O Ministério da Saúde anunciou, na terça-feira, dia 25, a compra de 3,5 milhões de teste rápido para identificar o zika vírus. Está prevista a distribuição de dois milhões de kits até o final deste ano, e o restante será compartilhado até fevereiro de 2017.
A tecnologia confirma, em 20 minutos, se o paciente está ou já foi infectado pelo zika vírus em algum momento da vida. Ou seja, com a tecnologia, será possível identificar o vírus no organismo, independentemente do tempo de infecção.
A produção do insumo será feita pelo laboratório público Bahiafarma. Atualmente, o teste ofertado no Sistema Único de Saúde (SUS) é o PCR (biologia molecular), que só detecta a doença durante no período de viremia, quando o vírus está presente na corrente sanguínea.
Ao todo, foram investidos R$ 119 milhões para a aquisição dos testes sorológicos, com projeção para garantir o abastecimento da rede por um ano. A negociação com a Bahiafarma permitiu a compra no valor unitário de R$ 34, quase quatro vezes menor que o valor proposto por outra empresa do mercado, de R$ 131,75 por teste.
O teste será realizado em pessoas que tiverem sintomas da doença e com indicação médica, sendo que as gestantes e crianças terão preferência. “Além de ser rápido, este é o primeiro teste de zika que permite a detecção pregressa da infecção pelo vírus. Isso é muito importante para cuidar da população que mais precisa, por isso a prioridade são as gestantes e as crianças”, enfatizou o ministro da Saúde, Ricardo Barros.
Teste
O diagnóstico produzido pela Bahiafarma é composto por duas tiras portáteis em que são depositadas as amostras de soro dos pacientes a serem analisadas. A primeira tira vai identificar infecções recentes, de até duas semanas, anteriores à realização do exame. A segunda vai identificar se a pessoa foi infectada há mais tempo, tudo isso em 20 minutos.
Com essa maior agilidade no resultado, o tratamento pode ser iniciado imediatamente, tornando-se mais eficaz, já que o contágio pode ser confirmado assim que surgem os sintomas da doença. “Os parâmetros obtidos pelo teste da Bahiafarma na Anvisa e no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde foram acima de 90%. Isso assegura a qualidade do teste que traz um diagnóstico mais complexo, já que é possível detectar tanto a infecção imediata quanto a passada”, explicou Ronaldo Dias, presidente da Bahiafarma.
Ações permanentes
A compra do teste rápido faz parte da estratégia permanente do Ministério da Saúde de enfrentamento ao Aedes aegypti e chega antes do verão, período de maior circulação do vetor e, consequentemente, das doenças transmitidas por ele, como zika, dengue e chikungunya.
Os recursos federais destinados à Vigilância em Saúde, Piso Fixo de Vigilância em Saúde (PFVS), para a transferência aos estados, municípios e Distrito Federal que incluem as ações de combate ao Aedes aegypti cresceram 39% nos últimos anos (2010-2015), passando de R$ 924,1 milhões para R$ 1,29 bilhão em 2015.
E, no ano de 2016, houve um incremento de R$ 580 milhões, chegando a R$ 1,87 bilhão. Além disso, o Ministério da Saúde contou com apoio extra do Congresso Nacional, por meio de emenda parlamentar, no valor de R$ 500 milhões.
Balanço
O Brasil registrou, até 17 de setembro, 200.465 casos prováveis de zika, o que representa uma taxa de incidência de 98,1 casos a cada 100 mil habitantes. Foram confirmados laboratorialmente, em 2016, três óbitos por zika no País. Em relação às gestantes, foram registrados 16.473 casos prováveis.
A transmissão autóctone do vírus foi confirmada a partir de abril de 2015, com a confirmação laboratorial no município de Camaçari (BA). O Ministério da Saúde tornou compulsória a notificação dos casos de zika em fevereiro deste ano. Desde então, estados e municípios vinham preparando seus sistemas de registros para encaminhar estas notificações ao Ministério da Saúde. Antes disso, o monitoramento do vírus era realizado por meio de vigilância sentinela.
A Região Sudeste teve 83.151 casos prováveis da doença, seguida das Regiões Nordeste (74.190); Centro-Oeste (29.875); Norte (11.928); e Sul (1.321). Considerando a proporção de casos por habitantes, a Região Centro-Oeste fica à frente, com incidência de 193,5 casos/100 mil habitantes, seguida do Nordeste (131,2); Sudeste (97,0); Norte (68,3); Sul (4,5).