PROFISSIONAL

Maranhense é a primeira síndica profissional do país

Mais do que a experiência prática, o profissional deve buscar conhecimento teórico. É do Maranhão a primeira síndica profissional do Brasil com 5 estrelas

Reprodução

Imagine ter que lidar com centenas de pessoas, cada uma com pensamentos e atitudes diferentes e tornar a convivência de todos  saudável e pacífica em um mesmo ambiente? Com a mudança de rotina que veio como consequência da pandemia causada pelo novo coronavírus, o desafio de gerenciar um condomínio ficou ainda maior.

Exercer a função de síndico exige o conhecimento das mais diversas áreas, e se profissionalizar é apenas o início de um caminho de cursos e palestras que vão tornar esse síndico exemplar. Foi assim que, buscando esse caminho, Renata Freire, 37 anos, síndica e advogada, se tornou a primeira mulher a ser síndica certificada do Brasil pela Confederação Nacional dos Síndicos (Conasi) e a única do Maranhão a ter a certificação de Síndico Cinco Estrelas, com certificações pela Fundação Getúlio Vargas e Fundação Vanzolini.

Há 5 anos na área condominial, a profissional  entende os desafios da profissão nesse período de pandemia e as mudanças do novo normal, em questões como: proibições impostas aos moradores nas áreas comuns (churrasqueira, quadras, salões de festas etc.), lidar com funcionários que estão na linha de frente e em risco iminente de contrair o vírus, controle dos moradores que contraíram o vírus e estão em isolamento em suas residências, por exemplo.  Tudo isso somada à incompreensão de alguns moradores que desrespeitam as normas impostas pelo isolamento social. “Houve dois tipos de problema que eu considero mais relevantes, naquele período mais grave da pandemia. Em razão das pessoas estarem mais em casa, aconteceu que os moradores estavam fazendo muitas reclamações em relação à perturbação do sossego, ou seja, pequenas obras sendo realizada, enquanto pessoas que estavam fazendo home office, trabalhando de casa, se sentiam prejudicadas. Houve muito conflito por  causa de barulho, uma vez que todos estavam em casa. Tivemos o triplo, o quadruplo de problemas do que numa gestão comum, normal, e essa foi a maior reclamação”, conta Renata Freire.

Outro problema apontado pela síndica foi a aflição dos moradores em razão da restrição do direito de propriedade deles na questão da utilização das áreas comuns do condomínio no período mais crítico da pandemia. “Como a gente está flexibilizando um pouco mais essa questão da abertura gradual das áreas comuns, as crianças já estão podendo descer, a liberação do parquinho com o número de pessoas correspondentes… então isso está melhorando um pouco, mas ainda continua porque apesar da vida estar voltando gradativamente ao normal, está voltando a normalidade, mas muita gente ainda continua trabalhando em home office ainda que esteja tendo havendo uma flexibilização gradual. Na vida condominial ainda há essa realidade que temos que nos conformar”, disse a síndica.

Entrou em cena, mais do que nunca o papel de conciliador. Através das conciliações entre moradores, o gestor se torna um conciliador porque não é de competência do condomínio, de acordo com a síndica, intervir em conflito interno entre moradores. “O condomínio só é responsável pelas áreas comuns. Entretanto, em razão dessa grande problemática que acabou se tornando um problema coletivo, os síndicos se tornam mediadores, conciliadores entre essas partes em conflito para proporcionar qualidade de vida para as pessoas, tanto quem está incomodando quanto o incomodado. Então a gente vai levando vai tentando conciliar para que todos cheguem a  um consenso”, disse Renata.

Novos tempos

Todos tiveram que se adaptar ao momento e levar isso para a situação, que requer hábitos e pensamentos diferentes diante do caos provocado pela Covid-19. Os síndicos passaram tem papel determinante junto à comunidade condominial. “A gente realmente teve que se organizar a essa nova metodologia de trabalho, adaptando o nosso instrumento à situação atual e também tentar fazer com que os condôminos se acostumem com essa nova realidade, que o condomínio não é mais o mesmo. Não sei como será a vida pós pandemia, certamente sairemos fortes, fortalecidos, e com certeza mais unidos, porque as pessoas que moram em condomínio se tornam uma grande família, então a gente disseminando essa ideia de união, de tolerância, de respeito”.

Em busca da certificação profissional para função

O cargo de síndico é uma das funções mais essenciais dentro do condomínio, que funciona como um facilitador na gestão no ambiente condominial. Além de conhecimento sobre as melhores formas de atender as demandas condominiais, é preciso ter inteligência emocional para lidar com crises e resolver conflitos; conhecimento em áreas como administração, contabilidade, finanças, recursos humanos, direito trabalhista e demais questões jurídicas, dentre outros requisitos. Por ser uma profissão não regulamentada, não é exigido uma faculdade ou certificação básica para atuar como síndico profissional. Apesar disso, um certificado é considerado uma parte importante do processo de como se tornar um síndico profissional.

Renata Freire diz que é a primeira síndica do Brasil a ter duas certificações pela Fundação Getúlio Vargas e a de Síndico Cinco Estrelas. No Brasil, só existem 93 Síndicos 5 estrelas, o que segundo Renata, corresponde a 7% dos síndicos profissionais.  “No Brasil, eu fui a primeira a passar na prova da FGV. No Maranhão eu sou a única certificada. A profissão de síndico não é regulamentada. Em razão disso, fica muito difícil você identificar quais são os síndicos realmente qualificados para conduzir seu empreendimento. E como aqui no Maranhão nós não temos esse costume do síndico profissional, temos visto no mercado hoje muitos problemas em condomínios em razão do síndico não ser preparado. Geralmente são pessoas que são moradores, que não tem o tempo disponível, digamos assim, para se dedicar porque tem um trabalho e acabam não conduzindo a coisa alheia da maneira devida”.

No Brasil, eu fui a primeira a passar na prova da FGV. No Maranhão eu sou a única certificada. A profissão de síndico não é regulamentada. Em razão disso, fica muito difícil você identificar quais são os síndicos realmente qualificados para conduzir seu empreendimento

Com a profissionalização, Renata acredita que pode inspirar outras pessoas a buscarem também essa certificação. “Aqui a cultura da profissionalização do sindico ainda não chegou. A certificação é uma triagem, é um crivo. A nossa missão como primeira síndica certificada é realmente trazer essa mentalidade para que as pessoas se profissionalizem, busquem conhecimento, façam as certificações para testarem seu conhecimento e possam oferecer um síndico profissional de qualidade nos empreendimentos”.

Para obter o certificado os candidatos realizam um exame avaliativo de seus conhecimentos sobre a função de síndico com provas aplicadas por professores universitários que realizam avaliações de provas dos vestibulares das universidades federais com abrangência nacional. As provas são realizadas simultaneamente em todos as cidades participantes.

Aqui no Maranhão nós não temos esse costume do síndico profissional, temos visto no mercado hoje muitos problemas em condomínios em razão do síndico não ser preparado

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