O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu, ontem, a redução do foro privilegiado. Ele disse que a medida, junto com a alteração no sistema de recursos, faria a Justiça ser mais rápida. A quantidade de pessoas que têm direito ao foro — 22 mil autoridades — precisa ser revista, segundo Janot.
O procurador não se disse seguro quanto à extinção completa do privilégio. Ele citou preocupação se, por exemplo, o presidente da República respondesse a inquéritos “do Ceará ao Rio Grande do Sul”. “Mas o foro tem que ser reduzido”, disse a jornalistas em café da manhã na cobertura da Procuradoria-geral da República (PGR), em Brasília.
“Nós chegamos a este ponto da investigação: envergamos a vara. Se ela não prossegue e ela volta, ela volta chicoteando todo mundo.”
O procurador disse que a Lava-Jato não vai acabar com a corrupção, que é antiga e atinge o setor privado e estatal em todo o mundo. O objetivo é limitar o pagamento sistêmico de propina em atos de lavagem de dinheiro.
Na quinta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que há um “pacto quase diabólico” entre o Ministério Público, o Judiciário e a imprensa para persegui-lo com investigações. Janot desconversou. “Posso dizer que não sou religioso”, afirmou.
Para o chefe do Ministério Público da União, a reação de “centros de poder” político e econômico é natural em grandes investigações, como a Lava-Jato.
“Óbvio que, em investigações desse porte, quando você toca em centros de poder político e econômico, deve ser até autopreservação, que impõe uma reação desses centros de poder”, destacou.