COMBATE A VIOLÊNCIA

Operação busca suspeitos de estupro coletivo de jovem no Rio de Janeiro

Serão cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão. Adolescente de 16 anos relatou ter sofrido os crimes no Morro São José Operário, em Jacarepaguá

Uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro cumpre, nesta segunda-feira, dia 30, mandados judiciais relacionados à investigação da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV) sobre os crimes sofridos por uma adolescente de 16 anos. A jovem relatou ter sofrido um estupro coletivo no Morro São José Operário, em Jacarepaguá, zona Oeste da capital, na semana passada.
De acordo com a polícia, os mandados são de prisão e de busca e apreensão. Entre os procurados estão Lucas Perdomo Duarte Santos, 20 anos, apontado como namorado da vítima, Raí de Souza, que admitiu ter divulgado o vídeo, entre outros. A Operação é coordenada pelos delegados de Polícia Cristiana Onorato (titular da DCAV) e Ronaldo de Oliveira (diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada). Na ação, a polícia também deve apreender aparelhos celulares e computadores.
A pedido da advogada da jovem, a Polícia Civil passou a investigação do caso para a Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV). “A medida visa evidenciar o caráter protetivo à menor vítima na condução da investigação, bem como afastar futuros questionamentos de parcialidade no trabalho”, explicou um comunicado da corporação. No início da noite desse domingo, dia 29, a defensora Eloísa Samy Santiago foi dispensada pela família da garota.
“Desrespeitada”
Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, a adolescente afirmou que está recebendo ameaças pela internet e que se sentiu desrespeitada na delegacia onde prestou dois depoimentos. “Quando vim à delegacia, não me senti à vontade em nenhum momento. Acho que é por isso que as mulheres não fazem denúncias”, disse a adolescente.
Ela também reclamou da exposição durante o depoimento e da indiscrição dos policiais. Segundo ela, ao ser interrogada, havia três homens dentro da sala, incluindo o delegado Alessandro Thiers, então encarregado do caso. “A sala era de vidro e todo mundo que passava via. Ele (o delegado) botou na mesa as fotos e o vídeo, assim, expostos e me falou: ‘Conta aí’. Não perguntou se eu estava bem, como estava me sentindo, se tinha proteção. Ele perguntou se eu tinha o costume de fazer isso (sexo grupal), se gostava de fazer isso.” A adolescente afirma que, a partir desse momento, não respondeu mais às perguntas. Nenhum representante da polícia do Rio foi encontrado para comentar as declarações.
Em entrevista ao programa Domingo Espetacular, da TV Record, ela reiterou que o estupro coletivo aconteceu. A jovem confirmou ter ido a um baile e, em seguida, para a casa de um ex-namorado, onde dormiu. Quando acordou, já estava sendo violentada. Mesmo “gritando e chorando”, disse, os rapazes não paravam. “Acordei em um ambiente diferente, com um homem embaixo de mim, um em cima, dois segurando na minha mão. Várias pessoas rindo de mim e eu dopada. Vou morrer. Pronto, acabou, pensei.”
A jovem relatou ter contado ao menos 28 rapazes no ambiente, muitos deles armados. “Era uma casa abandonada, só tinha uma cama, nem lençol tinha, uma geladeira e uma cômoda”, disse. Contou ainda desconhecer os homens que a violentaram e disse só reconhecê-los “de vista”. O ato só terminaria dez minutos depois de ela ter recuperado os sentidos, quando um amigo teria entrado no local e pedido que parassem.
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