va arrancada do dólar, que chegou a encostar nos R$ 3,50 durante o pregão de ontem e fechou o dia cotado a R$ 3,392, despertou, no Palácio do Planalto, o temor de que o Banco Central (BC) pode ser obrigado a suspender o processo de redução da taxa básica de juros (Selic) ou diminuir o ritmo de corte. Se o movimento de valorização da moeda americana se prolongar, haverá pressões sobre a inflação.
O consenso no mercado é de que o BC reduzirá os juros em 0,25 ponto percentual no fim de novembro, para 13,75% ao ano. Mas, diante das incertezas provocadas pela eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos e dos ruídos políticos internos, a política monetária mergulhou em um clima de incerteza.
Para assessores do presidente Michel Temer, é importante que a autoridade monetária mantenha o corte dos juros iniciado em outubro, para incentivar a confiança na economia e reduzir o custo do crédito no país a fim de estimular as concessões com taxas mais atrativas. O Planalto contava com a reação da atividade e o início da geração de empregos no segundo semestre deste ano, mas a recessão continua prevalecendo.
Não à toa, o Ministério da Fazenda já reduziu de 1,6% para 1% a projeção de crescimento da economia para 2017. “Entramos em uma zona cinzenta”, disse um auxiliar de Temer. “A torcida é para que, passado o pânico inicial provocado pela eleição de Trump, o mercado volte à normalidade e o BC mantenha o corte de juros”, assinalou o técnico palaciano.
Risco político
Além das preocupações com o processo de retomada da economia, assessores palacianos temem que o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman Benjamin recomende a cassação da chapa Dilma-Temer, sem separação de presidente e vice. Benjamin é o relator das ações na Corte e há boato de que seu voto não deve demorar a se tornar público.
Os técnicos que assessoram Temer explicaram que essa possibilidade pode aumentar a volatilidade nos mercados, com queda da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) e alta do dólar. (AT)