45 ANOS DEPOIS

Livro sugere que Raul Seixas entregou Paulo Coelho à ditadura

No Twitter, Paulo Coelho afirma que já sabia do caso. “Fiquei quieto por 45 anos”.

Reprodução/Internet

Um novo livro sobre a trajetória do maluco beleza, Raul Seixas: Não diga que a canção está perdida, do jornalista Jotabê Medeiros, com lançamento previsto para 1° de novembro, revela que o cantor pode ter colaborado com os militares para a prisão e a tortura do escritor Paulo Coelho, em maio de 1974.

De acordo com as informações do livro, Raul havia sido chamado para prestar depoimento ao Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e ligou para o amigo Paulo Coelho para ajudá-lo a dar esclarecimentos sobre as músicas que fizeram juntos. Contudo, essa não era a primeira vez que Raul visitava o orgão. Havia um curto intervalo entre a ida com o escritor e uma anterior, fato que Paulo ignorava. 

Ainda segundo o autor do livro, Raul ficou cerca de meia hora na sede do orgão e retornou tentando dar algum recado cifrado ao amigo, que o estava aguardando. Paulo não entendeu a mensagem, e, no interrogatório, foi indagado sobre o libreto do disco Krig-ha, Bandolo!, disco lançado em 1973 com parcerias de Paulo e Raul que já tinha vendido mais de 100 mil cópias.

No mesmo dia, a polícia prendeu a namorada do escritor, Adalgisa Rios, e, no dia seguite, após liberá-lo, capturou-o em um táxi e o levou para um local desconhecido, onde sofreu torturas por duas semanas. 

As suspeitas do escritor foram lançadas com base em documento obtido junto ao Arquivo Público do Rio de Janeiro, que revela que o Dops acreditava que Paulo Coelho, para além das letras incômodas ao regime, fosse membro do Partido Comunista Brasileiro Revolucinário (PCBR), grupo armado de combate à ditadura. O mesmo documento afirma que “por intermédio do referido cantor”, ou seja, Raul Seixas, teria sido possível chegar até Paulo e Adalgisa. 

O escritor Fernando Morais, autor de uma biografia sobre Paulo Coelho, garante que o biografado, na época, não era ligado a nenhum grupo clandestino e provavelmente nem soubesse do que se tratava.

Em nota publicada em seu perfil no Twitter, nesta quarta-feira (23/10), o escritor se manifestou sobre a divulgação das suspeitas: “Fiquei quieto por 45 anos. Achava que levava segredo para o túmulo”.

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