Atentados no Ceará deixam o Maranhão e o Nordeste em vigília
Forças federais de segurança vão intervir para conter onda de violência; coronel da Polícia Militar do Maranhão comenta o caso
O Ministério da Justiça e da Segurança Pública, capitaneado por Sérgio Moro, autorizou nesta sexta-feira (4), o envio de tropas da Força Nacional de Segurança Pública para o Ceará, após a série de atentados que assombra o estado nordestino desde a noite de quarta-feira (2), quando ataques criminosos coordenados ocorreram em diversos pontos da capital Fortaleza e em cidades do interior. No total, 300 agentes e 30 viaturas devem atuar no estado pelos próximos 30 dias.
A onde de terror deixou o Nordeste em atenção, e segundo o coronel Jorge Luongo, comandante da Polícia Militar do Maranhão, as forças de segurança estadual observam a situação. “É claro que é preocupante por se tratar de um estado vizinho, mas por aqui esse de ação está sob controle. Mesmo assim, estamos olhando atentamente o que ocorre no Ceará”, afirmou ao jornal O Imparcial.
Cerca de 70 integrantes da Força Nacional que estavam no Rio Grande do Norte e 30 em Sergipe já se dirigiram para a capital cearense, a pedidos do governador local Camilo Santana (PT). “Às 15h [desta sexta-feira] nós estamos deslocando mais 88 homens num Hércules 630 da Força Aérea Brasileira e durante a madrugada um Boeing 767 vai levar o restante dos 300 homens que o nosso governador do estado do Ceará pediu. E mais 30 viaturas estão iniciando comboio para Fortaleza no dia de hoje. Acredito que em 48h elas estejam lá”, afirmou o secretário nacional de Segurança Pública, Guilherme Teophilo.
O secretário disse também que equipes de inteligência têm acompanhado a situação do Ceará desde o ano passado, após a morte de um líder criminoso conhecido como GeGê do Mangue.
ATAQUES
Desde quarta-feira (2), ataques vêm sendo registrados na região metropolitana de Fortaleza e no interior do estado. Segundo último balanço divulgado pela Secretaria de Segurança Pública, foram registrados incêndios, crimes e episódios de depredação de estruturas públicas em diversos bairros de Fortaleza. Também foram identificados ataques com veículos em três cidades da região metropolitana (Guaiuba, Pindoterama e Horizonte).
No interior, as forças de segurança estaduais foram informadas de crime contra estruturas públicas em nove cidades: Pacatuba, Acaraú, Aracoiaba, Jaguaruana, Morada Nova, Morrinhos, Massapê, Piquet Carneiro e Tianguá. Entre as ocorrências foram registrados ataques contra agências bancárias, prédios públicos e veículos.
De acordo com o governo do estado, até o momento, 45 pessoas foram presas ou apreendidas por participação nos atos. Hoje, após reunião entre órgãos do Executivo e de outros poderes, como o Ministério Público estadual, a administração anunciou medidas de reação à ofensiva, como a nomeação de 220 agentes penitenciários e de 373 policiais do último concurso realizado.
Em entrevista à Agência Brasil, o defensor público Carlos Castelo Branco afirmou que as causas da ofensiva precisam ser apuradas, mas lembrou que os ataques começaram após o novo secretário estadual de administração penitenciária, Luís Mauro de Albuquerque, ter anunciado endurecimento contra presos e ter dito não reconhecer facções criminosas.
Na entrevista coletiva hoje, o secretário nacional de Segurança Pública não foi assertivo sobre as causas, mas apontou relação com a disputa entre grupos criminosos.
“Para quem trabalha com segurança pública, só tem mais violência ou aumento da taxa de homicídio onde tem uma disputa entre as facções no território. Como no estado do Ceará nós temos Comando Vermelho, PCC [Primeiro Comando da Capital], GDE [Guardiões do Estado], Família do Norte e tantas outras, há ainda uma disputa muito grande por territórios. E é isso o que eles fazem”, disse.
*Com informações da Agência Brasil