MUDANÇAS

Os 20 anos da urna eletrônica no Brasil

O país foi um dos pioneiros na adoção desses equipamentos e realiza atualmente o maior processo eleitoral informatizado do mundo

O Brasil completa duas décadas de uso das urnas eletrônicas nas eleições municipais deste ano. O país foi um dos pioneiros na adoção desses equipamentos e realiza atualmente o maior processo eleitoral informatizado do mundo. Há pouco mais de duas semanas do pleito, mais de 144 milhões de eleitores utilizarão aproximadamente 530 mil urnas eletrônicas para escolher prefeitos e vereadores em 5.570 municípios.
O Estado do Maranhão é o 11º maior colégio eleitoral brasileiro, com 4.611.247 eleitores aptos a votar nas eleições 2016, representando 3,14% do eleitorado do país.
No processo eleitoral deste ano, serão utilizadas 19.947 urnas eletrônicas no Maranhão. Deste total, já foram distribuídas 18.553, para as 111 zonas eleitorais que compõem o mapa eleitoral do Estado. Das respectivas zonas, elas seguem para os 217 municípios maranhenses, sendo levadas para os locais de votação apenas na véspera da eleição, devidamente lacradas e programadas para uso apenas a partir das 8h do dia 2 de outubro.
Nos dois maiores colégios eleitorais serão utilizadas 2.918 urnas, sendo 2.228 em São Luís e 690 em Imperatriz. Já na cidade de Loreto, pertencente a 62ª zona eleitoral, receberá o menor número, com apenas 64 urnas.
Com a implementação cada vez em maior escala ao longo destes 20 anos, o sistema da urna eletrônica passou por uma verdadeira evolução tecnológica até chegar ao sistema de biometria. Para o secretário de tecnologia da informação do TRE-MA, Gualter Lopes, todo esse processo implica em maior segurança e transparência.
“O fato mais evidente, que chama mais atenção nos dias de hoje é a questão da identificação biométrica do eleitor, geralmente segurança acompanha tecnologia. O desenvolvimento tecnológico permite implementar mais segurança no processo, foi isso que aconteceu. Com a possibilidade de dotar as urnas eletrônicas com leitores biométricos e a realização das revisões biométricas, de inserir os dados dos eleitores no cadastro eleitoral, permitiu tirar uma identificação do eleitor que era feita totalmente de forma subjetiva para uma identificação feita pela própria urna, através do reconhecimento do eleitor pela digital”, afirmou.
Em todo o Maranhão, nas eleições que se aproximam, serão aproximadamente 2,1 milhões eleitores que utilizarão o sistema biométrico de votação em 44 municípios maranhenses. O percentual representa quase 50% do eleitorado do Estado. O TRE-MA reforça que o sistema de biometria agrega segurança tanto no processo de identificação do eleitor como no processo de depuração de cadastro eleitoral.
“Antes esse processo era feito através de batimentos dos dados biográficos do eleitor, ou seja, era utilizado o nome do eleitor, data de nascimento, nome da mãe para ver se encontrava duplicidade ou até indícios de fraude. Isso dava uma brecha na utilização de documentos falsos por alguma pessoa que quisesse ter mais de um título e nesse caso você não tinha como identificar, a pessoa era a mesma, mas o dado biográfico era diferente. Nesta mesma situação com a biometria, os nomes podem até ser diferentes mas o dedo não mudou, a digital é a mesma, na hora que eu faço o batimento biométrico, eu identifico que apesar dos dados biográficos serem diferentes, se trata do mesmo eleitor, ou seja, trata-se de uma fraude”, explicou o secretário de tecnologia da informação do TRE-MA, Gualter Lopes.
História
De 1996 para cá, o equipamento já passou por cinco modificações até chegar ao modelo atual. Hoje, a máquina inventada no Brasil é referência para processos eleitorais em todo o mundo. Países como Paraguai e Argentina já utilizaram urnas brasileiras.
Tecnologia brasileira
O modelo eletrônico para registro dos votos começou a ser desenvolvido na década de 1960, por Sócrates Ricardo Puntel. A ideia era de que o equipamento evitasse fraudes no processo, assim como erros de dupla contagem, problemas comuns na época em que cada eleitor declarava seu voto nas cédulas.
Antes do modelo eletrônico de urna que é utilizado hoje, equipamentos de outros materiais chegaram a ser testados, como: madeira, metal e lona. No tempo do Império e nos primeiros anos da República, não havia cédula oficial e os votos eram registrados em qualquer papel e, em seguida, depositados em uma caixa de madeira. A legislação da época possibilitava ainda que o eleitor simplesmente declarasse sua escolha em voz alta.
A informatização também tornou o processo de apuração dos votos mais rápido: antes da meia-noite do dia da votação, a Justiça Eleitoral divulga o resultado da eleição. Na última eleição geral a utilizar somente o sistema manual, o pleito de 1994, o nome do presidente da República só foi anunciado depois de 36 dias de apuração e consolidação do resultado. Nas últimas eleições gerais, em que também foi usado o sistema biométrico, cerca de sete horas depois do fim da votação, o nome do presidente eleito foi anunciado.
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