BELO HORIZONTE

Quilombola tem auxílio negado; Caixa informa que ele mora no exterior

Danilo Geraldo dos Santos, o Danilo Candombe, denunciou o caso nas redes sociais. Irmão também não recebeu o direito

Divulgação

O sistema que gerencia o auxílio emergencial do governo federal em meio à pandemia do novo coronavírus continua alvo de críticas. Desta vez, a denúncia parte do quilombola Danilo Geraldo dos Santos, o Danilo Candombe, que teve o direito negado sob a justificativa de que ele mora no exterior. O problema? O homem nunca viveu fora do Brasil.

Danilo, de 36 anos, mora na Comunidade Quilombola do Açude, na Serra do Cipó, ao lado do irmão. Os dois tiveram o auxílio negado, mas sob justificativas diferentes. Enquanto a de Danilo foi de que ele vive no exterior, o irmão não teve o cadastro aprovado por não informar que morava com o parente. O problema é que, segundo relatos de Candombe, não havia espaço no sistema para preenchimento da informação.

“É muito triste. Porque lá na Serra do Cipó eu conheço pessoas que receberam, mas esses R$ 600 não fazem diferença na vida delas. Pessoas que nunca precisaram colocar comida dentro de casa. A minha revolta não é só porque não recebi, mas essa injustiça”, afirma.

“Conheço outras pessoas que estão em situação parecida com a minha. Não é todo mundo que tem oportunidade de conversar com um jornalista para expor o caso, infelizmente”, completa. Danilo afirma que esteve no exterior entre outubro e novembro do ano passado. Ele diz ter saído legalmente do país para apresentar oficinas em Portugal, Espanha e Alemanha.

“Foi a primeira vez que saí do país. Isso foi ano passado, 2019. Não tinha pandemia, covid-19, muito menos auxílio emergencial. Nunca ganhei dinheiro alto. E olha que quando falo ‘alto’ é mais que 5 mil. Sou autônomo”, conta. A Comunidade Quilombola do Açude está localizada no município de Jaboticatubas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Em meio à injustiça, Danilo se apega às conquistas de seu povo para ressaltar as barreiras que precisou superar na vida. “Fui o primeiro da família a pisar em uma universidade. Nosso quilombo é reconhecido por pessoas famosas e foi homenageado pelo Milton Nascimento, a partir de composição do Flávio Henrique e do Chico Amaral”, explica.

Outro lado

A reportagem procurou a assessoria de imprensa da Caixa Econômica Federal em Minas Gerais por volta das 11h50 deste sábado (6). O banco informou que avaliação dos critérios de elegibilidade é da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev), entidade ligada ao Ministério da Economia.

“A Caixa informa ainda que a área de segurança do banco realiza o monitoramento e mapeamento de ocorrências, em colaboração com os órgãos de Segurança Pública competentes com o objetivo de coibir eventuais ocorrências de fraude”, completou o banco. A reportagem procurou o Ministério da Economia por volta das 14h30 e aguarda posicionamento. 

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