JUNHO
Feijão, manteiga e leite elevam o custo da cesta básica
A cesta básica em São Luís custou R$ 368,49 – em maio ela tinha ficado a R$ 360,12 – um aumento equivalente a 2,32%
Em junho, o custo do conjunto de alimentos básicos aumentou em 26 das 27 capitais do Brasil, de acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). As maiores altas ocorreram em Florianópolis (10,13%), Goiânia (9,40%), Aracaju (9,25%) e Porto Velho (8,15%). A única diminuição aconteceu em Manaus, -0,54%.
São Paulo foi a capital que registrou o maior custo para a cesta (R$ 469,02), seguida de Porto Alegre (R$ 465,03) e Florianópolis (R$ 463,24). Os menores valores médios foram observados em Natal (R$ 352,12) e Rio Branco (R$ 358,88).
Entre janeiro e junho de 2016, todas as cidades acumularam alta. As maiores variações foram observadas em Goiânia (25,59%), Aracaju (23,22%) e Belém (19,13%). Os menores aumentos ocorreram em Manaus (4,41%), Curitiba (6,31%) e Florianópolis (9,24%).
Em junho de 2016, a cesta básica em São Luís custou R$ 368,49 – em maio ela tinha ficado a R$ 360,12 – um aumento equivalente a 2,32%. A capital maranhense continua sendo a sétima capital com menor custo entre as 27 pesquisadas pelo DIEESE.
Com base na cesta mais cara, que, em junho, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em junho de 2016, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 3.940,24, ou 4,48 vezes mais do que o mínimo de R$ 880,00. Em maio, o mínimo necessário correspondeu a R$ 3.777,93, ou 4,29 vezes o piso vigente.
Cesta Básica x salário mínimo
Em junho de 2016, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 101 horas e 09 minutos, maior do que a jornada calculada para maio, de 97 horas.
Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em junho, cerca de metade dos vencimentos (49,98%) para adquirir os mesmos produtos que, em maio, demandavam 47,93%.
Comportamento dos preços
Em junho, três alimentos tiveram aumento em todas as capitais: feijão, leite e manteiga. Houve predominância de alta no café em pó, arroz e batata, pesquisada na região Centro-Sul. Já o óleo de soja e o tomate tiveram o valor reduzido na maior parte das cidades.
O feijão seguiu em alta, com variações positivas em todas as capitais. As taxas verificadas para o tipo carioquinha, pesquisado nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e em São Paulo, foram expressivas: variaram entre 16,48%, em Macapá, e 106,96%, em Aracaju. O feijão preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, aumentou um pouco menos: 12,92%, em Curitiba, 13,83%, em Porto Alegre, 20,54%, no Rio de Janeiro, 25,72%, em Vitória e 29,72%, em Florianópolis. O clima influenciou na qualidade do grão e, com isso, o preço no varejo subiu desde o início do ano. A cultura do feijão também perdeu espaço para a soja e houve diminuição da área plantada. Em junho, os aumentos foram maiores e o Brasil passou a importar feijão na tentativa de suprir a demanda. No entanto, quase nenhum outro país produz feijão carioquinha. Por fim, a safra irrigada, que começa em julho, pode começar a normalizar a oferta.
O valor do leite aumentou em todas as cidades, devido ao período de entressafra e aos altos custos de produção. As maiores elevações ocorreram em Florianópolis (26,54%), Porto Alegre (19,05%), Campo Grande (15,95%), Palmas (15,23%) e Curitiba (15,19%). As menores taxas foram observadas em Aracaju (0,27%), Manaus (0,30%), Belém (0,43%) e Boa Vista (0,79%).
O preço da manteiga também subiu em todas as capitais, com destaque para Campo Grande (23,90%), Macapá (22,64%) e Goiânia (17,52%). As indústrias de laticínios disputaram o pouco leite ofertado no mercado, o que elevou ainda mais o preço dos derivados lácteos.
O preço da batata seguiu em alta em 10 das 11 cidades do Centro-Sul, onde o produto é pesquisado. As variações oscilaram entre 5,22%, em Brasília, e 49,04%, em Florianópolis. A única redução foi observada em Cuiabá (-3,98%). O clima segue diminuindo a produtividade das colheitas da batata, o que manteve a trajetória altista verificada nos últimos meses.
O valor do arroz aumentou em 23 cidades, com destaque para Porto Velho (10,46%) e Rio Branco (9,94%); ficou estável em Florianópolis e Recife e; diminuiu em Salvador (-1,95%) e Manaus (-1,04%). A baixa oferta foi ocasionada pela redução da produção, retenção dos estoques por parte dos orizicultores, com o objetivo de elevar o preço, e pela demanda firme das indústrias produtoras de arroz, o que resultou na alta do preço do quilo no varejo.
O café em pó teve o preço elevado em 23 capitais, com variações entre 0,69%, em Belém e 5,24%, em Maceió. As reduções foram registradas em Belo Horizonte (-1,39%), Brasília (-0,59%), Goiânia (-0,52%) e Palmas (-0,19%). Clima desfavorável, diminuição da produtividade e negociações lentas no mercado de café elevaram o preço do pó no varejo.
O preço do óleo de soja diminuiu em 23 cidades, com retrações que variaram entre -6,28%, em Florianópolis, e -0,28%, em Vitória. O valor ficou estável em São Paulo e aumentou em Belém (0,23%), Salvador (0,83%) e Rio Branco (3,13%). A valorização do real diante do dólar e as chuvas que beneficiaram a colheita de soja reduziram o valor do grão no mercado interno.
O tomate teve o valor reduzido em 23 cidades. As maiores quedas foram registradas em Salvador (-26,01%) e João Pessoa (-24,31%). Já as altas foram observadas em Porto Alegre (14,85%), Florianópolis (14,41%), Rio Branco (1,43%) e Campo Grande (1,33%). Demanda retraída, grande quantidade ofertada e frutos manchados pelo clima reduziram o preço do tomate.
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