SAÚDE

Pesquisa revela a ação do HPV no homem

Os resultados apontam que os homens brasileiros têm mais infecções por HPV do que mexicanos ou norte-americanos

Uma pesquisa em andamento há 11 anos com mais de quatro mil voluntários do Brasil, Estados Unidos e México, revelou como o papilomavírus humano (HPV) atua no organismo masculino. De acordo com o estudo Human Papillomavirus Infection in Men (HIM), homens de 18 a 70 anos de idade apresentam infecções pelo vírus na região genital com frequências elevadas e constantes ao longo da vida[i].
Os resultados apontam que os homens brasileiros têm mais infecções por HPV do que mexicanos ou norte-americanos. Em torno de 72% dos brasileiros apresentam HPV na região genital, comparado a 62% dos mexicanos e 61% dos americanos[ii].
Os tipos de HPV mais frequentemente encontrados até o momento nos homens foram o HPV 6 (associado à maioria das verrugas genitais) e o HPV 16 (associado a uma proporção significativa de tumores de pênis, ânus e suas lesões precursoras)1. É importante notar que o Brasil foi o país que registrou as maiores taxas de infecção por HPVs de baixo e alto risco oncogênico1.
Segundo Luisa Lina Villa, pesquisadora líder do estudo no Brasil, “o HIM é a maior investigação sobre a história natural das infecções por HPV em andamento desde 2005 e reafirma a importância da inclusão da vacina contra esse vírus no sistema público de saúde também para homens, para preveni-los das infecções e doenças causadas por diversos tipos de HPV.
Em torno de 5% dos homens que têm infecções por HPV desenvolvem verrugas genitais. Isso ocorre em todas as faixas etárias, sendo mais frequente nos mais jovens (18 a 30 anos de idade)[iii]. Em geral, esse grupo tem múltiplas parceiras (ou parceiros) sexuais, e não está em relacionamentos estáveis3. O estudo também aponta que a incidência do câncer de pênis é três vezes maior em homens brasileiros do que norte-americanos, por exemplo. Há diversos fatores para que isso aconteça, estando entre eles as elevadas taxas de infecção por HPV, hábitos sexuais, a falta de circuncisão, higiene e, principalmente, o acesso restrito à saúde pública”, esclarece Luisa Villa.
De acordo com o urologista Roberto José Carvalho da Silva, integrante do grupo de pesquisadores brasileiros, ”muito se estudou sobre o HPV nas mulheres e pouco se sabia do impacto do vírus na saúde masculina. Com o estudo, ampliamos nosso conhecimento sobre fatores de risco, aquisição, persistência e indução do HPV para verrugas genitais e lesões pré-cancerosas em homens. A partir de agora, será possível afirmar o que já sabíamos na prática e embasar cientificamente a legitimidade de oferecer também aos homens brasileiros a vacinação gratuita contra o HPV”.
Prevenção do HPV
O estudo HIM vem revelando, desde 2005 quando a pesquisa teve início, que a maioria dos tipos de HPV encontrados em verrugas genitais em homens brasileiros, americanos e mexicanos são preveníveis por meio da vacinação contra o HPV[iv], atualmente disponibilizada gratuitamente pelo Programa Nacional de Imunizações no Brasil para meninas de 9 a 13 anos e de 9 a 26 anos vivendo com HIV[v]. A partir de 2017, meninos de 12 a 13 anos também poderão se vacinar gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) como anunciado pelo Ministério da Saúde no dia 11 de outubro. Confira a apresentação.
“Entretanto, para alcançar a redução das infecções e dos tumores causados pelos tipos mais frequentes de HPV, temos que nos empenhar para alcançar elevadas taxas de cobertura”, diz Luisa Villa. De fato, esse é o grande desafio que a maioria dos países que não adotaram a vacinação em base escolar está enfrentando, já que são poucos aqueles que conseguem vacinar mais da metade de sua população-alvo, como Austrália, por exemplo, onde já se registra a erradicação de verrugas genitais entre adolescentes e mulheres jovens vacinadas[vi].
Em 2013, a Austrália foi o primeiro país a incluir os meninos na vacinação contra o HPV, mesmo obtendo altas taxas de cobertura na vacinação de meninas. Cada vez mais países estão adotando uma política para vacinar meninos e meninas contra o HPV em seus programas nacionais de imunização como EUA, Israel, Panamá e Áustria. Outros países introduziram a vacinação em âmbito subnacional, como México, Canadá e Itália.
Brasil
A vacinação pública contra o HPV está abaixo da cobertura esperada em todas as regiões do Brasil. Em 2015, 44,3%[vii] das meninas de 9 a 11 anos tomaram a segunda dose, o que deixa a população mais vulnerável à infecção. “Um grande esforço de conscientização e esclarecimento da população e dos profissionais da saúde vem sendo feito para alcançar as elevadas taxas obtidas para a primeira dose da vacina”, destaca a pesquisadora
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