Pesquisa sobre a formação de mão de obra divulgada hoje (19) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o Brasil precisará qualificar 13 milhões de trabalhadores em ocupações industriais nos níveis superior, técnico e de qualificação até 2020.
O Mapa do Trabalho Industrial 2017-2020, elaborado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), é uma projeção sobre as necessidades de qualificação do trabalhador da indústria para o período.
Segundo o estudo, será necessário formar 625,4 mil profissionais no ensino superior, mas as maiores demandas serão por formação de técnicos e qualificação técnica, somando 5,1 milhões de trabalhadores. Outros 7,1 milhões deverão ter qualificações básicas.
Os setores que mais vão demandar formação profissional serão: construção (3,8 milhões de trabalhadores); meio ambiente e produção (2,4 milhões); metal/mecânica (1,7 milhão); e alimentos (1,2 milhão). Vestuário e calçados; tecnologias de informação e comunicação; energia; veículos; petroquímica e química; madeira e móveis; papel e gráfica; mineração; pesquisa, desenvolvimento e design estão entre os outros setores com grande demanda.
Para o diretor-geral do Senai e diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Rafael Lucchesi, o Brasil precisa de um modelo de educação que favoreça o desenvolvimento econômico e social, a exemplo do que é feito em países desenvolvidos. “Temos um grave problema na matriz educacional brasileira. O ensino médio brasileiro está indo no caminho errado e vale fazer essa reflexão”, disse, defendendo a reformulação do ensino médio que está em discussão no Brasil.
A proposta de reestruturação do ensino médio possibilitará que o aluno escolha diferentes trilhas de formação e formação técnica. “No Brasil, apenas 12% da população adulta têm ensino superior e é importante enxergarmos a formação profissional como um caminho importante para a inserção no mercado e para manter a empregabilidade das pessoas que têm acesso à requalificação”, disse Lucchesi.
Na Áustria, 76,8% dos jovens procuram educação profissional
Segundo a CNI, em países como a Áustria, por exemplo, 76,8% dos jovens procuram a educação profissional. O diretor-geral do Senai conta que lá, três vezes mais jovens cursam a universidade e isso não impede que haja um elevado número de jovens na educação profissional. Na Alemanha, 51,5% dos jovens fazem educação profissional e na França, 44,3%.
“A reforma vai na direção correta do que os principais países, desenvolvidos e emergentes têm feito com um sistema de ensino médio mais diversificado e flexível. Isso melhora a qualidade da educação, o nível de engajamento do jovem nessa atividade e o resultado final”, disse.
A demanda por formação até 2020 inclui a requalificação de profissionais que já estão empregados e aqueles que precisam de capacitação para ingressar em novas oportunidades no mercado de trabalho. Segundo Lucchesi, 28% são empregos novos e 72% são demandas por aperfeiçoamento e requalificação.
A maior necessidade por profissionais capacitados em ocupações industriais se concentra no Sudeste, Sul e Nordeste, alinhada com a participação dessas regiões no Produto Interno Bruto (PIB – a soma de todas as riquezas produzidas pelo país).