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Covid-19: Índia vira novo epicentro e pode ultrapassar Brasil em casos

Com mais de 80 mil casos de covid-19 a cada 24 horas, o país de 1,3 bilhão de habitantes registra aumento em infecções e na média de mortes diárias e pode ultrapassar o Brasil nas próximas horas

Profissional de saúde usa cotonete para colher amostra de mulher suspeita de ter covid-19, em Hyderabad - (foto: Noah Seelam/AFP)

Nos últimos três dias consecutivos, a Índia registrou mais de 80 mil casos de infecção pela covid-19 a cada 24 horas — um número jamais alcançado por nenhum outro país desde o começo da pandemia. Entre sexta-feira e ontem, o país de 1,3 bilhão de habitantes contabilizou pelo menos 86 mil testes positivos para o coronavírus. Também ontem, a Índia tornou-se a terceira nação a ultrapassar 4 milhões, atrás dos Estados Unidos (6,2 milhões) e do Brasil (4,09 milhões). De acordo com o Centro de Pesquisas do Coronavírus da Universidade Johns Hopkins, a Índia acumula 4.023.179 casos de covid-19 e 69.561 mortes. Além de ser o país com maior número diário de contágios, detém a maior média de mortes diárias (mais de mil).

Sob condição de anonimato, um jornalista da cidade de Guwahati, no estado de Assam, disse ao Correio que os números altos refletem a testagem em massa para detecção do Sars-CoV-2, o vírus causador da covid-19. “A facilitação das medidas de restrição social, depois de meses, também levou as pessoas a saírem de suas casas em grandes quantidades, o que seria outra razão para esse aumento”, observou. Ele contou que alguns amigos desenvolveram sintomas da doença, mas conseguiram se recuperar. “É difícil para um país de 1,3 bilhão de pessoas se recuperar de uma pandemia. Creio que o governo do premiê Narendra Modi tem se saído bem no combate à covid-19. “Existe um aumento exponencial de casos a cada dia, mas, também, mantemos nossas taxas de mortalidade sob controle”, lembrou.

Em 24 de março passado, Modi decretou o confinamento total da população indiana por um período inicial de 21 dias, que acabou ampliado. “Fiquem em casa! Façam apenas uma coisa: fiquem em casa!”, recomendou o primeiro-ministro, na ocasião. Em todo o mundo, a pandemia da covid-19 infectou 26,7 milhões de pessoas e levou 876.563 à morte.

Na sexta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que não espera uma vacinação em massa contra o coronavírus antes de meados de 2021. “Um número considerável de vacinas candidatas já entrou na fase 3 de testes. Sabemos de pelo menos seis a nove que percorreram um longo caminho em termos de pesquisa”, declarou a porta-voz, Margaret Harris. “Mas, em termos de um cronograma realista, realmente não esperamos uma vacinação generalizada até meados do próximo ano”, acrescentou ela, à medida que os preparativos para a distribuição de uma vacina se aceleram, especialmente nos Estados Unidos.

O custo da futura vacina em desenvolvimento pelo laboratório francês Sanofi e o britânico GSK contra a covid-19 será de menos de 10 euros (ou R$ 62,5), embora não esteja totalmente definido, afirmou o presidente da Sanofi. Em declarações à rádio France Inter, Olivier Bogillot disse que, apesar de “todos os custos de produção estarem sendo medidos”, o custo da dose da vacina “será inferior a 10 euros”. Ele comemorou a “divisão dos riscos com os Estados”, o que permite os preços “mais baixos possíveis”.

Protestos

Em Roma, mil pessoas protestaram contra a obrigação de vacinar crianças em idade escolar ou de usar máscara. “Não à obrigação de vacinar, sim à liberdade de escolha”; “não às máscaras nas escolas, não ao distanciamento”; “a liberdade pessoal é inviolável”; e “viva a liberdade”, eram alguns dos slogans nos cartazes. O premiê italiano, Giuseppe Conte, tinha expressado sua posição dias antes da manifestação antivacina. “Mais de 274 mil doentes e 35 mil mortos (pelo coronavírus). Ponto final”, disse.

Na Indonésia, esta é a punição para quem não usar máscara

 (foto: Fahmi Dolli/AFP)crédito: Fahmi Dolli/AFP

Na Indonésia, os cidadãos flagrados sem máscara estão sujeitos a uma punição polêmica e constrangedora. Eles são obrigados a deitarem-se em um caixão, além de pagarem multa e prestarem serviços comunitários. “Dentro do caixão aberto, eles contam de 1 a 100. Então, em pelo menos um minuto, são aconselhados a refletirem sobre a violação. Com a covid-19, existe o risco de acabarem em um caixão de verdade”, explicou Budhy Novian, chefe de polícia da região leste de Jacarta. Enquanto as pessoas sem máscara são “convidadas” a permanecerem dentro de um caixão, depois de receberem o protetor facial, jornalistas e curiosos são estimulados a fotografá-los. As autoridades indonésias também têm simulado cortejos fúnebres para chamar a atenção da sociedade para a prevenção.

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