SAÚDE

Dengue afeta a vida das empresas brasileiras

Com proporções epidêmicas, a doença saltou da 42ª para a quinta posição, no ano passado, entre as causas de afastamento do trabalho

Empresa - doença - zika

Um dos principais problemas de saúde pública hoje no país, a dengue está afetando de forma significativa a vida das empresas. Em 2015, a doença foi a quinta causa de afastamento do trabalho entre funcionários de grandes companhias. Cerca de 2,5% dos empregados, em média, foram acometidos pela patologia, de acordo com pesquisa da consultoria Gesto Saúde e Tecnologia. No ano anterior, a enfermidade aparecia na 42ª posição na lista dos principais motivos para as faltas, com 1% dos casos.

Na maioria dos casos, no ano passado, os trabalhadores infectados ficaram ausentes de cinco a sete dias. Em situações mais graves, os afastamentos chegaram a um mês. Em 2014, a soma das licenças foi de 65 dias — o equivalente a um funcionário ficar três meses parado, considerando os dias úteis. O número saltou para 253 no ano passado. É como se, a cada 50 funcionários com a doença, um não tivesse trabalhado durante todos os dias úteis do ano, contabiliza a Gesto. “O impacto disso pode ter sido o equivalente a cinco empregados ficando o ano inteiro sem trabalhar”, analisa o diretor comercial e de marketing da Gesto, Fábio Diogo.

De acordo com o Ministério da Saúde, o país registrou o recorde de 1.649.008 casos prováveis de dengue no ano passado, número 178% maior que o de 2014. E a doença não mostra sinais de trégua. Até o início de março, foram 495.266 ocorrências, um aumento de quase 50% em relação ao mesmo período de 2015. Para o presidente da Federação Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços de Limpeza e Conservação (Febrac), Edgar Segato Neto, “a situação é alarmante”. “Em minha empresa, apenas no mês de março, os atestados por dengue correspondem a 50% do total. Em todo o setor de limpeza, essa proporção chega a 30%”, afirma. Somente em fevereiro, em um condomínio para o qual a empresa de Segato presta serviços, em Goiânia, dos seis trabalhadores designados para o local, apenas um não pegou dengue.

As ausências ao trabalho aumentam muito os custos operacionais da empresa, conta o presidente da Febrac. “Para não prejudicar o cliente, tive que mandar outras pessoas para substituir as que estavam em falta. Isso causa um transtorno danado na prestação do serviço diário, até que os novos aprendam a rotina. Sem falar do lado financeiro, devido aos gastos com treinamento, supervisão, vale-transporte e alimentação dos substitutos.”

Assistência

Os números registrados pelo governo federal não colocam a dengue entre as 20 doenças que mais acometem trabalhadores, mas é inegável o aumento de casos. De janeiro a novembro de 2015, foram providos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) 1.185 auxílios-doença para portadores da enfermidade. Foi quase o dobro dos 657 benefícios registrados no ano anterior, segundo dados do Ministério do Trabalho e Previdência. Vale lembrar que, na maioria das vezes, são as empresas que arcam com o custo das ausências, uma vez que o auxílio só começa a ser pago após 15 dias de afastamento, o que não é a regra nos casos de dengue.
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