Foram registrados 70 ataques a jornalistas desde o fim das eleições
Dentre os ataques, 65 ocorreram durante a cobertura das manifestações dos bolsonaristas, em acampamentos e bloqueios de rodovias.
Desde o fim das eleições de 20022, chegou a 70 o número de ataques sofridos por jornalistas. A maior parte das agressões ocorreu nos acampamentos em torno de quartéis do Exército, em que bolsonaristas ainda pedem golpe militar.
De 30 de outubro 2022 a 1º de janeiro deste ano, foram registrados 70 casos de agressão física, ofensas, impedimento de trabalho, assédio digital, entre outras modalidades de ataques a jornalistas. O monitoramento tem sido feito pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) em parceria com a Fenaj (Federação Nacional de Jornalistas).
A maioria dos ataques partiu dos grupos bolsonaristas que, mesmo após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda não se desmobilizaram totalmente no entorno de quartéis do Exército.
Dos 70 ataques, 65 episódios ocorreram na cobertura dos acampamentos e bloqueios de rodovias, que foram considerados antidemocráticos, ilegais e golpistas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Os ataques mais graves, no entanto, estão relacionados aos acampamentos, mas não ocorreram nesses locais. Foram registrados em Rondônia, onde uma rádio foi incendiada e a redação de um portal de notícias foi atacada por um atirador. A violência política atingiu meios de imprensa tradicionais e independentes, assim como todo tipo de veículo: jornal, site, TV e rádio.
O alvo mais recente aconteceu no cerco à equipe brasileira que presta serviços à CNN de Portugal. O correspondente Nelson Garrone, o operador de áudio e o repórter cinematográfico foram agredidos fisicamente ao cobrir o acampamento no em frente ao QG do Exército, em Brasília, em 30.dez.2022.
A Abraji registrou ataques em 19 estados e no Distrito Federal. Os maiores índices são de São Paulo (9), Rio de Janeiro (7), Santa Catarina (6), Paraná (6) e Distrito Federal (6). Do total de agressões, 66 ocorreram na área dos acampamentos, quando os jornalistas tentavam produzir reportagens das manifestações.
A Abraji ficou de plantão durante a cerimônia de posse de Lula, que transcorreu com a devida tranquilidade. Não houve registro de ataques ou de impedimento de trabalho. A organização mantém on-line um formulário para que os jornalistas possam reportar situações de assédio, impedimento de trabalho e toda sorte de violência política que tenham sofrido no exercício da profissão.
Durante todo esse período tumultuado, a Abraji e organizações como a Fenaj e o Instituto Tornavoz procuraram as autoridades nacionais, locais e regionais para cobrar providências e mais segurança para os jornalistas.
“Esperamos que, com a transição do governo concluída, os profissionais de imprensa tenham mais tranquilidade para trabalhar. Mas permanecemos vigilantes e esperamos que os ataques sejam investigados e, seus autores, responsabilizados”, afirma a presidente da Abraji, Katia Brembatti.
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