DEMOCRACIA?

Manifestação contra o impeachment lota a Avenida Paulista

A palavra de ordem mais gritada na manifestação, convocada pela Frente Brasil Popular, é “não vai ter golpe”, repetida por locutores que falam ao microfone

Manifestação

A manifestação contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff reúne milhares de manifestantes na Avenida Paulista, em São Paulo. Às 17h30, os participantes, predominantemente vestidos de blusas vermelhas, ocupavam desde a Rua da Consolação até a Avenida Brigadeiro Luís Antônio, em um total de 11 quarteirões.

Várias lideranças discursam, do alto de carros de som, ao lado do Museu de Arte de São Paulo (Masp). A palavra de ordem mais gritada na manifestação, convocada pela Frente Brasil Popular, é “não vai ter golpe”, repetida por locutores que falam ao microfone nos intervalos do show do cantor Chico César, que anima os presentes. A organização confirmou a presença do ministro da Casa Civil, Luiz Inácio Lula da Silva no final do ato, por volta das 19h30.

“Este é um ato de todas as entidades brasileiras, de homens e mulheres que defendem a democracia, que defendem o direito de expressão, as liberdades individuais. Que não defendem o ódio, que não constroem o ódio na sociedade. Não é um ato de única classe social e não é um ato de uma única etnia. É um ato de todos os brasileiros e brasileiras”, disse o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Wagner Freitas.

“O golpe é contra os trabalhadores. Todas as vezes que os trabalhadores têm alguns direitos conquistados, a direita tenta acabar com a democracia, acabar com o direito de manifestação para que os trabalhadores não possam, na democracia, fazer greve, avançar nos seus direitos e conquistas”, disse Freitas.

O presidente da CUT criticou alguns veículos de comunicação e o juiz federal Sérgio Moro. Segundo Freitas, está sendo construída no país uma “ditadura de toga e um golpe contra a democracia”.

“ Moro está dando entrevistas provocando o ato que está aqui, juiz é para julgar, não é para ser ator, não é para ser entidade política. Nós somos contra a ditadura da toga, elegemos pessoas para nos representar. Quem quer ter o direito de representação que dispute as eleições. É muito ruim que você tenha uma parcela da mídia e uma parcela do Poder Judiciário construindo um golpe contra a democracia”.

O diretor nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Gilmar Mauro, disse estar preocupado com a situação política brasileira e com grupos incitando a violência e a guerra. “Nós queremos dizer com muita tranquilidade, não nos interessa a guerra. Nós não queremos a guerra porque não interessa para os trabalhadores que vão ser os mais prejudicados como sempre. Quem está incitando a guerra normalmente foge e a guerra fica para o povo brasileiro”, disse Mauro.

De acordo com o diretor, o movimento irá lutar pela via democrática até o “limite do limite”. Mauro disse que o MST não fugirá da guerra. “Nós vamos sim esticar a luta democrática até o limite do limite. Mas nós não fugiremos da guerra. É isso que a gente quer dizer. Porque a democracia nos custou caro e, se estão rasgando a Constituição Brasileira, neste momento, nós a faremos novamente e defenderemos nas ruas”, disse.

A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, destacou que a manifestação de hoje conta com a participação de muitos estudantes e jovens. “Os atores que defendem o impeachment não estão preocupados com o futuro da juventude”, afirmou.

“Os políticos que querem derrubar a presidenta Dilma por meio de um processo de impeachment, sem base legal, não estão preocupados com o futuro da juventude. A juventude não está preocupada com esse Fla-Flu da política, está preocupada com o seu futuro, com futuro de mais direitos e mais esperança, o movimento estudantil liderado pela une está aqui”, acrescentou.

Pelo país
Na capital federal, manifestantes a favor do governo Dilma Rousseff e contra o processo de impeachment estão reunidos no Museu da República, no início da Esplanada dos Ministérios. O ato é organizado pela Frente Brasil Popular, e os manifestantes levam cartazes com frases de apoio a Dilma e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e contra o que chamam de “golpe”.

“Esse é um ato em defesa da democracia, contra o golpismo e o fascismo que está explodindo no país. Estamos defendendo a mudança de discurso no Congresso, que pare de discutir só o golpe e que encaminhe avanços nos direitos da classe trabalhadora”, disse o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores do Distrito Federal (CUT-DF), Rodrigo Rodrigues.

No Rio de Janeiro, a manifestação contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff reúne manifestantes na Praça XV, no centro da cidade. Eles carregam cartazes e defendem a permanência da presidenta. Os manifestantes também fazem um ato de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “Ministro Lula estamos com você”, diz um dos cartazes. Também há faixas pedindo a saída do presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha. #ForaCunha #FicaDilma, pedem os cartazes.

Para a atriz Letícia Sabatella, que participa do ato no Rio, o objetivo em comum entre todos os movimentos presentes nas manifestações de hoje é a luta pela democracia e o combate à corrupção, mas não a que atinge apenas um grupo. “Vamos fazer uma reforma política, vamos lutar por esta reforma para que a gente limpe todos os focos de corrupção. E não apenas pegar um bode expiatório e dizer que esse é o grande corrupto. Vamos olhar onde está a corrupção, ver porque ela existe e porque o sistema funciona desta maneira”, afirmou.

Em Salvador, militantes, estudantes e representantes de centrais sindicais e movimentos sociais da Bahia realizam um ato contra o impeachment desde o início da tarde de hoje (18) em Campo Grande, região central da cidade. Segundo a Polícia Militar, mais de 50 mil pessoas acompanharam a passeata que seguiu em direção à Praça Castro Alves.

Adesivos com a frase “Nao ao golpe” e máscaras satirizando o juiz Sérgio Moro (que aparece com um nariz de tucano, em referência ao PSDB) foram distribuídos entre os manifestantes que seguiram em caminhada cantando e tocando tambores.

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