VIOLÊNCIA

Por que fazemos justiça com as próprias mãos?

Em três meses foram registrados quatro casos de linchamento em São Luís. É a violência gerando violência.

Reprodução

Casos de linchamento voltam a ser notícia em São Luís. Na última segunda-feira, dia 13, um homem – ainda não identificado e suspeito de praticar assaltos – foi linchado por moradores no Jardim América. Esse, porém, não foi o primeiro caso de linchamento na capital maranhense este ano. No início de março, Bruno Carlos Silva por pouco não foi linchado por moradores no Turu. Ele tinha praticado um assalto nas intermediações do bairro.

E os casos não param por aí. Em janeiro, Ismael Rocha, acusado de cometer assaltos, foi morto por populares em frente a um restaurante na Vila Conceição. Logo no primeiro dia do ano, Jadiel Pinheiro foi linchado por moradores do bairro do São Raimundo por estar envolvido com facções da região.

Apesar de serem casos diferentes que envolvem situações e pessoas diversas, todos têm em comum a reação violenta de pessoas comuns, revoltadas, que tentam corrigir a violência com a própria violência. O ato de fazer justiça com as próprias mãos. Mas afinal, o que leva as pessoas a cometerem tais atos?

Segundo a psicóloga Marina Rodrigues, a intolerância e a sensação de vulnerabilidade desperta nas pessoas a vontade de cometer atos de violência com as próprias mãos. “A violência desperta na população uma sensação de medo e com o aumento da criminalidade as pessoas se veem vulneráveis. Então, há a percepção de que o Estado é ausente e ineficiente, despertando nas pessoas a vontade cometer atos violentos, já que há essa sensação de que estamos sozinhos, sem proteção. Com isso, cria-se na cabeça a ideia de que resolver o problema dessa forma talvez resolva a situação. O que não é bem assim” afirmou.

O filósofo Aristóteles dizia que “A base da sociedade é a justiça”. O problema é que muitos confundem justiça com vingança. Dessa forma, nessas situações muitas pessoas acabam confundindo os termos e praticando mais violência sem saber das consequências, porque acreditam que tais atos irão, de alguma forma, resolver os problemas. Mas o que acontece com quem faz justiça com as próprias mãos?

Reagir com violência é crime

Segundo Leonardo Diniz, superintendente da Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (SHPP), os acusados de praticar linchamento são indiciados por homicídio e respondem pelo processo na Justiça. “O linchamento nada mais é do que um homicídio e a investigação dos acusados é feita da mesma forma que em todos os casos. Quando conseguimos identificar o acusado, esse responde por homicídio e passa por todos os processos que são considerados de praxe. A única dificuldade está no fato de que geralmente esses crimes são praticados por várias pessoas, o que torna mais complicada a individualização da autoria”, afirmou.

Caso emblemático

Como exemplo disso, temos o caso emblemático de Cleidenilson Pereira da Silva, que em 2015, foi linchado e morto a socos e pontapés, chocou o Maranhão e despertou a atenção do Brasil para esse tema. Seis de nove acusados pelo linchamento responderam por homicídio duplamente qualificado, em razão cruel e sem chance de defesa, além disso, os acusados devem ir a júri popular.

Segundo o delegado Cláudio Barros, da Delegacia de Homicídios (SHPP), cerca 12 pessoas foram identificadas e indiciadas e o caso seguiu para a Justiça. Porém o segundo o promotor de Justiça, Cláudio Cabral, não há registros desse caso no Tribunal de Justiça do Maranhão, e ainda declarou, que provavelmente este inquérito não foi concluído.

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