Emprego

Saiba como reduzir o tempo de busca por um novo emprego

Cerca de 40% dos desempregados no país levam um ano para se reposicionar; confira dicas de especialistas para reduzir esse intervalo

Foto: Reprodução

O fechamento de empresas e postos de trabalho e o aumento no número de desempregados, além de um mercado que não apresenta sinais de recuperação acelerada são, ao mesmo tempo, efeitos da crise e também fatores que contribuem para que ela perdure. Perdidos nesse cenário, estão 13,5 milhões de brasileiros em busca de recolocação profissional, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com cada vez menos vagas e mais concorrentes, a morosidade para conseguir uma oportunidade pode ser bastante desanimadora.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Trimestral do IBGE mostram que esse intervalo tem se tornado consideravelmente longo. No último trimestre de 2016, mais da metade dos desocupados estavam em busca de um emprego há menos de um ano. Para uma parcela expressiva, porém, o problema é mais antigo: cerca de 20% dos participantes do estudo procuravam trabalho há pelo menos dois anos; e 19%, há pelo menos um ano.

Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, observa que a situação tem se acirrado. “No último trimestre de 2016, 50,9% procuravam trabalho há até um mês — praticamente o menor valor da série: esse percentual chegou a 55% em 2015 e em 2013. As faixas de tempo de procura menores estão se reduzindo, então as maiores, de mais de um ano, aumentam”, diz. “Isso é um reflexo da crise e, quanto mais gente na fila, mais o intervalo em busca de uma posição se dissipa”, explica.

“É uma situação preocupante, pois mexe com a vida das pessoas. A taxa de desocupação brasileira era expressiva desde antes da recessão e aumentou com ela. O índice é elevado inclusive em comparação com o cenário internacional.” Segundo Azeredo, As dificuldades são ainda maiores para certos grupos, como mulheres, negros e jovens, além das pessoas com baixa escolaridade. No Distrito Federal, dos 228 mil desempregados, 22% estavam desocupados há pelo menos um ano e 28%, há pelo menos dois anos no período da pesquisa.

João Ricardo Carneiro, 34 anos, faz parte dessa estatística e tem enviado currículos há um ano e meio, “sem retorno”. Ele atuou como técnico-residente, prestando serviço de telefonia institucional, terceirizado na Câmara dos Deputados durante oito anos, mas perdeu a posição por causa de um corte de gastos. “Trocaram o efetivo mais antigo usando a renovação e a redução de custos como argumento”, lembra. Com um curso de administração incompleto, ele não teve condições de continuar a faculdade sem o salário. Enquanto busca uma recolocação, chegou a trabalhar, sem contrato formal, na área comercial de uma escola de inglês por dois meses, mas teve de sair depois que o estabelecimento trocou de dono.

“Estou bastante desmotivado — afinal, as empresas não estão contratando, mas, sim, demitindo — e sou pessimista com relação às chances de a crise passar: acho que só haverá melhora em longo prazo”, opina ele, que vendeu o carro para se manter. “Está muito difícil encontrar trabalho e vejo pessoas com pós-graduação aceitando empregos em que vão ganhar apenas um salário mínimo”, conta. É por isso que João Ricardo tem pensado em outro tipo de saída e estuda a possibilidade de trabalhar no exterior.

“Não vejo muito futuro aqui. No Canadá e nos Estados Unidos, há mais oportunidades e retorno financeiro, mesmo que seja em trabalhos braçais”, compara ele, que fala inglês e pretende fazer um curso complementar para alcançar fluência. Para o consultor de carreira Emerson Weslei Dias, diretor de Liderança e Gestão de Pessoas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), é compreensível o desânimo de pessoas que estão há meses em busca de emprego. “A crise está aí e, quanto mais o tempo passa, mais as energias minguam”, comenta. Contador com MBA em gestão de pessoas e mestrando em gestão de negócios, Emerson pondera, porém, que se abater não é o caminho.

“Toda crise, inevitavelmente, é cíclica. Vai passar, só não sabemos quando”, observa o autor da série de livros O inédito viável. “Tentar trabalhar no exterior pode dar certo, mas existe um risco, pois há muitas barreiras. Então é importante explorar territórios diferentes dentro do país e até considerar outras áreas de atuação, onde a competência do profissional pode ser útil, antes disso”, recomenda.

A gestora de carreira Madalena Feliciano, diretora da Outliers Careers e do Instituto Profissional de Coaching, garante que, mesmo num período crítico como o atual, “tem jeito de achar emprego, sim”. Administradora e master coach, ela cita a desmotivação e a baixa autoestima como fatores que podem prejudicar a recolocação. “Esta é a hora de ficar em dia com você mesmo. Acredite que existem oportunidades e descubra quais são os seus talentos”, estimula. Emerson Weslei Dias ressalta que, dificilmente, as maneiras de encontrar emprego se esgotam.

“Tem gente que está desanimada, mas pensou em três ou quatro jeitos ou apenas mandou currículos e deixou por isso mesmo, sem fazer follow-up, ou seja, ligar de volta e perguntar sobre a possibilidade de uma vaga”, percebe. Carla Weisz, professora de MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV) e autora do livro O dono da história, explica que há muito a fazer na jornada para encontrar um trabalho. “Procurar emprego é uma busca ativa e, para isso, a pessoa precisa ser protagonista. Não espere o emprego certo bater em sua porta, movimente-se, assuma a responsabilidade, crie oportunidades, leia, estude. Por fim, tenha clareza de seus propósitos e habilidades: eles ajudarão você a se orientar.”

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