A vida fora do Brasil: histórias de maranhenses no exterior
Dois maranhenses que estão fora do Brasil falam sobre a decisão de sair do país para estudar, trabalhar e sair da zona de conforto
Pode procurar: qualquer conteúdo disponível na internet que mostre um brasileiro vivendo uma rotina de outro país, recebe milhares, ou até milhões, de visualizações. Não por serem conteúdos que utilizam qualquer tipo de apelação para chamar atenção, mas por despertar uma curiosidade genuína na maioria de nós sobre como é viver hábitos e costumes que não são os que nos foram ensinados desde sempre.
Essa curiosidade se manifesta de forma diferente em cada pessoa. Para Vinicius Aquino, maranhense e recém-formado, ter a condição de fazer intercâmbio foi uma oportunidade de amadurecer pessoal e profissionalmente. “O interesse sempre existiu, desde a adolescência, mas deixei para planejar quando eu terminasse a faculdade”, conta.
“Estou morando em Montreal, Canadá, há algumas semanas, mas parece que estou aqui há meses”, disse ele, ressaltando que ver a Basílica de Notre-Dame de perto foi uma das melhores experiências até aqui. “Outra coisa que me chama atenção é a educação das pessoas em qualquer situação. São muito educados. Você esbarra na pessoa na rua e ela que te pede desculpa”, contou.
Mesmo sem estar há muito tempo no Canadá, Aquino já passou tempo suficiente para viver uma situação bastante curiosa. “No meu primeiro dia inteiro na cidade, entrei no ônibus certo, mas não lembrava o ponto que devia descer. Minha cara de cachorro assustado fez um senhor vir conversar comigo e tentar me localizar. Eu só tinha um papel dizendo o nome da rua e da casa em que queria ir. Sem muito progresso, apesar de todo esforço do senhor, saltei no primeiro ponto que apareceu e fui pedir um help no posto de gasolina do lado do ponto de ônibus. Lá, gaguejando um inglês medroso, expliquei a situação e a moça que trabalhava no posto, depois de muito tentar entender o inglês e pra onde eu queria ir, chamou um táxi e mais: ela pagou o táxi. O altruísmo das pessoas é algo bonito de ver”, contou.
Se em algumas semanas uma situação assim já chamou atenção, imagina para quem mora há mais de um ano na Austrália? A jornalista Raquel Soares foi para o outro lado do mundo para estudar inglês, mais precisamente em Townsville na Austrália, e garante que além de todas as histórias curiosas que tem para contar, a experiência de viver a cultura de outro país é pessoalmente engrandecedora.
“Todo dia é um aprendizado diferente. Pode parecer exagero, mas pela minha experiência até aqui eu posso dizer que mudei completamente como pessoa. Eu vim pra cá como alguém que não estava feliz no trabalho e que valorizava muito coisas materiais. Só agora eu consigo ver o quanto eu tinha uma noção equivocada do mundo e da vida. Foi preciso sair completamente da minha zona de conforto, da minha segurança pra abrir meus olhos. Não é fácil, passei muita vergonha com inglês ruim no começo, muito aperreio. Mas hoje mudei de profissão, domino inglês e nunca estive tão feliz”, conta.
Vale a pena?
Ok, fazer intercâmbio deve, mesmo, ser uma experiência incrível, mas será que vale a pena? A resposta de Vinícius Aquino é positiva, mas reforça que não é uma escolha barata. “Sem dúvidas, indico que quem puder fazer, faça. Mas só se a pessoa tiver capacidade financeira, pois não é barato. Apesar de Montreal ser uma das cidades mais “baratas” da América do Norte, não vai sair barato vir e se manter, seja por quanto tempo for. Mas até agora valeu todo e qualquer esforço, só por abrir sua mente pro mundo e absorver a maior quantidade de informação sobre tudo, de diferentes pontos de vista, diferentes mesmo”, afirma.
O caso de Raquel não é de intercâmbio, mas de quem largou tudo no Brasil e arriscou sair da zona de conforto: “Eu posso dizer que esta foi a melhor decisão que tomei até aqui. Mudou minha forma de ver a vida, mudou meus valores. Hoje sou muito mais tranquila e realizada. A dica que eu dou pra quem deseja ter a mesma experiência é vir de cabeça e coração abertos pro novo. Também é preciso aceitar que as coisas vão mudar e nem sabe pra melhor, então é preciso ter paciência. Organização é importante porque são muitos documentos, muitos papéis. O mais importante é aproveitar cada dia e tirar o máximo que puder do momento”.