Experimento internacional diminui jornada de trabalho para 4 dias na semana
Para testar a produtividade, empresas do Reino Unido, EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelânida vão implementar semana de quatro dias de trabalho.
Milhares de trabalhadores do Reino Unido e 70 empresas participam, a partir desta segunda-feira (6), de um experimento que vai durar quatro semanas.
O maior projeto piloto sobre padrões de trabalho do mundo foi organizado por um grupo que advoga por semanas mais curtas de trabalho sem perda salarial. Durante o experimento, os empregados vão receber 100% do salário para trabalhar 80% da jornada original, com o objetivo de testar a produtividade deles.
Professores da Universidade de Oxford e Cambridge, assim como do Boston College nos Estados Unidos, vão administrar a pesquisa em parceria com o think tank Autonomy.
As empresas participantes vão de desenvolvedoras de softwares a companhias que fazem trabalho de recrutamento para ONGs e lojas locais que oferecem fish and chips, prato típico britânico.
O experimento, que envolve cerca de 3.000 trabalhadores do Reino Unido, é parte de uma iniciativa mundial que inclui testes semelhantes, porém de menor escala, na Irlanda, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Recentemente, o governo de Portugal também anunciou que pretende lançar um programa piloto parecido, com cerca de 100 empresas voluntárias.
Sam Smith, cofundador da cervejaria Pressure Drop Brewery, em Tottenham, norte de Londres, disse que é “um bom momento” para sua empresa tentar diferentes práticas de trabalho.
“A pandemia nos fez pensar muito sobre o trabalho e como as pessoas organizam suas vidas”, diz. “Estamos fazendo isso para melhorar a vida de nossa equipe e fazer parte de uma mudança progressiva no mundo que vai melhorar a saúde mental e o bem-estar das pessoas”.
O desafio de Smith durante o esquema piloto é bastante simples. Sua equipe de nove pessoas precisa produzir e embalar a mesma quantidade de cervejas que fazem agora — mas em quatro dias, em vez de cinco.
Enquanto isso, Craig Carmichael, que também trabalha na cervejaria, acha que um dia de descanso extra o motivará a trabalhar mais.
No entanto, a pesquisadora Juliet Schor admite que a ideia pode não agradar a todos nem atender a todas as profissões, como saúde e ensino, onde trabalhadores já podem estar sobrecarregados e estressados.
Mas mesmo que os funcionários sejam apenas 10% mais produtivos, o saldo ainda pode ser positivo, diz ela, se o novo esquema levar a taxas mais baixas de doenças entre os trabalhadores, menos pessoas deixando seus cargos e se ele atrair mais facilmente novos empregados.