Declarações e comemorações dos deputados federais durante a votação do encaminhamento do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT) ao Senado Federal repercutiram negativamente no meio político e na internet. Até mesmo do lado de quem defende o impedimento da presidente, críticas à atuação dos parlamentares se intensificaram desde o domingo.

A coletânea de discursos desrespeitosos, sem nexo com a denúncia em análise, repleta de ataques a adversários políticos foi classificada de vergonhosa por especialistas. Os piores momentos da sessão de domingo reuniram homenagens a torturadores, cusparada e até troca de agressões entre parlamentares.

“Foram cenas abomináveis”, traduz a cientista política da PUC de São Paulo Rosemary Segurado. Segundo ela, alguns parlamentares perderam os limites necessários para um representante eletivo. “O que aconteceu domingo expressa bem o que é a configuração do Congresso Nacional. Os parlamentares trouxeram declarações conservadoras, torturadoras e até homofóbicas em suas justificativas e se esqueceram de que também representam o povo brasileiro”, afirmou Rosemary.

Para o professor da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Caldas no entanto, as performances não chegaram a provocar espanto, uma vez que já se previa a aprovação do relatório na Câmara e a maior parte dos parlamentares aproveitou o momento de fama para mirar as eleições de 2018. “Cada parlamentar ali estava falando para o seu eleitorado, os discursos eram voltados para as eleições de 2018”, afirmou o professor. “Sintaticamente, ficou claro que houve um alto descontentamento em relação ao governo, um descontentamento claro e manifesto em relação ao governo representado por 367 deputados.”