Ex-presidente da CNBB pede respeito à Constituição
Nós não vamos apoiar simplesmente a troca de governos, de pessoas interesseiras, que estão apenas querendo se apossar porque são carreiristas”, disse durante cerimônia religiosa
Embora não haja uma posição oficial do conjunto do episcopado brasileiro sobre a crise política, Dom Geraldo Lyrio defendeu que como cidadão, cada bispo tem o direito de expressar seu pensamento livremente. Na entrevista revelou, no entanto, que o assunto deve figurar nas discussões da CNBB. “A conjuntura nacional será um ponto forte das discussões da próxima assembleia-geral da CNBB, no início de abril, e existe a possibilidade de posições serem assumidas de forma oficial”, disse.
Dom Geraldo Lyrio foi presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de 2007 a 2011. Declarando-se sem posição político-partidária, o bispo ressaltou que o povo brasileiro é o mais sacrificado no atual momento e que muitas soluções propostas são voltadas a interesses pessoais e não da nação. “Esperamos que o direito prevaleça, que não se ultrapasse aquilo que é da Justiça, que as instituições possam ser preservadas e que a Constituição seja respeitada”, afirmou.
A Agência Brasil lembra que em dezembro do ano passado, quando o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), autorizou a abertura do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, a Comissão Brasileira Justiça e Paz, da CNBB, divulgou nota questionando os motivos do parlamentar.
Nos últimos dias, circulou nas redes sociais um vídeo do bispo dom Ailton Menegussi, da Diocese de Crateús (CE), em que apresentou aos fiéis sua posição contra o impeachment. “Nós não vamos apoiar simplesmente a troca de governos, de pessoas interesseiras, que estão apenas querendo se apossar porque são carreiristas”, disse durante cerimônia religiosa.
Na manhã de quinta-feira, dia 24, o arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, foi agredido por uma mulher no fim da Missa do Crisma, que abriu as celebrações da Páscoa na Catedral da Sé, em São Paulo. Antes da agressão, ainda durante a missa, a mulher chamou Dom Odílio de comunista e disse que aquela Igreja não podia ser dirigida por pessoas como ele.