Polícia libera primeiro suspeito e intensifica busca a autor de atentado
O criminoso, dirigindo um caminhão, avançou em alta velocidade contra um dos mercados de Natal mais movimentados de Berlim
A polícia alemã seguia buscando intensamente nesta quarta-feira o autor do massacre no mercado de Natal de Berlim, que deixou 12 mortos e foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI). Na noite de terça-feira (20), a polícia libertou um suspeito que havia sido detido na segunda pouco depois do crime a dois quilômetros do local.
Os investigadores tentam identificar e localizar o criminoso que, dirigindo um caminhão, avançou em alta velocidade contra um dos mercados de Natal mais movimentados de Berlim, matando 12 pessoas e ferindo 48, 14 das quais estão entre a vida e a morte.
Seis dos mortos são cidadãos alemães, indicou a polícia, que segue trabalhando para identificar os demais.
O suspeito detido na segunda-feira, um solicitante de asilo paquistanês, que chegou à Alemanha em fevereiro de 2016, foi libertado após várias horas de interrogatório, da inspeção de sua casa e de outras investigações que acabaram com todas as suspeitas.
Isto significa que “uma ou várias pessoas” responsáveis pelo atentado “estão foragidas” com “uma arma”, sem dúvida a que serviu para matar o motorista polonês do caminhão utilizado para o massacre, que foi encontrado morto na cabine do veículo, indicou o chefe da polícia, Klaus Kandt.
Há “boas pistas” e “muitos elementos” para que a investigação avance e que o autor do massacre seja preso, declarou André Schulz, presidente do BDK, um dos principais sindicatos de policiais.
“Estou muito otimista que poderemos apresentar, talvez amanhã (quarta-feira) ou em breve, um novo suspeito”, disse Schulz ao canal de televisão alemão ZDF.
A polícia não investiga de “mãos vazias”, disse, por sua vez, o ministro do Interior, Thomas de Maizière, para tranquilizar a população. São examinados mais de 500 indícios, entre eles as amostras de DNA encontradas no caminhão, imagens de câmeras de vigilância e testemunhos, indicou a polícia.
“Todos os efetivos disponíveis” estão trabalhando para encontrar o autor do atentado, disse um investigador ao jornal Bild.
O caminhoneiro polonês encontrado morto na cabine, aparentemente de quem o criminoso roubou o caminhão, provavelmente tentou evitar um massacre pior se agarrando no volante do veículo, segundo os meios de comunicação.
A necropsia demonstrou que o caminhoneiro polonês de 37 anos, assassinato com vários tiros na cabine, estava vivo no momento em que o veículo avançou contra o mercado de Natal, segundo fontes da investigação citadas pelo jornal Bild. O corpo deste homem de 120 quilos tinha marcas de luta e de facas.
O polonês Ariel Zurawski, dono da empresa que empregava o caminhoneiro, precisou reconhecê-lo a partir de uma foto do cadáver.
“Era possível ver marcas de espancamento, é evidente que resistiu. Seu rosto estava ensanguentado, inchado. Tinha um ferimento de arma branca”, contou Zurawski.
A chanceler alemã, Angela Merkel, classificou rapidamente de terrorista este ataque, que lembra o atentado de 14 de julho em Nice, sudeste da França, que deixou 86 mortos.
O governo reforçou as medidas de segurança em Berlim, ao mesmo tempo em que instalava um debate sobre a necessidade de proteger as praças públicas com blocos de cimento ou a conveniência de que existam patrulhas militares nas cidades, como é feito em outros países europeus.
Paralelamente, a extrema-direita alemã aumentou suas críticas a Merkel, em particular contra sua política migratória, considerada muito generosa.
A extrema-direita convocou uma manifestação nesta quarta-feira diante da sede da chancelaria em Berlim.
“São os mortos de Merkel”, declarou na terça-feira Marcus Pretzell, um dos principais dirigentes do Alternativa para Alemanha (AfD), o partido de extrema-direita que registrou um crescimento espetacular nas últimas eleições regionais.
O massacre foi registrado na Igreja Memorial, um dos símbolos da capital alemã. Os extremistas preconizam a utilização de veículos, em particular caminhões, para atacar os “ímpios”.
Até agora, a Alemanha não havia sofrido um atentado em grande escala com mortos, mas ocorreram vários ataques lançados por indivíduos isolados e várias tentativas frustradas.