machado, deu acesso público às bases de dados diretamente.

Maria Corina Machado e Edmundo González declaram vitória na eleição da Venezuela. — Foto: Maxwell Briceno/Reuters

Maria Corina Machado e Edmundo González declaram vitória na eleição da Venezuela. — Foto: Maxwell Briceno/Reuters 

Auditoria das eleições na Suprema Corte

Ainda na sexta-feira, a Suprema Corte venezuelana realizou uma sessão para auditoria do resultado das eleições, na qual convocou os 10 candidatos presidenciais – Maduro, González e mais oito para comparecer ao tribunal. 

Edmundo González não compareceu à sessão. Ele e Corina Machado estão ameaçados de prisão, que foi sugerida por Maduro durante esta semana. Segundo comentaristas da GloboNews, havia uma chance de González ser preso no tribunal caso comparecesse.

Durante a sessão, oito dos nove candidatos presentes assinaram um documento dizendo que concordam com os resultados anunciados pelo CNE. A assinatura é uma tentativa de Maduro de “dar um verniz legal às eleições”, segundo o comentarista da GloboNews Ariel Palácios. 

Enrique Márquez não assinou o documento elaborado pela Suprema Corte e pediu que as atas eleitorais sejam publicadas pelo CNE de forma imediata.

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