DIA ESPECIAL

Dia das Mães: um amor fortalecido pelo autismo

Mãe conta como tem sido os dias com seus filhos nesse momento de isolamento social

Isabela Lemos e seu filho Marcos Leonardo

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) se trata de uma série de condições caracterizadas por desafios com habilidades sociais, comportamentos repetitivos, fala e comunicação não-verbal, assim como por forças e diferenças únicas de um indivíduo. Alguns exemplos de transtornos que fazem parte do espectro são: a Síndrome de Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento.

Para algumas mães que têm filho com o espectro, a maternidade vai além de um abraço, uma conversa ou uma brincadeira. Em entrevista ao O Imparcial, Isabela Lemos, mãe do Marcos Leonardo e da Maria Laura, conta a sua história.

“Foi um susto muito grande no começo, pois eu não sabia nada sobre o assunto e em minha família não havia nenhum caso, então foi um momento de muitas incertezas. Meu filho estava prestes a completar dois aninhos quando veio o diagnóstico positivo da neurologista”, afirma Isabela Lemos, de 29 anos, mãe do Marcos Leonardo, carinhosamente chamado de Marquinhos, de 6 anos, diagnosticado com transtorno leve do espectro autista.

Isabela e seu filho Marcos Leonardo

A partir desse dia, a vida de Isabela mudou completamente e ela definiu seu projeto de vida: ser forte pelo filho. Para ela, os primeiros sinais foram os movimentos repetitivos da criança que começaram aos nove meses. “Como era mãe de primeira viagem, não percebi que os movimentos repetitivos que ele começou a fazer aos nove meses não eram comuns, fui alertada por parentes, mas só resolvi ir ao médico mesmo após um bom tempo. Fora os movimentos, que hoje sei que são estereotipias, o desenvolvimento dele foi normal”, diz.

Dificuldades da quarentena

Após o diagnóstico, Isabela logo resolveu levar Marcos para a terapia ocupacional e também outras atividades. Contudo, a mãe explica que por conta desse momento de isolamento social teve que dar uma pausa, passando a ficar integralmente com seus filhos, o que para Marcos foi difícil, já que houve uma quebra em sua rotina.

“Assim que veio o diagnóstico de Síndrome de Asperger iniciamos com terapia ocupacional, fonoaudióloga e psicóloga. Além desses, ele também fez um pouco de equoterapia e terapia aba. Porém, por conta da pandemia, tivemos que parar. Com marquinhos tem sido bem difícil esse período, houve quebra da rotina e isso é extremamente difícil para ele, então estamos lendo livros, fazendo receitas e brincando de jogos educativos, isso, claro, quando ele está disposto”, ressalta.

Marcos Leonardo, Isabela e Maria Laura

Para a mãe esse momento de isolamento social exige muito carinho, amor, atenção e disposição. “Preciso de muita disposição e paciência para levar esses dias com leveza, às vezes conseguimos, às vezes nem tanto, mas estamos vivendo dia após dia tentando nos manter sãos e salvos dentro de casa. É muito difícil você querer que uma criança de seis anos, cheia de energia pra gastar fique presa 24h por dia dentro de casa, a todo momento sou questionada de quando vamos fazer aquela viagem, quando iremos ao shopping, ao parquinho ou quando ele irá ver o primo novamente, ir a escola e brincar com seus amiguinhos”, fala.

Isabela também relata que nesse momento o principal desafio na maternidade de uma criança com o espectro é o comportamento opositor, que se caracteriza com a desobediência ou postura desafiadora. “Apesar de Marcos ter um grau leve, os desafios são muitos, principalmente no que se refere a manias e comportamento opositor”, afirma.

Vitórias

Aos 28 anos Isabela teve sua segunda filha, Maria Laura, que agora com 6 meses tem cada dia mais sido o xodó do seu irmão Marcos Leonardo. “A relação deles dois é maravilhosa. Tive muito medo pois ele foi filho único por cinco anos e sabemos que pra ninguém é fácil, mas ele me surpreendeu e hoje é apaixonado pela irmã”, diz.

A mãe também conta que desde o nascimento de Maria Laura, Marcos muito naturalmente cresceu, passando a ter independência em muitas coisas que até então ainda não havia conquistado. Além disso, com sua irmã, ele está aprendendo a dividir, principalmente a atenção da mãe, sendo também mais cuidadoso e carinhoso com ela.

Para Isabela, Marcos tem conquistado muitas vitórias, cada dia com uma nova aprendizagem, principalmente nas relações sociais.  “Uma das características marcantes do TEA é justamente a dificuldade das relações sociais e desde que ele entrou na escola só tem melhorado, ele gosta de estar com os amigos, participa das brincadeiras, gosta de sair para passear, essas coisas tão comuns aos neurotípicos, para eles tão complexas” diz.

Maria Laura nos braços do pai Marcos Viégas, Isabela e Marcos Leonardo

Além disso, a mãe também deixa claro que inteligência o filho tem demais. “Coisas complexas para quem está fora do espectro ele tira de letra, como por exemplo aos dois aninhos ele já sabia todo o alfabeto em inglês e português, conhecia todas as capitais do país, aos três anos aprendeu a ler sozinho e entre tantas outras incríveis para idade. Ele ama cantar, é especialista em fazer vídeos com efeitos e muito humor, tirar fotos, é onde ele se encontra, o que o deixa mais tranquilo e à vontade”, ressalta.

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